O Vasco foi eliminado da Copa do Brasil sub-20 após duas derrotas para o Atlético-MG e por conta disso não poderá conquistar a competição. Porém, engana-se quem pensa que a participação do cruzmaltino na segunda competição mais importante da categoria não rendeu bons frutos. Jogadores como Marlone e Romário só conseguiram carimbar o passaporte no time de cima após atuações de gala na citada competição.
Além deles, outros jogadores também se destacaram e chamaram a atenção da torcida vascaína. Neste sentido se encaixam o goleiro Jordi e os atacantes Marquinhos e Guilherme Morano. Apesar de Jordi ter alcançado a Seleção e Marquinhos praticamente garantir uma vaga no elenco profissional de 2013, não é a história deles que iremos contar nesse texto.
Contratado em 2011, Guilherme Morano é um exemplo de como a geração 92 foi prejudicada pelo antigo treinador da equipe de juniores. Assim como Luciano, Elivelton, Andrey, Arthur e Cícero (esse da geração 93), Morano sofreu com a preferência da antiga comissão técnica por atletas mais jovens e passou meses sem atuar pelo Gigante da Colina. A falta de oportunidades fez com o mesmo pedisse para ser emprestado e disputasse o Campeonato Carioca de 2012 com a camisa do Bangu. Apesar de não ter atuado em nenhuma partida, Morano adquiriu experiência e voltou ao Vasco mais maduro, disposto a dar a volta por cima, recuperar o seu espaço e apresentar o futebol que o levou a ser convocado para as Seleções de Base.
Graças ao pedido de Sorato, atual técnico do 'Trem-Bala' versão juniores, Morano retornou e não decepcionou. Demonstrando vontade e faro de gol, o jovem de 20 anos foi titular em dois jogos da Copa do Brasil e terminou a competição como artilheiro do cruzmaltino. Vale frisar ainda que ele só não disputou os outros jogos por conta de uma lesão. Fato que foi bastante lamentado por Sorato durante entrevista ao programa 'Só dá Vasco'.
A boa fase levou Guilherme ao time profissional e o fez ser relacionado para uma partida do time de São Januário no Campeonato Brasileiro. Ciente de que precisará manter o ritmo para continuar recebendo chances no time de cima, Morano conversou conosco e revelou detalhes de sua carreira e o que pretende fazer para conquistar seu espaço no elenco principal do Vasco.
Confira uma entrevista exclusiva com Guilherme Morano:
Como foi o início de sua carreira? Por quais clubes vocês passou e quais as maiores dificuldades que você teve de superar?
“Comecei na minha cidade, Gravataí-RS, aos seis anos jogando futsal. Aos oito anos, passei a jogar no campo pelo Canarinho FC, clube que fica numa cidade vizinha. Fui para o Grêmio aos noves anos e fiquei lá até completar 19. Fui muito feliz no Grêmio, pois obtive conquistas e convocações para as seleções de base. Tive algumas dificuldades com lesões ao longo dessa minha trajetória. Quebrei a perna com 12 anos de idade. Por minha família não ter condições financeiras, tive algumas dificuldades também com dinheiro. Apesar disso, meus pais sempre estiveram do meu lado e não me deixaram faltar nada”.
Você teve uma passagem boa pelo Grêmio e chegou inclusive a ser convocado para as seleções de base. O que te fez sair do Grêmio e acertar com o Vasco?
“Muitas coisas levaram a minha saída do Grêmio. Não vou botar a culpa em ninguém, até porque sou bem consciente e sei que na reta final do meu contrato tive altos e baixos. Apenas acho que fui muito prejudicado por algumas pessoas que comandavam o clube ma época. Quando sai do Grêmio meu objetivo era fechar com um clube de outro país, mas veio a proposta do Vasco. Por conta da visibilidade que o Vasco proporciona para nós jogadores, além de sua grandeza, decidi aceitar a proposta”.
E qual a impressão que você teve do Vasco ao chegar? Realmente a estrutura é muito diferente da do Grêmio? Lá no sul eles oferecem escola como o Vasco? Por você ter passado por lá, gostaria que você relatasse as principais diferenças.
“Existem algumas diferenças sim. O Grêmio também proporciona escola, mas não é como a do Vasco, que fica localizada dentro do clube. No Grêmio, os atletas estudam em escolas estaduais ou municipais. Muitas pessoas falam mal da estrutura do Vasco, mas na minha visão ela não fica muito atrás das oferecidas por outros clubes. Quando cheguei o que realmente me assustou foi o refeitório, mas é algo que já melhorou muito. No resto acho que é tudo muito parecido. Quando cheguei o Vasco passava por muitos problemas na parte financeira, problemas que enfrenta até hoje, mas mesmo com isso vem crescendo. Hoje ele já tem uma concentração melhor, um centro de treinamento muito bom e um refeitório muito bom. É por isso que eu acho que o Vasco hoje não fica atrás de nenhum outro clube”.
Como você avalia sua passagem pelo Vasco até agora? Encontrou muitas dificuldades no início? Muitas diferenças entre o futebol gaúcho e o carioca?
