Atletismo: Róbson Caetano, ex-Vasco, elogia Aldemir Gomes

Quarta-feira, 21/11/2012 - 15:21

Em julho de 1988, na Cidade do México, Robson Caetano cravou exatos 10seg em uma prova de 100 metros rasos. Desde então, sua marca detém o título de recorde sul-americano – o mais antigo dos seis continentes – e o Brasil obteve algumas conquistas em provas rápidas, mas as principais foram nas modalidades de revezamento.

Nenhum atleta do continente conseguiu correr abaixo de dez segundos nos últimos 24 anos. Por que o Brasil não conseguiu desenvolver atletas mais rápidos? O que falta aos velocistas brasileiros?

“Não existe um fator específico que esteja faltando para o atletismo brasileiro nas provas de velocidade”, responde o próprio Robson Caetano, hoje comentarista esportivo da Rede Record. Ele afirma que é preciso entender o mecanismo dessas provas e isso é papel do técnico, não do atleta. "Ele (atleta) está lá, pronto para treinar, só que falta o pulo do gato nessa transição da fase menor (sub-19 a sub-23) para a fase adulta, em que o atleta precisa encarar o treinamento com mais seriedade, mas sem o peso da responsabilidade”, analisa o recordista.

Material humano é bom- De acordo com Robson, o problema não está nos corredores e sim na forma como eles estão sendo preparados. “O critério é exclusivamente técnico. Hoje nosso Revezamento 4x100, tanto masculino quanto feminino, parece que regrediu no tempo. Vi nos Jogos de Londres atleta procurando bastão (no meio do tiro), isso é inconcebível nos dias de hoje”, critica.

O ex-velocista acredita que são necessários critérios técnicos mais rígidos, rigorosos, para que os corredores entendam que o treinador que está lá (no caso Katsuhiko Nakaya) é o responsável. “Você não vai conseguir resolver no revezamento porque o problema é individual? Então manda a pessoa correr só os 100, que é prova individual”, afirma, em referência aos possíveis desentendimentos entre os atletas brasileiros em Londres.

Esperanças- O comentarista destaca dois nomes das pistas como promissores, Rosângela Santos e Aldemir Gomes. “O Aldemir é um que pode chegar a bater o recorde sul-americano dos 100 metros. Quando ele nasceu eu já tinha batido”, brinca. “Quando os recordes não são batidos não há evolução, que é o que a gente precisa e quer”.

O que mudar- O ex-competidor defende que os jovens talentos brasileiros precisam ser trabalhados de maneira mais específica. O atleta deve entender de forma clara todo o processo pelo qual passa.

“Ele tem que correr, treinar e entender a prova de uma maneira muito mais detalhista. Do aquecimento, da preparação psicológica, em treinamento, até a fase de competição”, exemplifica. Sobre estudar fenômenos como Usain Bolt, Robson é claro. “Ver muito vídeo não quer dizer nada, porque você vai acabar imitando alguém”.

Técnica e estilo- É neste ponto que deve entrar o estilo de cada corredor. “Existe a técnica e o estilo. Quando você tem técnica dos movimentos, as coisas funcionam. Quando você tem os dois, as coisas funcionam muito melhor”, conta, explicando que desta forma os velocistas terão adequado a mecânica correta ao seu estilo de movimento. “Os atletas brasileiros precisam encontrar seus estilos e dentro desses seus estilos, treinar melhor”, finaliza.

Bolt em Londres, com Aldemir ao fundo: imitação não é a saída


Fonte: Webrun