Casaca divulga nota em resposta a declaração de jornalista

Sexta-feira, 26/10/2012 - 06:10

Esclarecimento ao jornalista André Lofredo

Declaração do jornalista André Lofredo em meio à transmissão da partida Vasco 1 x 2 Internacional, em São Januário (quando decorridos 22 minutos da etapa final do encontro):

“… só que pro dirigente que quer ser sério, fica difícil administrar com dívidas anteriores, com muitas dívidas anteriores, sem desfazer do patrimônio”.

Com esta afirmação o jornalista André Lofredo encontrava uma lógica para o desmonte do time vascaíno em meio ao Campeonato Brasileiro.

Diante disso, cabe a nós elucidarmos o jornalista André Lofredo, o que faremos a seguir:

Caro André Lofredo,

Não o temos como um mero reprodutor de discursos imprecisos sobre o Club de Regatas Vasco da Gama. É justo que você não tenha em conta os vascaínos também como mera caixa de ressonância de tais discursos.

O conglomerado para o qual trabalha teve uma economia das mais relevantes com o rebaixamento esportivo e institucional do Vasco imposto por Roberto Dinamite e sua trupe, desde o final de 2008.

O Vasco, que recebia em 2008 (até a troca de gestão) a maior cota de TV, junto a Flamengo, Corínthians, São Paulo e Palmeiras, caiu para quinto plano em 2011, enquanto o rubro-negro passou a pontear com o Corínthians o valor das cotas.

Diriam alguns não ter havido economia, pois apenas fatiou-se o bolo com um pedaço maior à dupla Fla/Fiel. De fato, mas a economia se deu no aceite do Vasco em não questionar a implosão do Clube dos 13, nem mesmo a condição servil do clube em relação ao Flamengo na condução da tratativa, pois sabe-se que a negociação individual favoreceu a Globo e não os clubes, algo que só seria aceito pelo Vasco, com Eurico Miranda à frente, se o clube não tivesse a diferença contra si experimentada no novo contrato.

Lembremos, caro Lofredo, que os artífices deste acordo foram José Hamilton Mandarino (hoje fora da diretoria do Vasco) e esse primor de capacidade administrativa que é Roberto Dinamite, o que 10 entre 10 desprovidos de mediana inteligência imaginam que seja.

Os fatos, André Lofredo, demonstram que houve por parte da nova administração, à época, um choque de gestão e nele a estratégia – em grego strateegia, em latim strategi, em francês stratégie, em inglês strategy, em alemão strategie, em espanhol estrategia – era a de criar um “novo” Vasco, onde as contas do passado, as dívidas equacionadas ou não do passado não eram problemas dos que chegavam ao clube. Isto, evidentemente, causa no futuro, como todos sabemos, um dano muito maior.

A própria imprensa questionou e muito a condução da nova direção do Flamengo, capitaneada por Patricia Amorim, quando teve a informação de que o rubro-negro partia para esse modelo de conduta com relação a dívidas do passado ignoradas pela atual gestão flamenga.

O Vasco ignorou acordos pagos por meses ou anos (vide caso Romário), ignorou acordo feito com a Timemania, sem pagar o valor residual quando se fazia necessário, demitiu quase 100 funcionários em 2008 sem lhes pagar os direitos trabalhistas, largou o pagamento do acordo do Vasco-Barra firmado no fim de 2007, ensejando o despejo já em 2009, assinou acordo junto à Justiça do Trabalho em 14 de agosto de 2008, mas não o cumpriu ficando vários e vários meses fora do ato (ocasionando com isso cobranças fora da fila), deixou de cumprir acordos judiciais e extrajudiciais que estavam sendo pagos, além de valores devidos até mesmo por ações ganhas pelo clube já na gestão de Roberto, envolvendo o passado, nas quais nem mesmo advogados foram pagos.

Continuando, caro Lofredo, diferentemente da maioria esmagadora dos clubes brasileiros, o Vasco tinha em sua base atletas com vínculo de 100% junto ao Vasco no primeiro contrato profissional, ou quase isso no caso, por exemplo, de Alex Teixeira, sobre o qual o clube possuía 80% dos direitos e o atleta 20%. Isso trouxe ao Vasco, entre 2008 e 2010, algo em torno de 40 milhões de reais, contando as negociações de Phillippe Coutinho, Souza, Alex Teixeira e Alan Kardec. Fora Morais que foi vendido ao Corínthians também em 2009.

