Ex-vice de marketing José H. Coelho publica artigo sobre o momento do Vasco: 'Eu avisei'

Domingo, 21/10/2012 - 06:34

Eu Avisei, a crise chegou e agora a Laranjada

Sabe qual é a diferença entre este ano e o ano passado?
É que no ano passado tivemos eleição no clube e em ano de eleição você já sabe como é, não é?
Como o início de 2011 não foi muito favorável esportivamente ao prazo eleitoral e ao projeto da reeleição do presidente, pela primeira vez na história do clube a própria diretoria “perdeu” o prazo para realizar a eleição que fora anunciada para abril e “a realizou” em agosto, após o fim do próprio mandato terminado em junho. Nem o Eurico tentou fazer isto!
Nestas condições foram anunciadas com pompa as contratações de Diego Souza, Alecsandro e Bernardo. O negócio era ressuscitar a esperança de vitórias após a vergonha do pior início de um Carioca de nossa história, afinal era ano de eleição.
Também foram anunciados durante a campanha eleitoral investimentos como o Centro de Treinamento Quá-Quá-Quá, em área de proteção ambiental, uma gigantesca mentira que o tempo tratou de confirmar e deu no que deu, a área foi inundada pela lagoa de Maricá. Depois veio o anuncio que o C.T. dos profissionais viria em seguida, mas este ano descobrimos que gastamos os nossos recursos no C.T. do Zico. Para não falar do anunciado “ótimo” C.T. de “Itaguaí”, que vem a ser o C.T. do Pedrinho. Este ano descobrimos que não tinha a mínima estrutura para receber a nossa divisão de base e que por total irresponsabilidade social do presidente e seus vice-presidentes, morreu Wendel, um jovem com o sonho de ser jogador profissional.
Ao menos em 2011 os jogadores e os bons profissionais que envolvem o departamento de futebol se encaixaram e nos deram a melhor temporada dos últimos onze anos. Foi um prazer nos ver na disputa, ganhando um título nacional e indo à Libertadores.
Talvez a solução fosse ter eleição todo ano!!!
Quando saí da diretoria em fevereiro de 2009 o fiz porque descobri que este presidente não prestava, hoje todos já sabem. Bastaram-me oito meses no dia-a-dia para ver tudo o que iria acontecer depois. Os erros do presidente foram se multiplicando. Incapaz e fraco é o mínimo.
Na imprensa algumas linhas perdidas em meio às matérias diárias apontavam para a crise que se aproximava: - os atrasos constantes nos pagamentos, fruto da irresponsabilidade financeira da atual gestão que nada fez para resolver conforme prometera os problemas recebidos da gestão anterior, as dívidas cresceram e ainda colocaram o clube diante de novos processos na justiça.
Em fevereiro de 2009 eu avisei.
(entrevista ao Globo Esporte em fevereiro de 2009)
http://www.youtube.com/watch?v=RK9WSZNRPHw
Em 2012 a verdade bate a porta e o presidente na primeira oportunidade vende “de cara” quatro titulares em meio a disputa do campeonato. Quase meio time! Ele abandonou as promessas de campanha, afinal este ano não tem eleição!
Mais uma vez o presidente trai suas promessas, comete mais um estelionato eleitoral e usurpa de sua antiga imagem de ídolo para enganar os vascaínos.
A não criação de estruturas de trabalho adequadas ao futebol profissional, reclamadas por Juninho logo ao final do jogo contra o São Paulo, por falta de pla-ne-ja-men-to é apenas uma gota no oceano.
Em fevereiro de 2009 eu avisei.
A transparência, promessa de campanha, virou trás-parente. Não faltaram notícias dos parentes do presidente “se metendo” em tudo que “desse algum”.
Em fevereiro de 2009 eu avisei.
O outrora Gersinho das Vans virou “empresário” na pujante GenroTur – viagens, imóveis e ingressos, um dos poucos “fornecedores” com os pagamentos em dia (balanço de 2010). Os cunhados, agora já são dois, Leandro e “Leonardo Dinamite”, vão muito bem obrigado, um ganhando muito como “secretaria” e o outro que era fotógrafo da revista do clube (que acabou, em mais um negócio mal planejado), “virou” gerente das franquias Gigante da Colina – incrível! Não podemos nos esquecer do “importante” Vitinho Oliveira, o sobrinho, que desde 2008, sem formação nenhuma, foi “tomar conta” na divisão de base, do gerente, dos amigos, do compadre e dos cabos eleitorais que o presidente lá colocara.
Em fevereiro de 2009 eu avisei.
O nepotismo evoluiu e alcançou outras vice-presidências, sendo o caso mais conhecido e rentável o da V.P. Jurídica onde num negócio de pai para filha foram assinados dois contratos no valor total de R$1,2 milhões. Se o presidente faz porque os outros também não podem? Depois o outro Nelson, “o mago das finanças”, meteu a sua mulher nas franquias, mas se o presidente “deu” outra para as filhas, porque não? E outros o seguiram, o vice de patrimônio e até o “novo” vice de futebol também entrou no negócio. Bingo!!!
