Desde que se livrou do perigo de morte e teve alta, pouco mais de dois meses após o AVC, sofrido em agosto de 2011, Ricardo Gomes vive em constante readaptação. Praticamente tudo relativo à sua saúde e organismo passou ser vigiado de perto pela equipe médica que ainda cuida de sua recuperação. Agora, a rotina no Vasco enfim começa a ser retomada e, mesmo na função de diretor técnico, há um planejamento especial para o trabalho continuar.
O fisioterapeuta José Vicente Martins acompanha o ex-zagueiro há exatamente um ano. O atendimento acontece em uma clínica na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro, cuja frequência já vinha sendo reduzida recentemente. São apenas duas visitas semanais, geralmente entre às 17h30m e às 20h. Mas em São Januário também haverá tratamento. Para se adequar a escadas sem corrimão, como à de acesso ao campo, por exemplo, Ricardo vai receber o profissional para descobrir a melhor forma de fazer os movimentos.
- Serão trabalhos de funcionalidade. Tudo que é um pouco diferente do que ele estava acostumado está sendo analisado. Apesar de claudicar, devido à limitação do lado direito do corpo, o Ricardo nunca caiu, para se ter uma ideia da evolução e da firmeza dele. É uma fase em que já estamos indo de acordo com as queixas dele. Alguns degraus do estádio são complicados, por exemplo. Quando houver mais privacidade, também vamos ao gramado para que ele se readapte ao solo, faça os trotes que começou a fazer - explicou Vicente, que é vascaíno fanático e espera a chance para conhecer os jogadores e os vestiários do clube.
Contente com o primeiro passo de volta ao futebol, o diretor técnico não está satisfeito. Nada tira de sua cabeça que é possível estar no banco de reservas outra vez para orientar o time sem contra-indicação. Os obstáculos, no entanto, não são simples: além do andar, prejudicado pela grave lesão no joelho que antecipou sua aposentadoria, a fala não está 100%, como o mesmo admite. As sessões de fonoaudiologia não têm prazo para acabar e nem as doses de paciência, se o objetivo for se superar e deixar as previsões para trás.
- Não dá para dizer quando ou se algum dia ele ficará 100% novamente. Teve grave lesão que comprometeu a força natural do joelho há mais de 15 anos e a área afetada no cérebro é o córtex, da sensibilidade, que é muito delicada. Hoje, os ganhos são mais lentos, é óbvio. E nos preocupamos mais com o fato de ele não sentir mais tanta dor, de estar equilibrado e estável. Só que o Ricardo é perfeccionista, se cobra muito. Ele entende que não depende só de quem cuida da fisioterapia, da malhação. Tem um tratamento de primeiro mundo através dos métodos que colocamos em prática. É como se estivesse na Europa ou nos Estados Unidos. Filmo as etapas para que ele note como está melhorando. Ricardo também vê os pacientes pós-AVC com sérias dificuldades que ele não teve. Mas lembramos sempre que não existe limite, a recuperação vai continuar acontecendo por muito tempo - afirmou.
Fonte: GloboEsporte.com