Fora isso, em 2009 o clube assinou contrato com a Eletrobrás, garantindo 14 milhões de reais ano (que hoje chegam a 16 milhões ano).

Fora isso, o clube assinou, também em 2009, contrato com a Penalty no qual a direção afirmava ganhos de 64 milhões de reais em quatro anos.

Fora isso, o clube foi deixado com um contrato de TV na ordem de 32 milhões de reais ano, com direito a receber da Globo os valores integrais referentes ao segundo semestre de 2009 e também referentes a 2010 e 2011, além de metade do valor concernente ao primeiro semestre de 2009.

Fora isso, o clube não tinha suas rendas de bilheteria – próximas à entrada de Roberto Dinamite no clube, na função de presidente – penhoradas.

Fora isso, o Vasco fora deixado com salários em dia e impostos pagos (vide certidões positivas com efeito de negativas obtidas entre 2008 e 2009). Vale ressaltar que entre custos fixos e variáveis (folha salarial, gastos fixos, acordos) o clube dispendia cerca de 3,5 milhões de reais mensais.

Fora isso, o time de futebol se encontrava em nono lugar, após oito rodadas, já tendo enfrentado cinco clássicos nacionais (um deles estadual) neste período, frequentado a zona da Libertadores numa rodada e nenhuma na zona de rebaixamento. Vale ressaltar que o clube há cerca de 100 rodadas naquela oportunidade, não frequentava a zona de rebaixamento e que dos clubes cariocas era o que, na era dos pontos corridos, ficara menos tempo na incômoda zona (14 rodadas entre 2004 e 2005).

Fora isso, o Vasco ponteava no remo, sendo o virtual campeão, em junho de 2008.

Fora isso, o clube tinha seu parque aquático funcionando (o que não ocorre há mais de dois anos) em junho de 2008.

Fora isso, o clube tinha o basquete com investimentos (fora vice-campeão carioca em 2007) e se preparava para nova disputa no segundo semestre de 2008.

Fora isso, na sua base, vencia a Copa Brasil sub 17, já em agosto de 2008, vencendo na final o Santos de Neymar por 2 x 1, contando com Allan e Phillipe Coutinho, entre outros.

Fora isso, São Januário estava muito bem conservado (o complexo e o campo).

Fora isso, os atletas sob contrato, ao saírem do clube em meio a ele, ensejariam ao Vasco o pagamento de uma compensação financeira. Prova disso o que ocorreu com Pablo e Jean naquele mesmo ano. Aliás sabia o senhor que a pasta referente à transação de Jean não foi apresentada ao Conselho Fiscal da época (segundo o próprio) porque sumira?

Fora isso, o Vasco ainda receberia direitos referentes ao mecanismo de solidariedade de ex-atletas. Transações da gestão Dinamite são inclusive alvo de investigação do Ministério Público em nível federal e estadual a respeito.

Fora isso, o Vasco possuía um colégio dentro do clube e tomava conta, com responsabilidade, de dezenas e mais dezenas de jovens, a ponto do juiz Siro Darlan declarar no próprio canal para onde o senhor trabalha que o Vasco era exemplo neste quesito, surpreendendo-se com o ocorrido em janeiro deste ano com um atleta da base que faleceu aos cuidados do Vasco em Itaguaí.

Fora isso, através de um trabalho de Eurico Miranda e contratados, o clube recuperara mais de 28 milhões de reais em créditos tributários.

O Vasco tinha uma dívida na ordem dos 200 milhões de reais, que, se formos olhar com o devido cuidado, em nada diferia das situações de Flamengo, Fluminense e Botafogo, mas pequenos exemplos demonstram como era a situação do Vasco em relação a seus adversários desta cidade. Citemos um apenas:

Em dezembro de 2007 Vasco, Fluminense e Botafogo acertaram novo acordo junto ao TRT para o pagamento de dívidas líquidas e certas trabalhistas. Pedimos que obtenha informações de qual era a situação do Flamengo na ocasião. Veja a diferença do que se teria que pagar por mês e anualmente por parte de Vasco, Fluminense e Botafogo (lembrando que o Vasco constava do acordo junto ao TRT desde 2004, tal qual os demais clubes citados).

