As dificuldades e as críticas ainda são obstáculos que vão demorar a ser superados, mas a categoria de juniores do Vasco viveu seu momento de mais brilho em dois anos e meio na noite da última quarta-feira, em São Januário, ao superar o Corinthians por 1 a 0 e carimbar vaga nas quartas de final da Copa do Brasil sub-20. O gol marcado por Romário, apelidado de "Demolidorzinho" por ter estreitado laços com o equatoriano Tenorio, pode parecer pouco, mas serviu como injeção de ânimo imediata para o trabalho sob nova direção no clube e já traz novos horizontes para o futuro depois de um passado recente trágico e sombrio.
Desde que foi campeão estadual em 2010, o time cruz-maltino acumula 22 clássicos cariocas sem vitória - sendo 14 derrotas seguidas. Os fracassos que levaram à reformulação da base se somam às participações pífias em competições como Copa São Paulo e na Taça BH. O descaso com a estrutura piorou a situação, e somente após a chegada do coordenador Mauro Galvão é que o CT de Itaguaí foi reinaugurado, começando a aproximar o Vasco dos rivais.
- Podemos considerar uma evolução. É um trabalho de pouco tempo, mas é sempre bom ter resultados assim. Para os atletas, classificar sobre o Corinthians é um combustível, é muito estimulante e põe na consciência que, se trabalharmos sério, temos condições de ir longe. Ainda há muito pela frente, o trabalho só deveria surtir efeito no ano que vem. Mas, se for possível antecipar as coisas, vai ser importante - afirmou o ex-zagueiro, aproveitando para reforçar o elogio à CBF por ter adaptado a Copa do Brasil, em estilo mata-mata, aos juniores.,
Há quatro dias, Marcelo Oliveira deixou o comando técnico do profissional por causa da sequência de seis rodadas sem pontuar, por ter proposta do Cruzeiro e por notar que a crise financeira enfrentada pela diretoria lhe traria muitas dores de cabeça. Assim, a integração que vinha sendo feita foi interrompida, mas não abalada. Tanto com Gaúcho, ex-treinador dos juniores, que assumiu interinamente, e com Ricardo Gomes, que deve acertar para 2013, a expectativa é a melhor possível. Mauro Galvão está ansioso pela volta do ex-companheiro de Seleção.
- Sinto pelo profissional que é o Marcelo, um cara muito correto. Mas temos entendimento com o Gaúcho e temos tudo para ter com o Ricardo também, que está a par do que acontece no Vasco. Torço muito para que ele volte bem. Estivemos juntos na Copa América de 1989. Nos clubes, só fomos adversários mesmo - recorda-se o coordenador das categorias de base.
Romário: homenagem e veto à camisa 11
Apesar de estar disputando espaço com Guilherme Morano, autor de três gols na competição, na posição de centroavante, Romário se tornou o protagonista da vaga sobre o Timão, pois, além da bola na rede, deixou marcado um estilo conhecido dos torcedores e que deu sorte: a gola alta, à la Tenorio, para cumprir a promessa de uma amizade que começou na sala de fisioterapia de São Januário e virou o maior orgulho do jogador de 20 anos.
- Quando cheguei no profissional, não tinha intimidade com ninguém. Aí me machuquei e fiquei na fisioterapia um tempo com o Tenorio. Formamos uma amizade legal. É um cara educado, dedicado e nós que estamos subindo temos de nos espelhar nele, no Juninho e seguir esse caminho. É ídolo no país dele e no Vasco. Já até me ligou, dando parabéns pelo gol, dizendo que fui bem. Na semana passada, prometi que jogaria com a gola alta para homenagear a volta dele. Ele não acreditou, falou que eu não tinha personalidade para isso (risos). Fiz e deu certo - diverte-se Romário, que lembrou de Tenorio até em seu Facebook.
Não é de hoje, porém, que o elenco liga Romário ao equatoriano. Desde quando utilizou uma cesta de roupas com a inscrição Demolidor, ele é chamado pelo apelido do experiente atacante. O que falta, agora, é conseguir provar o gostinho de entrar em campo com o número que consagrou seu homônimo, algo que o clube, para evitar a pressão, vetou na base.
- Virei o Novo Demolidor ou o Demolidorzinho (risos), não teve jeito. Pegou. Só que jogo com a camisa 9. Até queria que me dessem a 11, mas acharam melhor não - lamenta.
Se trilhar o caminho até o estrelato não é simples, driblar o que o destino reservou para Romário também não é. Aos 16 anos, quando jogava no futebol capixaba, descobriu que seria pai. Pegou o primeiro ônibus para Campos (RJ), sua cidade natal, e abandonou a carreira por sete meses. Incentivado a insistir após o nascimento de Wanderson (de três anos), foi para o Goytacaz, depois para o Americano e, então, em meados de 2010, foi contratado pelo Vasco. Nesse meio tempo ainda nasceu Cauã, que está com dois anos de idade.
- Foi uma dificuldade que tivemos de superar. Mas só me ajudou a ficar mas maduro, saber o que devo e o que eu não devo fazer. O Mauro, que é um ídolo do Vasco, está sempre falando para que eu, Jhon Cley, Marlone, Dieyson, aqueles que têm estado com os profissionais, conversemos com os outros para acalmar, lembrar que tudo vai se resolver. O Vasco é grande e salário atrasado todo clube tem - ponderou o atacante, que já projeta a próxima temporada.
- Não pode bater desespero se eu não for para todos os jogos. É continuar trabalhando de cabeça erguida todos os dias que o ano de 2013 será excelente - acredita.
O próximo desafio do Vasco é o Atlético-MG, a partir de quarta-feira que vem, em Belo Horizonte. A partida decisiva por um lugar nas semifinais será disputada em São Januário.
Fonte: GloboEsporte.com