O voto que evitou que as contas de 2011 fossem reprovadas pelo Conselho Deliberativo veio justamente do rival político de Roberto Dinamite: Eurico Miranda. E o acordo tem agitado os bastidores de São Januário, fazendo com que alguns já comecem a cogitar o que essa proximidade entre membros de ideais opostos possa gerar em um futuro próximo.
Especula-se que a aliança, que teve como um dos mentores Antônio Peralta, vice-presidente geral e um dos nomes fortes da atual diretoria após a saída de algumas peças da cúpula, possa fazer com que haja novidades no próximo pleito presidencial do Cruz-Maltino, existindo, talvez, uma parceria entre as representações das chapas.
Dentro da Colina, porém, há um grupo que acredita que o voto de Eurico Miranda, na verdade, teve como alvo principal Nelson Rocha, ex-vice-presidente de finanças, que gostaria que o balanço fosse votado no dia da reunião (última terça-feira) e afirma que não há erros no documento. A não aprovação faz com que Nelson tenha de dar explicações quanto aos valores apresentados.
Apesar das cogitações, uma coisa é certa: as divergências quanto ao caminho que o clube está trilhando são maiores do que se imagina e Dinamite parece cada vez mais isolado no poder, havendo, inclusive, a acusação de que o Vasco está “sem comando”. Nem mesmo conselheiros e dirigentes que antes o apoiavam se mostram satisfeitos, sendo a gota d‘água o comportamento do mandatário durante a reunião, chegando a usar o vocativo “meu presidente” para se referir a Eurico.
Nas arquibancadas, a torcida, que elegeu Dinamite na esperança de dias melhores, já parece desacreditada e protesta contra a diretoria. E diante do atual cenário, a próxima temporada reserva fortes emoções.
Os grupos políticos vascaínos
Situação - Roberto Dinamite está com um grupo de incentivo cada vez mais limitado. Tem o apoio de alguns vices, como Aníbal Rouxinol, do jurídico, e Eduardo Machado, de marketing.
Chapa Azul - Tem como um dos principais nomes Eurico Miranda. Na última eleição, Pedro Valente representou a corrente no pleito.
Cruzada Vascaína - Encabeçada por Léo Gonçalves, grupo ficou em segundo lugar na eleição e tem sido forte crítico de Dinamite.
Dissidentes - É formada pelo ex-vices-presidentes que deixaram recentemente o clube, como José Hamilton Mandarino (futebol), Nelson Rocha (finanças) e Frederico Lopes (patrimônio).
Presidente: um mês de silêncio
A última aparição pública de Roberto Dinamite foi há aproximadamente um mês, quando o Cruz-Maltino inaugurou o centro de treinamento em Itaguaí, que será utilizado pela base.
Se o presidente não se pronuncia, os jogadores mais experientes do elenco não têm fugido das perguntas a respeito do conturbado momento que o Gigante da Colina atravessa na temporada. Ontem foi a vez de Fernando Prass.
– Se formos buscar, encontramos explicações em vários fatores: confusão política, situação financeira, perda de jogadores importantes... Enquanto outros clubes deram dois passos à frente, nós, em relação a elenco, demos um passo para atrás. Os ambientes de outros clubes estão melhores do que o nosso – afirmou o camisa 1.
Fonte: Lancenet