Boa notícia para Vasco e Fluminense. Juninho Pernambucano e Ricardo Berna foram absolvidos após serem julgados por conduta imprópria na coleta de urina para o exame antidoping. No caso de Juninho, o problema se deu após a partida contra a Ponte Preta, em 23 de setembro. No de Berna, o exame foi realizado em 9 de setembro, em jogo contra o Internacional. Os atletas poderiam ter recebido pena de até dois anos de suspensão do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) nesta sexta-feira porque passaram em seus respectivos vestiários antes de se apresentarem para a coleta de urina.
Vasco e Fluminense foram multados em R$ 3 mil cada por "deixar de cumprir a obrigação legal e o regulamento, geral ou especial, da competição". Seria obrigação dos clubes informar aos atletas o procedimento correto para o exame antidoping, e os dois jogadores alegaram não saber que deveriam ir direto à sala de coleta de urina. A punição poderia chegar a R$ 100 mil.
Antes de saber que seria inocentado, Juninho disse que já se sentia punido apenas pela denúncia:
- De qualquer forma já me sinto punido. Punido moralmente por ter de vir aqui explicar algo que não fiz. Isso já é uma punição. Meu nome foi manchado na França, foi ligado a doping, algo que nunca fiz. Esperava um dia vir aqui, mas para ajudar o futebol brasileiro - disse ao chegar ao STJD.
Em sua explicação durante o julgamento, Juninho afirmou que chegou a informar à comissão antidoping que iria ao vestiário antes de realizar a coleta da urina.
- A comissão de dopagem disse que eu teria que ir direto, mas eu informei que iria pegar minha bolsa e voltava. Tomei banho e depois fui fazer a coleta. Fui ao vestiário, cumprimentei os atletas, tirei minha camisa, tomei meu banho. E o vestiário era próximo do local de coleta. Na minha cabeça durou cerca de 10 minutos - relatou o meia do Vasco.
O médico da CBF, Bruno Gomes da Fonseca, rebateu, dizendo que há formas do atleta burlar a coleta e, por isso, a exigência é de que se vá do campo diretamente para o exame.
Questionado sobre a forma com que sua família recebeu a notícia, Juninho não escondeu a decepção e revelou que chegou a temer que tivesse sido flagrado por alguma substância proibida.
- Foi duro... Jogar há 20 anos e ter o nome manchado por algo que você não cometeu. No início, fiquei preocupado, pois faço medicina ortomolecuar e pensei que poderia ter usado algo que tivesse me prejudicado. Se fosse por isso, pensei em assumir e tentar entender. No segundo momento, acordei com mensagens da família e de franceses. É uma decepção ter que explicar para todo mundo e dizer o que aconteceu - lamentou o vascaíno, que viu seu nome no noticiário esportivo mundial por conta da denúncia.
Ricardo Berna também lamentou a proporção que o caso tomou.
- É prática comum passar primeiro no vestiário para pegar nossa bagagem, tomar banho e assim que concluir o exame, deixar o estádio. Prática comum, às vezes os roupeiros ficam com a mala na porta no vestiário para adiantar. No jogo no Beira-Rio, nós tinhamos um voo próximo ao fim da partida e eu estava próximo ao vestiário, me adiantei para pegar meus pertences e fui barrado por um pessoa do controle de antidopagem. Quando fiquei sabendo que tinha sido intimado, fiquei surpreso. Até pelo hábito de ter sido sorteado várias vezes, havia o entendimento que eu já estava ciente dos procedimentos. Nunca imagiva que tomaria todas essas proporções - lamentou o goleiro tricolor.
Mais cedo, nesta sexta-feira, o presidente da Federação de Futebol do Rio de Janeiro, Rubens Lopes, havia pedido justiça em um comunicado a favor de Juninho no site da entidade.
Assim como o capitão do Vasco e Ricardo Berna, Juan, do Santos, também foi absolvido da mesma acusação em julgamento na última quinta-feira.