Três rodadas na liderança, outras nove vezes bem colocado na segunda posição e incríveis 30 oportunidades sentado em uma cadeira do G-4. O retrospecto do Vasco no Brasileirão 2012 não deixa dúvidas de que o cruz-maltino tem elenco suficientemente bom para cavar uma vaga na Libertadores do ano que vem. No entanto, as várias fagulhas acesas ao longo do ano por erros da gestão Roberto Dinamite uniram-se a 10 rodadas do fim e ameaçam implodir a bela campanha. Atualmente em quinto na classificação, a cinco pontos do São Paulo, o time da Colina paga o preço de escolhas equivocadas do presidente. Abandonado por dirigentes durante o ano — diretores de marketing, finanças e futebol pediram demissão —, Dinamite vê os problemas extracampo interferirem no desempenho da equipe. As vendas de Rômulo, Fagner, Allan e Diego Souza, na 11ª rodada, sem reposição à altura, minaram o elenco. A precipitada demissão do técnico Cristóvão Borges após a goleada por 4 x 0 para o Bahia, a eterna guerra de ego entre Juninho Pernambucano e Felipe, salários atrasados e até falta de água em São Januário têm pesado como uma verdadeira TNT na campanha vascaína.
» Vendas equivocadas
Campeão da Copa do Brasil em 2011, o Vasco viu seus heróis da conquista esvaíren-se em menos de um ano. Anderson Martins, Ramon, Bernardo, Élton, Jumar, Márcio Careca, Jeferson, Caíque, Fagner, Enrico, Rômulo, Allan e Diego Souza (foto) foram negociados sem maiores dificuldades. Os três últimos, já com o Brasileirão deste ano em andamento, foram a gota d’água para a queda brusca de rendimento. E a prova disso está nos números. Antes da saída do trio, na 10ª rodada, o cruz-maltino exibia um aproveitamento de 76,6% dos pontos disputados e ocupava a vice-liderança. Hoje, o clube beira os 50%.
» Falta de reposição
Embora a substituição de peças desde o título da Copa do Brasil tenha sido numerosa — chegaram 13 jogadores —, a qualidade deixou a desejar. Enquanto a debandada levou peças importantes do elenco, as contratações (bem mais modestas) não deslancharam. Wendel, William Matheus, Pipico e Auremir até chegaram a ser testados com maior frequência, porém nenhum serviu para devolver o equilíbrio ao time.
» Demissão de Cristóvão Borges
Um dos responsáveis por manter o Vasco em incríveis 54 rodadas no G-4 do Brasileirão, o técnico Cristóvão Borges deixou o clube em 10 de setembro. Após ser goleado pelo Bahia (4 x 0) dentro de São Januário, o treinador chegou a um consenso com a diretoria e abriu as portas para um novo comandante. Anunciado logo na sequência, porém, Marcelo Oliveira sofre por não ter o mesmo conhecimento do grupo de seu antecessor. Tendo sua primeira oportunidade num time de ponta nacional, ele ainda busca a melhor formação e, cada vez mais perdido nos testes, soma um aproveitamento pífio de 38% em sete partidas — dois empates, duas vitórias e três derrotas consecutivas.
» Guerra de egos
Veteranos e ídolos vascaínos, Juninho Pernambucano e Felipe não cultivam boa relação no clube. Praticamente rivais por uma posição no meio-campo, eles diversas vezes deixaram uma partida no intervalo de cara feia, jogando a torcida contra o treinador. Recém-chegado, Marcelo Oliveira tenta como pode mantê-los em campo juntos, mas a falta de gás de ambos costuma prejudicar o sistema defensivo.
» Má fase dos atacantes
Praticamente sem peças no banco de reservas, já que Tenório segue machucado, o Vasco mais uma vez paga o preço do mau planejamento. Sem Élton e até Diego Souza, que fazia a função de centro-avante, o cruz-matlino aguarda ansiosamente o retorno da boa fase dos atacantes Eder Luis (foto) e Alecsandro. Desde que voltou de contusão, o velocista não consegue repetir o desempenho que o fez virar a válvula de escape da equipe. O camisa 9, por sua vez, amarga um longo jejum de nove partidas sem balançar as redes.
» Problemas financeiros
Em meio aos obstáculos dentro de campo, o presidente Roberto Dinamite deixou os problemas de fora interferirem no ambiente dos jogadores. A falta de água em São Januário com o Nacional em andamento — o clube decidiu não pagar uma conta da Cedae por discordar dos valores altamente majorados —, além dos salários constantemente atrasados, deixaram de ser ignorados por líderes do grupo. Porta voz dos atletas, Alecsandro chegou a dizer que se sentia desrespeitado pelo tratamento que os dirigentes davam aos jogadores.
Fonte: Superesportes