Juninho compareceu à sede do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), nesta sexta-feira, prestou seu depoimento e colaborou com os auditores. Absolvido da acusação de conduta irregular na coleta de material para o exame antidoping após a partida contra a Ponte Preta, o meio-campo respirou aliviado. No entanto, em momento algum deixou de demonstrar sua revolta por ser réu no processo. Em sua fala na estreia no tapetão, o experiente o jogador desabafou diante dos advogados.
- Sou um representante do futebol brasileiro, não sou um jogador qualquer. Tenho 900 jogos na carreira e fui acusado de burlar o exame antidoping. Por isso, já estou moralmente punido - disse o jogador para os auditores do STJD.
Quando chegou à sede do tribunal, Juninho se dirigiu a uma sala reservada. Pouco tempo depois, foi acomodado no local do julgamento. Quando sentou na primeira fileira, os auditores ainda discutiam um processo envolvendo Joinville e Ceará, que disputam a Série B do Brasileirão. Durante cerca de uma hora, o ídolo vascaíno conversou com a advogada Luciana Lopes, que defendeu o clube cruz-maltino. A Mário Bittencourt, representante jurídico que defendeu o goleiro Ricardo Berna, do Fluminense, perguntou:
- O julgamento é sempre aberto mesmo? Todos podem assitir?
A sessão foi acompanhada por, entre outras pessoas, jornalistas franceses, pelo advogado Marcos Motta, especialista em direito esportivo internacional, e por Diego Gomes, filho do técnico Ricardo Gomes, que é integrante da procuradoria do STJD.
Inicialmente, o jogador foi tratado como “senhor Antônio Augusto” pelos auditores. Mas quando sentou para prestar depoimento, o presidente da Quinta Comissão Disciplinar, Paulo Bracks, perguntou se poderia chamá-lo de Juninho.
- Quem chama você de Antônio Augusto? - perguntou.
- Minha mãe - respondeu o meia.
Anteriormente, enquanto os advogados discutiam a partida da Série B, Juninho usou algumas vezes um jogo de cartas no telefone celular para aliviar a tensão. O nervosismo veio à tona quando Luciana Lopes o perguntou como ficou sabendo de que sentaria no banco dos réus. Ele conteve o choro e respondeu:
- Foi duro. Fui acordado às seis da manhã com mensagens em francês perguntando o que havia acontecido. Minha família também me perguntou e transmitiu apoio. Depois vou ter de explicar aos jornalistas franceses que estão aqui. A primeira coisa que passou pela minha cabeça foi o fato de eu ser adepto da medicina ortomolecular e poderia ter tomado algo que não foi manipulado corretamente. Mas se fosse esse o caso, eu viria aqui mostrar as vitaminas - disse.
Depois de descrever seus movimentos no vestiário do Estádio Moisés Lucarelli, em Campinas, Juninho lembrou que seria impossível uma irregularidade na coleta de urina, já que fiscais acompanham o exame antidoping. O jogador ainda mostrou-se incomodado por ser questionado sobre sua conduta.
- Estou decepcionado de estar na frente de vocês falando sobre algo que nunca fiz, que é burlar um exame.
Mas mesmo contrariado, Juninho teve seu momento de descontração. Ele virou-se para responder uma pergunta da advogada Luciana Lopes e recebeu do presidente Paulo Bracks o pedido para se virar para os auditores. Então o ídolo respondeu:
- Falar de costas para uma mulher não é legal - brincou.
Fonte: GloboEsporte.com