Nelson Rocha: 'O projeto estava todo pronto para o rúgbi. Estou perplexo'

Quinta-feira, 01/11/2012 - 22:24

A notícia de que São Januário não será mais sede do rúgbi nos Jogos Olímpicos do Rio em 2016 caiu como uma bomba para a grande maioria dos vascaínos. Mas, segundo o LANCENET! apurou, a atual diretoria se precavia com a possível decisão, já que recentemente iniciou um plano B de construção da arena com a empreiteira OAS, em paralelo ao projeto de rúgbi. Ex-aliados, porém, se mostram perplexos e garantem que existiam condições totais para que o Vasco conseguisse ter um novo estádio e participasse do grande evento na cidade.

Segundo membros da diretoria, o Vasco teria praticamente aberto mão do direito de participar da primeira Olimpíada do continente sul-americano ao entregar nesta quarta-feira documento no qual se mantinha disposto a receber o rúgbi, mas não a arcar com todas as exigências feitas pelo Comitê Olímpico Internacional, em uma lista de mais de 100 itens presentes em um documento de quase 200 páginas. Para fazer todas adaptações exigidas pela entidade, o clube teria de arcar com uma reforma na casa dos R$ 50 milhões, de acordo com dirigentes cruz-maltinos.

O projeto vinha sendo tocado, inicialmente, por Nelson Rocha e Frederico Lopes, ex-vices de finanças e de patrimônio, respectivamente. Ambos garantem que, antes de deixarem seus cargos por divergências com o presidente Roberto Dinamite, saíram do clube munido de todas as informações e garantias de que o Vasco seria capaz de cumprir com todas as exigências do COI:

- O projeto estava todo pronto para o rúgbi. Estou perplexo, pois é um dos projetos mais importantes do Vasco nos últimos 80 anos. Não sei o que aconteceu - afirmou Rocha ao LANCENET!, que teve como um dos motivos para deixar a coordenação do projeto saber que o presidente Roberto Dinamite vinha tendo reuniões com a empreiteira OAS sem sua presença.

Surgiram então dois projetos diferentes, em estágios diferentes. Enquanto as autoridades olímpicas cobraram velocidade da diretoria para a resposta das exigências presentes no caderno de encargos, as tratativas com a empreiteira se iniciavam em estágio embrionário.

Na última terça-feira, em entrevista coletiva, o presidente Roberto Dinamite já não se mostrava tão seguro quanto a realização dos Jogos em São Januário, dando declarações evasivas sobre o planejamento.

Segundo o LANCENET! apurou, porém, desde o primeiro momento a OAS enxergou viabilidade no projeto da arena mesmo caso a questão olímpica fracassasse. A questão, agora, é saber se o que sobrou do sonho se tornará realidade.

OBRA DO ENTORNO AMEAÇADA

Tanto quem participou do projeto de rúgbi quanto quem atua nas negociações com a OAS para a construção de uma nova arena garantem que a participação de São Januário na Olimpíada de 2016 não era condição para a modernização do estádio. Porém, com o fim do sonho olímpico, outro projeto importante fica em xeque, pelo menos à curto prazo: as obras de revitalização da área no entorno de São Januário.

O Vasco amarrava com a Prefeitura e o Governo do Estado a viabilidade da intervenção urbana. Agora, a possibilidade de se realizar reformas na vizinhança da Colina se reduz drasticamente. Isso porque, a partir deste momento, os poderes do Rio de Janeiro passarão a analisar se valerá a pena ou não o caro investimento em um local que não mais pertencerá à rota olímpica da cidade em 2016.

Ciente de que isso passa a ser um risco concreto, o Vasco já se articula nos bastidores para tentar agregar o projeto da nova arena ao do Porto Maravilha, que revitalizará toda a região portuária e que já está em curso. Não há, porém, por parte das autoridades da cidade, nenhuma garantia de que a região que abriga São Januário será beneficiada pelo programa. O discurso interno é de otimismo quanto ao futuro e há a expectativa de que nos próximos meses a parceria com a OAS possa ganhar mais corpo.

Por enquanto, há a certeza de que todo o projeto, que inclui a construção de um shopping no terreno de São Januário, custará aproximadamente R$ 500 milhões. Do montante, R$ 350 milhões viriam de empréstimo do BNDES e o restante da venda do direito de nome do estádio, que teria capacidade para 43 mil espectadores. Porém, a diretoria reconhece que, sem a revitalização do entorno de São Januário, o alto investimento da empreiteira perde boa parte do sentido.

Fonte: Lancenet