O percentual de 20% (vinte por cento) para constrição judicial que incidirá sobre todas as rendas auferidas pelo BOTAFOGO FUTEBOL CLUBE, garantido o valor mínimo de R$10.000.000,00 (dez milhões de reais), por ano, e R$500.000,00 (quinhentos mil reais), por mês, a partir de 1º de janeiro de 2008;

O percentual de 22% (vinte e dois por cento) para constrição judicial que incidirá sobre todas as rendas auferidas pelo FLUMINENSE FOOTBALL CLUB, garantido o valor mínimo de R$10.000.000,00 (dez milhões de reais), por ano, e R$500.000,00 (quinhentos mil reais), por mês, a partir de 1º de janeiro de 2008;

O percentual de 20% (vinte por cento) para constrição judicial que incidirá sobre todas as rendas auferidas pelo CLUBE DE REGATAS VASCO DA GAMA, garantido o valor mínimo de R$3.000.000,00 (três milhões de reais), por ano, e R$200.000,00 (duzentos mil reais), por mês, a partir de 1º de janeiro de 2008, R$4.000.000,00 e R$250.000,00, a partir de 1º de janeiro de 2009, R$5.000.000,00 e R$300.000,00, a partir de 1º de janeiro de 2010, e de R$6.000.000,00 e R$300.000,00, a partir de 1º de janeiro de 2011;

O que teria sido feito com o Vasco para o clube chegar a essa situação atual?

Isto é algo que a imprensa investigativa tem que concluir ouvindo todas as partes envolvidas, conferindo dados com isenção e imparcialidade, agindo, enfim, em nome de um jornalismo sério e descomprometido com interesses outros que não sejam a realidade dos fatos.

Cabe aqui ressaltar que o senhor pode perfeitamente não ter simpatia por Eurico Miranda, seus métodos, seu modo de agir, etc… É um direito do senhor.

O que não pode é em nome disso vir (após verificação dos fatos aqui expostos) faltar com a verdade ou maquiá-la a fim de defender a indefensável gestão atual, papel que cabe hoje ao capitão da equipe do Vasco, Juninho, principal jogador do time e atleta exemplar, porém no mínimo leviano ao afirmar que viveu no clube situações piores no passado, pois a crise institucional, econômica, financeira e moral de hoje não tem precedentes na história vascaína dos últimos 40 anos, ao menos.

Lembre-se também que a situação atual ocorre sem torniquete financeiro, sem qualquer “coisa conspirativa” (declaração do jornalista Antonio Nascimento em entrevista dada no mês de dezembro de 2011 ao canal onde o senhor trabalha) a qualquer dirigente vascaíno e sem que a lama existente no clube atualmente tenha sido detalhadamente noticiada pela imprensa.

Vale ainda relembrar que já são passados quatro anos e meio da troca de gestão e que a própria administração do clube em 2008 não só tinha na dívida do Vasco algo próximo do dobro do que constava no balanço (na canetada do Sr. Nelson Rocha reajustaria os valores), bem como dizia ter a solução para a questão com filas de investidores e patrocinadores.

Por fim, a certeza que o discurso de ontem no canal PFC foi motivado pelo pouco conhecimento a fundo da situação do Vasco. E também a convicção de que um próximo, se repetido sem a devida apuração dos fatos, obrigará os vascaínos de bem a entender que não haveria comprometimento com a verdade por parte do senhor ao falar do nosso clube para todo o Brasil. Não cremos, entretanto, ser isso possível diante da imagem que temos do senhor, qual seja a de um profissional qualificado, trabalhando numa empresa de ponta e por esses dois aspectos sabedor da responsabilidade que possui perante toda a nação cruz-maltina, cansada de meias verdades ou mentiras reverberadas pela gestão Dinamite, disforme da situação pela qual o clube passa.

Equipe Casaca!


Fonte: Casaca