Em silêncio, o Vasco prepara série de medidas para tentar um equilíbrio nas finanças e começar 2013 mais leve, com corte de funcionários e profissionais de esportes amadores. Em reuniões semanais, que começaram após a saída de três vice-presidentes do clube em setembro, o clube convocou especialistas da área econômica para esta missão. Enquanto aguarda uma luta que parece interminável na Justiça Federal, para a liberação de cerca de R$ 10 milhões retidos em penhoras da Receita, o clube deve enxugar em até 100 pessoas o corpo funcional de mais de 600 funcionários — o maior do Rio, em comparação com os demais grandes.
A comissão foi formada a partir da reunião de empresários como Olavo Monteiro de Carvalho e Jorge Salgado, que reuniu vascaínos influentes e voluntários, como o economista do mercado financeiro Francisco de Assis Moura de Melo. Ex-sócio do banqueiro Salvatore Cacciola, que ficou preso por quatro anos acusado de gestão fraudulenta do banco Marka — então presidido pelo membro da comissão vascaína — , Moura hoje se debruça nos caóticos números da crise vascaína.
— Vamos atrás de um retrato mais preciso do clube. Tem muita coisa antiga, muitas dívidas fiscais, um volume de dados muito grande — diz Moura, que era réu junto com Cacciola e foi condenado a pagar R$ 10 mil a investidores que perderam dinheiro à época (1999), mas ganhou a causa depois.
Presidente da comissão, Olavo Monteiro de Carvalho defende uma solução para longo prazo nas finanças do Vasco, que deixe o clube respirar sem passar por necessidades a cada aperto de penhoras.
— Estamos buscando as melhores soluções. Precisamos de uma série de providências. Não é só renegociar dívidas, reduzir despesas — afirma o empresário.
Enquanto isso, o clube ainda aguarda a redução de 100% para 2,5% nas penhoras, busca um adiantamento de renovação de patrocinador de cerca de R$ 5 milhões e, como terceira via, capta investimento dos “vascaínos ilustres”, que estudam receber percentual de vendas futuras de revelações do clube como garantia da verba investida.
Corte será em janeiro
“O presidente (Dinamite) tem um coração muito grande. Isso às vezes atrapalha”. A frase é de um dirigente do Vasco, que lembra a dificuldade de cortar gastos graças à tolerância de Roberto. Porém, a situação está tão grave que o pedido de redução de despesas, em todas as esferas, veio do presidente.
A regra é clara: o futebol, que mal se sustenta (com folha salarial da ordem de R$ 4 milhões, com possibilidade de cair para R$ 3 milhões), não pode bancar outros esportes. O modelo é o vôlei, que conseguiu patrocínio próprio para sustentar gastos de R$ 12 mil/mês.
Mas há outras modalidades que precisam diminuir logo o seu quadro pessoal. O futsal, por exemplo, tem 38 pessoas.
Em alguns setores, as demissões já começaram. Com a falta de pagamento, muitos funcionários faltam ao trabalho com frequência. A média de ausência é de 20 pessoas por dia em São Januário, apenas num departamento.
Um funcionário, procurado pelo Jogo Extra, soube por um diretor que pelo menos 40 pessoas seriam demitidas em breve. Dentro do clube, a intenção é que todo enxugamento só comece em janeiro, com o Vasco quitando as dívidas com funcionários antes do Natal e Ano Novo.
Fonte: Extra