Quanto mais dinheiro damos ao clube, mais dele eles se aproveitam.
Conflito de interesses? O que é isto minha gente?
A incompetência do atual presidente foi tomando forma e passou a não ter mais comparação: - divulgou projetos que não aconteceram, assinou orçamentos mentirosos que depois não cumpriu, assinou contratos que causaram prejuízos ao clube, rompeu contratos causando ainda mais prejuízos, é o primeiro presidente em nossa história que teve três balanços reprovados pelo Conselho Fiscal onde a maioria sempre é da situação e é ainda o recordista na perda de vice-presidentes, onze no total, até ontem.
Hoje está claro que o ídolo não esteve à altura de assumir a presidência do nosso clube. Ele preferiu “administrar” se utilizando do Vasco para garantir seus interesses pessoais, familiares e políticos. Continuou pensando pequeno, da mesma forma quando faltou a metade das aulas de fonoaudiologia que contratamos durante a campanha para que melhorasse o seu desempenho na comunicação, pois “aquilo dava muito trabalho”, disse ele.
O presidente ainda mente muito. Quem não se lembra de quando ele mentiu dizendo que os clássicos seriam jogados em São Januário e que não tinha assinado nada? Logo depois tomamos conhecimento que ele antes já tinha assinado um acordo com o M.P. abrindo mão do mando de campo em nosso estádio!
Ele mente todas as vezes que autoproclama sua gestão como honesta. A falta de honestidade administrativa é a principal característica da sua gestão. Muitas decisões são tomadas olhando para outros resultados que não os benefícios para o clube. O máximo o que a sua administração tem é um Ernesto.
Quanto à falta de ética e a imoralidade nos negócios da sua administração acredito que nem preciso me alongar. Estas palavras só aparecem por engano nos e-mails da V.P. de “(I) Responsabilidade Social”. Eu até já avisei para retirarem de lá, mas lá também ninguém toma providências.
Recentemente, depois de um vice-presidente entrar voando pela janela feito passarinho, sem nunca antes ter participado de qualquer debate sobre a situação do clube, começou a cantar aos quatro ventos que ia fazer e acontecer. Deu no que deu: - no “caso Romário” o clube foi colocado contra a parede por incompetência, por não ter acatado as propostas do primeiro ocupante do cargo, que conhecia o “caso” e do próprio Conselho Fiscal. Este passarinho canta desafinado.
Na crise aberta com a saída de três vice-presidentes, onde as críticas ao presidente foram claras, ficou evidente a sua incapacidade administrativa. Seguem por estes dias a dificuldade do presidente “recrutar” vascaínos qualificados para os cargos disponíveis. Sua administração já não possui qualquer credibilidade. Várias foram às recusas, virão novos nomes, mas para tapar buracos e obter carteirinhas.
O que é ainda mais alarmante é a convocação do ex-vice-presidente jurídico, aquele do contrato com a filha no valor de R$1,2 milhões, para atuar como “laranja” na vice-presidência de finanças. Só se for para garantir o restante dos pagamentos à filha ainda não realizados, será? O seu conhecimento na área não existe. Diante de seus maus resultados na pasta jurídica onde causou grandes prejuízos ao clube, como no caso Habib’s, porque o presidente o escolheu de novo? Não tem mais ninguém confiando na sua gestão ou só servem os seus amigos de nepotismo?
A laranjada esta pronta. Podem chamar o garçom.
Por último, foi convocada para o próximo dia 23 uma reunião do Conselho Deliberativo. O ponto mais importante será votar o pedido do presidente para não reprovarem o Balanço 2011 e autorizar um novo prazo de mais 120 dias para o balanço ser refeito. É como se um aluno reprovado pela terceira vez pudesse pedir mais 120 dias para aprender o que não aprendeu durante todo o período. E o balanço “fajuto” que foi publicado para atender a Lei Pelé, será que agora pode ser interpretado como impróprio? Se o próprio presidente o considera impróprio, não será o caso de pedir o impedimento destes administradores? E os “auditores independentes”, serão mesmo independentes? Porque não viram os erros agora assumidos pelo presidente? O que fazer com estes “auditores”, podemos confiar neles? Parece-me que não.
Ainda assim os erros de soma, as notas explicativas, podem ser corrigidos. A dívida com Romário pode ser reconsiderada no balanço, mas os erros de origem, os prejuízos causados ao clube por este presidente precisarão de muito mais de 120 dias para serem recuperados.
Por isto caros vascaínos, ou os conselheiros se posicionam como conselheiros do Vasco e reprovam este balanço ou se apresentam como conselheiros omissos e permitem que o caos continue.
Lá vem o presidente com a bandeja de laranjada, quem vai querer?
Eu avisei.

José Henrique Coelho


Fonte: Supervasco