A realidade mudou no Vasco em menos de um ano. O clube passa por grave crise financeira, acumula decepções na temporada e se vê obrigado a projetar um elenco modesto para 2013. A situação contraria de forma brusca o planejamento e expectativas após um 2011 de sucesso. Em baixa por um final de Campeonato Brasileiro tumultuado, a boa fase ficou pelo caminho e colocou uma série de obstáculos no futuro do Gigante da Colina.
No ano passado, o Cruzmaltino iniciou com derrotas, mas se reestruturou e promoveu uma campanha histórica para os torcedores. Campeão da Copa do Brasil após oito anos de jejum, o time ainda foi vice-campeão brasileiro e contou com a comoção em torno do AVC sofrido pelo então técnico Ricardo Gomes para encantar o país. Como resultado, o Gigante da Colina resgatou a credibilidade, atraiu empresários, jogadores, e reforçou o elenco para disputar novamente a Copa Libertadores.
Na “crista da onda”, o ano de 2012 foi iniciado com a certeza da conquista de títulos. Porém, os resultados passaram longe do esperado. O time não chegou à final do Campeonato Carioca, caiu nas quartas de final da Copa Libertadores e tem apenas 0,6% de chances, segundo o site Chance de Gol, de classificação para a principal competição do continente via Brasileirão. Enquanto tenta afastar o clima de fim de festa antes da partida contra o Sport, domingo, às 17h, em São Januário, a diretoria já sabe que dificilmente conseguirá surpreender a torcida com contratações de impacto para 2013.
Os constantes salários atrasados e direitos de imagem pendentes são apenas alguns dos fatos que arranharam a imagem vascaína na temporada. O episódio da falta de água, dívida com Romário e receitas penhoradas comprometeram o planejamento. Para se ter uma ideia, o clube deve à Receita Federal cerca de R$ 60 milhões de impostos não recolhidos nos últimos anos. A questão causou mais um processo de penhora e piorou a saúde dos cofres em São Januário. A diretoria tenta seguidos empréstimos para equacionar o final do ano e tentar diminuir os impasses para o início de 2013.
O panorama assusta. Por isso, o presidente Roberto Dinamite não vê muitas saídas na montagem do elenco para 2013. O Vasco deve dispensar pelo menos dez atletas para reduzir o grupo profissional e custos. Além de apostar em valores das categorias de base, o foco de reforços está voltado para destaques e promessas da Série B. Uma contratação impactante aparenta ser um artigo de luxo a cada dia. A prioridade é renovar com Juninho Pernambucano. Ídolo da torcida, o camisa 8 é considerado imprescindível para comandar o time em um possível período inicial de dificuldades.
As promessas não cumpridas da diretoria incomodam os atletas. Além das dispensas idealizadas, não está descartado que alguns valores solicitem deixar a Colina histórica ao término do Brasileirão. Enquanto a administração estuda o que fazer para tentar retomar o rumo conquistado em 2011, a única certeza é a de que o clube terá um novo executivo de futebol. Anderson Barros conversa com Roberto Dinamite e tem chances consideráveis de acertar contrato. A princípio, o trabalho será em conjunto com Daniel Freitas.
Os jogadores observam a movimentação na trincheira e aguardam o final do ano. O goleiro Fernando Prass deixou a decisão nas mãos dos dirigentes e diz acreditar que apenas o Vasco pode responder se conseguirá reforçar o elenco e disputar títulos em 2013. “Acho que muito vai passar por esse final de ano e as condições que o clube se encontrará para manter atletas e contratar. Isso vai depender muito mais da parte administrativa do que dos jogadores”, encerrou.
Fonte: UOL