A melhoria da infraestrutura das categorias de base do Vasco, concluída em setembro, tem acobertado a luta diária vivida pelos funcionários do centro de treinamento de Itaguaí. As condições de trabalho ruins são obstáculo para a recuperação do setor, essencial para o futuro do clube.
Desde o mês passado, a direção da base proibiu o uso dos ônibus do clube para que os funcionários possam ir de São Januário até o CT. Agora, eles são obrigados a se deslocarem até o município da Região Metropolitana, a 69km do centro da capital do estado, por conta própria.
O pior: a diretoria não tem feito o depósito do crédito do vale transporte. Com isso, muitos têm sido obrigados a pegar até quatro conduções para chegar à casa da base vascaína, tudo pago por conta própria, com dinheiro que obviamente não é do salário, há dois meses em atraso.
– Não entendo. Se o salário estivesse em dia, até poderia ser compreensível que realizassem mudanças. Não houve qualquer tipo de reunião conosco – disse um funcionário que pediu para não ser identificado.
Outra restrição que tem dificultado o trabalho é o fim do almoço que eles tinham à disposição na Colina, antes de irem para o centro de treinamento ou na volta, para aqueles que pegavam no batente na parte da manhã. O bandejão era fundamental para amenizar as dificuldades provocadas pelos atrasos no salário.
Diretor da base, Manuel Pereira disse que os funcionários não estão utilizando o ônibus do clube, mas ressaltou que o Vasco paga o vale até a fronteira entre os municípios do Rio e de Itaguaí e que um veículo do Cruz-Maltino fica à disposição para o restante do trajeto.
Sobre o cancelamento das refeições dos funcionários, ele garantiu que todos eles seguem com o direito de almoçarem em São Januário ou no centro de treinamento.
Bate-Bola
Manuel Pereira - Diretor de futebol amador do Vasco
Após as mudanças no comando da base, os funcionários ficaram proibidos de usar o ônibus do clube até o CT de Itaguaí?
O ônibus do CT, quando tem vaga, é utilizado. Mas ele é utilizado apenas pelos atletas e por um funcionário responsável. Sempre foi assim. Eles (funcionários) têm vale transporte para chegar a Itaguaí.
Então funcionários vão ao CT por conta própria?
A maioria tem carro e os funcionário vão até a reta de Piranema e de lá há ônibus ou kombi que os levam até o nosso centro de treinamento.
E quanto à alimentação. É verdade que os funcionários da base não estão podendo almoçar no clube?
Não. Pelo contrário. O refeitório está aberto. Os funcionários que trabalham em Itaguaí almoçam em Itaguaí e os funcionários que trabalham em São Januário, em São Januário. Não houve mudança quanto a isso. Até temos, agora, mais opções de locais.
Temporada conturbada na base
O ano na categoria de base cruz-maltina tem sido conturbado. O clube teve de passar por situações como a morte de Wendel Venâncio, de apenas 14 anos, após sofrer mal súbito durante teste no CT de Itaguaí, até a interdição, por parte do Ministério Público, dos locais utilizados pelos jovens jogadores, com a alegação de que não correspondiam ao mínimo necessário.
Em setembro, houve mudanças no comando da base, quando Humberto Rocha, então coordenador, pediu demissão. Pouco depois, o ex-zagueiro vascaíno Mauro Galvão assumiu o posto. Sorato, que veio na mesma leva, ficou como técnico do time sub-20, na vaga de Galdino.
Recentemente, o clube apresentou o CT de Itaguaí e alojamentos em São Januário com as reformas exigidas pelo poder público.
Há a intenção de que a partir de janeiro se ofereça ainda mais melhorias para que possa haver uma integração maior dos locais de treino com o estudo dos jogadores.
Em campo, o ano também não foi dos melhores e o time acumulou alguns fracassos nas competições. Alguns jogadores foram promovidos aos profissionais. Porém, até o momento, dois parecem despontar: os meias Marlone e Jhon Cley, elogiados por Marcelo Oliveira.
Comparações com outros clubes
Uma das coisas que tem chateado ainda mais as pessoas que trabalham nas categorias de base do Vasco é, de acordo com o funcionário que falou com o LANCENET!, a comparação com os outros clubes.
Segundo ele, nos jogos das competições das categorias inferiores, sempre há conversa entre os membros das equipes e os outros grandes clubes do Rio estão mais organizados e com o salário em dia.
– É complicado, nós ficamos chateados com isso. Sempre estamos trabalhando e dando o nosso melhor, mesmo com os atrasos. Mas aí sabemos que os outros clubes grandes do Rio estão em dia e com toda a estrutura de trabalho, enquanto nossos vencimentos estão atrasados – disse ele, ressaltando que, atualmente, o que é oferecido à base vascaína equivale aos clubes de menor investimento.
Os problemas na base vascaína este ano
Tragédia
Em fevereiro, o jovem Wendel Junior Venâncio da Silva, de 14 anos, morreu ao sofrer convulsão durante teste no centro de treinamento em Itaguaí. A falta de ambulância no local foi apontada como falha no atendimento.
Interditado
Em seguida, o Ministério Público interditou as instalações devido a uma série de irregularidades e condições precárias para o trabalho da base.
Reforma
Pressionado pela Justiça, o Vasco realizou uma série de intervenções na infraestrutura do centro de treinamento para que pudesse reabrí-lo. No fim de setembro, em solenidade, o presidente Roberto Dinamite reabriu o espaço e apresentou as melhorias.
Fonte: Lancenet