Numa temporada em que faltou água e dinheiro em São Januário, a corrida de resistência que é o Brasileiro expôs a fragilidade nos bastidores da equipe. Ao perder peças importantes e um lugar na zona de classificação à Libertadores, o Vasco precisa mostrar que ainda tem combustível para reagir a partir do jogo desta quarta-feira, às 20h30m, contra o Internacional, em São Januário, pelo complemento da 32ª rodada. Sem vencer há três jogos, o time do técnico Marcelo Oliveira tem que evitar a aproximação do time gaúcho e se aproveitar da derrota do São Paulo para o Flamengo para ficar a dois pontos do G-4. Os mesmos cinco pontos que tem sobre o Internacional são os que separam o Vasco dos paulistas.
- Terminar em quarto lugar seria um grande presente diante de tudo que aconteceu. Não vejo motivos para deixarmos de sonhar e mentalizar que isso é possível - disse o volante Wendel, que vai jogar novamente na lateral
Alheio aos questionamentos sobre seu rendimento na posição, se exime de culpa nos últimos gols sofridos pelo time e lembra que as alegrias e as dores são compartilhadas:
- O Vasco é um só. Estou aqui para ajudar. Já joguei de zagueiro e até de goleiro quando era do Santos - disse, ao ver nessa vocação para o sacrifício um traço do caráter do time atual. - A prova disso é o Carlos Alberto, que jogou no ataque e fez dois gols
Mesmo com a queda de produção no segundo tempo da derrota por 3 a 2 para o Botafogo, Marcelo vai manter a formação do clássico. A capacidade de adaptação à adversidade tem sido uma marca do Vasco desde a conquista da Série B em 2009, passando pelo acidente vascular de Ricardo Gomes e pela negociação de jogadores importantes que não resolveu as questões financeiras e ainda trouxe prejuízos técnicos. Embora a diretoria tenha pago o mês de agosto para os jogadores que ganham menos, boa parte do elenco ainda está com dois meses de salários atrasados.
- Agora é tiro curto. Nesta fase, em que todo time tem mostrado cansaço, é que entra a superação e a vontade. É hora de tirar um pouco a mais de onde não tem. Por tudo que fizemos, ficaria muito chateado se a gente não chegasse ao G-4 - disse o volante Nílton, um dos remanescentes da campanha que devolveu o time à elite. — Seria muito gratificante poder presentear o torcedor com a volta à Libertadores.
Em janeiro, seja pela qualidade do elenco gaúcho ou pela regularidade dos cariocas, Internacional e Vasco tinham a Libertadores e uma temporada promissora pela frente. À medida em que as ilusões foram ficando pelo caminho, o encontro desta quarta-feira é emblemático de dois times que precisam voltar ao princípio para avançar.
- Apesar das falhas, não faltou bom futebol contra o Botafogo. O que fizemos naquele primeiro tempo temos que fazer nos dois tempos agora - disse Nílton, antes de comentar a posição na tabela, equidistante de Inter e São Paulo. - Estamos meio como a coruja, olhando para frente e para trás ao mesmo tempo.
A visão panorâmica revela um time de rara resistência às condições de temperatura e pressão. Mesmo sob céu carregado ontem à tarde, os jogadores treinaram com empenho e alegria para que o torcedor possa sentir o mesmo diante do convite a seguir o Vasco na reta final.
- São Januário sempre foi um caldeirão, com a força da torcida nosso time tem outra grandeza - disse Nilton, ao tirar do coração o combustível para a última arrancada. - Estamos vivos.
Fonte: Extra online