Forest Graham sempre foi apaixonado por futebol americano. Ainda no ensino médio, ele era um dos destaques do time, mas acabou sendo expulso por conta de uma outra paixão, o rock n' roll. O americano tinha uma banda e deixou os cabelos crescerem, mas a mudança não foi bem vista pelo técnico, que o obrigou a cortar imediatamente aquela juba. Forest não queria mudar o jeito de ser e ignorou as ordens do comandante, mas acabou sendo expulso da equipe e desistiu de seguir no esporte. Depois de arriscar a carreira musical em Austin, no Texas, Forest conheceu um grupo de brasileiros e, juntos, montaram uma banda de samba e pagode nos Estados Unidos. Após um tempo, resolveu trocar a sua terra natal para estudar cavaquinho no Rio de Janeiro e por pouco não tornou-se um sambista. Quando já nem pensava em voltar para o futebol americano, resolveu fazer um teste no Vasco da Gama, sem compromisso, e redescobriu a modalidade.
- Desde pequeno, sempre adorei futebol americano. Aos 15/16 anos, eu era um dos melhores jogadores do time da escola. Na época, eu tocava bateria em uma banda de rock n' roll, queria ser uma estrela do rock, deixei o cabelo crescer, mas o técnico tinha preconceito e disse que eu só teria espaço no grupo se cortasse o cabelo. Eu não queria mudar o meu jeito de ser, não fiz o que ele mandou e acabei sendo expulso. Hoje, eu vejo que poderia ter cortado. Parei de jogar e nem pensava mais em futebol americano.
O sonho de seguir uma carreira profissional no esporte ficou adormecido. Todo o tempo de Forest era dedicado aos ensaios e shows de sua banda de rock. Mas com o fim do grupo, ele ficou perdido, sem saber o que fazer da vida. Até que um dia, conheceu alguns brasileiros que também eram apaixonados por música. O ritmo, no entanto, era bem diferente. Juntos, resolveram montar uma banda de pagode, que tinha em seu repertório canções de samba. Só que ao invés da bateria, o americano passou a se interessar pelo cavaquinho. A vontade de aprender o novo instrumento era tão grande que, após as aulas de português, ele revolveu se mudar para o Brasil para fazer um curso sobre o assunto.
Tudo caminhava para a música, mas um encontro inesperado em uma academia de ginástica carioca fez rumo de Forest mudar, mais uma vez, de direção. O amigo Cristiano o convidou para fazer um teste no time de futebol americano do Vasco e aquele sonho que parecia esquecido voltou a falar mais alto.
- O grupo era muito bom, fazíamos muitos shows em Austin, no Texas, mas terminou depois de um tempo e eu fiquei sem fazer nada. Depois de um tempo, conheci uns brasileiros e formamos uma banda de pagode nos Estados Unidos e eu vim morar no Rio há dois anos para aprender samba e cavaquinho, e já me sinto um carioca. Um dia, eu estava na academia e um amigo me chamou para fazer um teste no time de futebol americano do Vasco. Eu só corria e estava bem mais magro, com 15 quilos a menos do que eu estou hoje. Passei no teste, e redescobri o futebol americano.
Aos 26 anos, Forest conta que não poderia jogar na Liga Nacional de Futebol Americano (NFL) se ainda morasse nos Estados Unidos. De acordo com ele, com essa idade, apenas os craques disputam o campeonato, recordista de audiência no país. Em termos de renda e número de fãs, a NFL é a maior liga de esportes na América do Norte, acompanhada por milhões de pessoas em todo o mundo. Os direitos de exibição custam cerca de 3,1 bilhões de dólares por ano. O valor médio dos clubes avaliado em 2008 é de 1,04 bilhão de dólares, sendo o mais valioso o Dallas Cowboys, valendo 1,612 bilhão de dólares.
- O futebol americano brasileiro é muito diferente do americano. Lá, com 26 anos, como eu, ou você é um dos melhores e está em algum time da NFL ou não joga mais. O jogador só joga depois dos 22 anos se for extremamente bom. É por isso que voltar ao futebol americano com a minha idade parece um sonho, é tão longe da realidade dos Estados Unidos. O esporte está começando por aqui, ainda falta estrutura e apoio, mas o legal é ver que todos fazem isso por amor. Viajamos sempre de ônibus, é cansativo, já viajamos por 18 horas uma vez. Meu sonho é ver o futebol americano lotando os estádios, assim como acontece nos Estados Unidos.
O elenco cruzmaltino ainda conta com um outro americano, Charles Gryglewicz, com descendência polonesa. Natural da fria cidade de Buffalo, no estado de Nova York, o atleta de 26 anos sempre cativou o sonho de morar em um país tropical. Há oito meses, fez as malas e mudou-se para o Brasil. Além de defender as cores do Vasco da Gama, ele trabalha como professor de inglês. Completamente adaptado à vida na Cidade Maravilhosa, ele espera contribuir para o desenvolvimento do esporte.
- Morava em uma cidade muito fria, tinha vontade de morar em um país tropical. Estou no Vasco há pouco tempo, mas quero muito ajudar na evolução do esporte no país. Quando eu digo que jogo futebol americano, as pessoas acham interessante, acho que o esporte tem tudo para se popularizar. Joguei sete anos no time da minha escola, a Sweet Home, e vou usar a minha experiência para ajudar o Vasco a conquistar todos os títulos possíveis - disse o atleta, que está se recuperando de uma lesão no pé direito.