As explicações da diretoria vascaína para a não utilização de São Januário nos Jogos Olímpicos de 2016 apontam algumas contradições. O LANCENET! teve acesso à ata da reunião ocorrida em 16 de novembro de 2010 sobre o projeto do rúgbi e o documento, assinado pelo presidente Roberto Dinamite e pelo primeiro vice-presidente geral Antônio Peralta, mostra que o Cruz-Maltino considerava que a empreitada poderia ser muito proveitosa. Porém, após o Comitê Organizador descartar o uso da Colina, o discurso mudou.
No encontro, o mandatário enumerou os benefícios que o clube teria ao ser escolhido como uma das sedes dos Jogos. Entre elas, a reforma do estádio que, de acordo com a ata, seria bancada pelo poder público.
Porém, após o anúncio de que São Januário não seria mais usado – o que aconteceu na última quinta-feira –, Roberto Dinamite afirmou que o clube da Colina gastaria uma alta quantia com as reformas.
– As coisas são colocadas de uma forma que, ao torcedor, parece que o Vasco perdeu a oportunidade de alguém ajudar o clube, mas que, na realidade, ninguém ajudaria. O Vasco teria que gastar, em média, R$ 39 milhões, quase R$ 40 milhões. E não temos condições de fazer isso – disse em entrevista à Rede Globo.
No documento, há também a lembrança de que o Vasco teria seu nome divulgado internacionalmente e de forma gratuita até, pelo menos, a realização do evento.
Por outro lado, ontem, dirigentes chegaram a alegar que um dos pontos que faria o rúgbi não ser interessante seria o fato de que o clube não receberia valores de alguns patrocinadores por um período porque seriam obrigados a se vincular aos parceiros oficiais do evento.
Agora, resta aos torcedores vascaínos esperarem pelo projeto da arena e que, desta vez, o desejo saia do papel e se torne realidade.
Dirigente não vê lucro com jogos na Colina
O vice-presidente de marketing do Vasco, Eduardo Machado, se manifestou por intermédio de uma rede social apoiando a não participação de São Januário nos Jogos Olímpicos de 2016, pois, na análise dele, o maior evento do planeta não traria lucros suficientes:
“Sou vice de marketing e, obviamente, um projeto olímpico me daria uma série de argumentos fortíssimos para incrementar a marca do clube, a atratividade etc… Mas se me pedirem para colocar esse retorno no papel, terei de colocar muita criatividade e sonhos nas justificativas (...) O que observei é que tenho dúvidas concretas sobre o fechamento dessa conta.”
No conteúdo, o dirigente ainda chegou a comparar o projeto com o de 2000. Na ocasião, uma série de atletas foram contratados pelo Vasco para disputar os Jogos, fato que faz o clube ter dívidas até hoje.
Oposição enviou carta alertando sobre prazo
O oposição enviou uma carta à diretoria no último dia 29 mostrando preocupação com o prazo estipulado pelo Comitê Organizador dos Jogos para a entrega do projeto, que era 31 de outubro. Através do documento, reclamava-se ainda quanto à falta de informação aos conselheiros sobre o planejamento das mudanças em São Januário.
Abaixo, em um trecho retirado da carta, percebe-se a preocupação em relação à proximidade da data de entrega.
“A nossa real preocupação é com o fato de estarmos próximos ao encerramento do prazo inicialmente concedido, segundo informações colhidas da imprensa, e, até agora, o Conselho Deliberativo não ter sido convocado para apreciar e deliberar sobre tal projeto, certamente de grande complexidade, conforme dispõe o art. 81, inciso II, do Estatuto Social do CRVG”
Fonte: Lancenet