“Quando cheguei percebi que a concorrência seria grande, por conta jogadores que o clube tinha no elenco de juniores. Mas sabia que teria as minhas oportunidades e foquei nisso. Quando tive a oportunidade de jogar fui bem. Comecei indo para o banco, adquirindo confiança e só após isso comecei a jogar. Tive uma seqüência de jogos no segundo do Carioca, joguei a Taça BH e o Torneio OPG. Só após essas competições eu passei a enfrentar muitas dificuldades, chegando inclusive a sair do time titular sem muita explicação. Sai depois de um jogo que não fui muito bem. Aceitei a situação com o pensamento de recuperar minha titularidade no início da outra temporada. Fui paro o Brasileiro sub-20 no banco e entrei em dois jogos. Depois disso, já em janeiro desse ano, fui empresado ao Bangu junto com o Luciano. Como não vinha jogando e mal treinava no Vasco, demorei a ficar bem fisicamente. Não cheguei a jogar oficialmente, mas fui relacionado e fiquei no banco em cinco jogos. Valeu a experiência de estar num elenco profissional e ter vivido aquilo. Aprendi muito com os jogadores que lá estavam. Depois do Carioca profissional, voltei para o Vasco. Na volta para o Vasco tive uma conversa com a comissão técnica e fiquei sabendo que a preferência ia ser para os jogadores mais novos. Então, conversei com meu empresário sobre o assunto e achamos melhor arrumar um time para jogar por empréstimo. Foi quando apareceu o KSV 1919, time da Áustria. Fui para lá, fiquei dois meses e voltei por conta de motivos extra-campo. Na volta não sabia qual seria o meu futuro por já se tratar na reta final da temporada. Achava que não jogaria mais no Vasco. Foi quando recebi uma ligação do meu empresário dizendo que a comissão técnica do Juniores havia mudado e que a comissão nova queria ver como eu estava. Foi quando voltei e tive uma resposta imediata, sendo relacionado para meu primeiro jogo uma semana após minha reapresentação. No segundo jogo já conquistei uma vaga no time titular. Nessa reta final de temporada joguei seis vezes e marquei cinco gols”.
Quando foi emprestado ao Bangu pensou que jamais voltaria ao Vasco?
“Não passou isso na minha cabeça, pelo contrário. Eu pensava em voltar melhor e até mesmo direto para o profissional. Só que não tive a oportunidade de jogar no Bangu e infelizmente esse meu desejo não se realizou”.
Você acha que o antigo treinador prejudicou você e sua geração (92) de alguma forma no Vasco?
“Difícil falar sobre isso, mas de certa forma... Não é que ele tenha prejudicado, mas acho que ele poderia ter nos ajudado mais. Tínhamos um time muito bom”.
O que você pode falar sobre o Sorato? Gostando do trabalho dele?
“O Sorato tem me ajudado muito. Sou suspeito para falar dele. É ele que me vem dando oportunidades e que confiou em mim quando voltei. Ele é um cara muito tranqüilo e com quem é muito bom de trabalhar. Venho aprendendo muito com ele. Ele facilita muito o convívio dos jogadores com comissão técnica.
Ele é um ídolo do Vasco. Inspira-se nele? Que dicas ele vem te dando e que estão te ajudando a melhorar seu desempenho dentro de campo?
“Por ser um cara muito tranqüilo, como eu disse, ele facilita o convívio entre jogadores e a comissão. Ele é muito aberto e conversa bastante conosco, tira nossas dúvidas e dá sugestões. Ele sempre me pede para ser muito tranqüilo em campo, tranqüilo dentro área. É um treinador que realiza muitos treinamentos para os atacantes e nesse trabalho nos pede tranqüilidade, como já disse, e precisão. O fato dele ter sido um bom atacante ajuda muito nessa parte”.
O Romário é o seu maior concorrente atualmente no Juniores. Como é sua convivência com ele? Cultivam uma amizade
“Sim, claro. Você tem que saber conciliar e saber separar as coisas. Rola uma briga sadia por posição, mas não passa disso. Somos muito amigos fora de campo”.
Foram seis jogos e cinco gols desde seu retorno. Vive sua melhor fase pelo Vasco?
“Vivo sim. Por ser para mim o último ano de juniores e por esses gols terem saído em competições importantes esse é sim o meu melhor momento. Sem contar que também estou treinando com os profissionais”
Como foram esses treinos com o time profissional? Você inclusive foi relacionado para uma partida. Quem mais te deu dicas e ficou perto de você te dando conselhos?
“Logo quando comecei a treinar o clima não estava bom. É complicado subir quando as coisas não estão bem. O jogador que me ajudou muito foi o Carlos Alberto. Ele me deu muitas dicas. Ele fala como agir em diferentes situações e quando eu falo que gostaria muito de entrar em campo pela primeira vez como profissional, ele me manda ter calma e paciência”.
O que você espera para o seu futuro? Quer se firmar no profissional em 2013?
“Sim. Isso é o que mais quero. Penso muito nisso”.
Que mensagem você deixaria para o torcedor do Vasco?
“Gostaria de falar para a torcida do Vasco que podem confiar em mim. Eu sei que posso e vou ajudar muito o Vasco. Tenho um carinho muito grande pelo Vasco e quero ser muito feliz aqui. Por isso, peço o apoio de todos”.
Fonte: Blog do Carlos Gregório Jr/Supervasco