Despesas mensais milionárias somadas a receitas praticamente nulas resultam em crise financeira quase sem solução. Este é o cenário do Vasco, que briga na Justiça, por meio de recursos, para reaver pelo menos parte do dinheiro penhorado para a Receita Federal. Há três meses 100% das cotas dos patrocinadores e de TV (algo entorno de R$ 5 milhões por mês) não entram nos cofres de São Januário, segundo o departamento jurídico. No total, o clube deve à Fazenda cerca de R$ 60 milhões de impostos não recolhidos ao longo dos anos.
Como consequências, novamente o atraso nos salários de jogadores e funcionários, o não pagamento de premiações, o corte de água da sede e outras contas atrasadas. Para não afundar ainda mais na crise financeira, alguns empréstimos com os chamados vascaínos ilustres, com bancos, e até com CBF e a Ferj. Além da bilheteria, que não tem sido boa com a queda do time. E a situação pode piorar. Outros acordos feitos na Justiça já começam a atrasar, como o caso do Vasco/Barra, e se o pagamento não for feito em 90 dias, o clube terá de pagar multa.
A Receita Federal entrou com sete ações contra o clube na Justiça e ganhou todas elas com a mesma decisão: penhora total das receitas. O departamento jurídico do clube contesta a decisão e pede parcelamento da dívida em R$ 400 mil mensais. Porém, a Fazenda quer parcelas de R$1,2 milhões, para zerar a dívida em poucos anos. Os advogados do Vasco aguardam os julgamentos dos recursos, mas não há prazos nem certeza se a situação será revertida.
- Em todos os casos cíveis que temos, a jurisprudência é penhorar 5% das receitas. Só a Justiça Federal tomou essa decisão. Estamos com vários recursos questionando o pagamento integral. Se todo mundo quiser receber tudo de uma vez só o clube vai quebrar - alertou Marcelo Macêdo, um dos advogados contratados pelo clube.
A crise já ultrapassou a mesa da presidência e afetou o campo, apesar de o presidente Roberto Dinamite não acreditar na interferência direta no futebol. As reclamações mais explícitas dos jogadores são evitadas nas entrevistas coletivas, mas é fato que ninguém no grupo do Vasco está satisfeito com os problemas financeiros e as promessas não cumpridas pela diretoria. Une-se a isso a crise técnica do time, que não vence há cinco partidas, e caiu para a sétima posição no Brasileiro. Resultado: um ambiente de treino que tenta não ser de fim de festa.
Todos chegam no horário, treinam, escutam as orientações do técnico Marcelo Oliveira. Porém é difícil manter a motivação quando as chances de conquistar a vaga na Libertadores são mínimas. De 1%, segundo os cálculos do matemático Tristão Garcia. Primeiro, todos dizem que ainda acreditam. Em seguida, o discurso muda um pouco de tom. Interromper a sequência de derrotas significa, ao menos, reverter a queda de rendimento e terminar o ano com moral mais elevado para o início da próxima temporada.
- O Vasco tem que pensar primeiro nele, depois na pontuação dos outros - disse o atacante Tenorio.
O atacante equatoriano treinou normalmente nos últimos dias e deve ficar à disposição do treinador. Há seis jogos fora do time, Tenorio tem condições de atuar apenas um tempo contra o Sport domingo. Já Alecsandro, que também voltou ao campo esta semana, pode voltar a ser titular. Ambos estão recuperados de lesões musculares. O camisa 10 Carlos Alberto fez tratamento para as dores no púbis em São Januário, mas o departamento médico ainda não o vetou.
Fonte: O Globo online