O lateral-esquerdo Juan, ex-Flamengo, hoje no Santos, foi absolvido nesta noite de quinta-feira no Superior Tribunal de Justiça Desportiva. O jogador foi a julgamento pelo mesmo motivo que Juninho, do Vasco, e Ricardo Berna, do Fluminense, vão para a pauta do STJD nessa sexta. Ele foi ao vestiário antes de realizar o exame antidoping no jogo Santos e Flamengo (2 a 0, dia 12 de setembro). Juan foi absolvido por unanimidade em dois artigos no Código Mundial Antidopagem e num artigo do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, que fala em conduta contrária à ética esportiva. Apenas o Santos foi advertido, no artigo 191, também do CBJD, com multa de R$ , porque deveria informar melhor o atleta sobre o regulamento.
Durante mais de três horas, falaram sobre o caso o jogador, o advogado de defesa João Vicente Gazolla, o médico do quadro da CBF Bruno Borges de Fonseca e Fábio Duek, coordenador do controle de dopagem da Fifa, que trabalha para a CBF na Federação Paulista de Futebol, além do relator Vitor Butruce e do procurador no caso Caio Medauar. A audiência, aliás, foi marcada por um confronto entre os dois últimos. O relator desqualificou a denúncia e disse até que interessa neste momento é “a disputa de bola, de jogo”. Medauar, antes, tinha chamado de “absurda” a análise de Butruce sobre o caso. Mas na votação, prevaleceu a exposição do relator.
A denúncia inédita que chegou ao STJD fez com que o advogado do Santos questionasse qual interferência havia no jogador passar no vestiário. O médico da CBF respondeu apenas que era possível “manipular através da urina ou de outro medicamento”, embora Juan antes tivesse dito que, na partida contra o “fez o que estava acostumado” e que não se recordava de ter sido avisado que, do contrário, seria julgado pela atitude. Nas palavras do advogado santista, o procedimento de Juan acontece há 10 anos no futebol.
A queixa do advogado santista é que não houve uma notícia formal aos clubes avisando de mudança de procedimento. De fato, o médico da CBF Bruno Borges da Fonseca disse que, anteriormente, o Controle de Dopagem enviava uma carta ao responsável pelos atletas no clube com notificação, mas que “na nova administração, a orientação é que seja feita a denúncia pelo STJD”.
O procurador do tribunal Caio Medauar, porém, percebeu que a atitude “presupõe a intenção de burlar as regras”.
- Não estamos dizendo que esse atleta não tenha boa índole. Mas houve a conduta antidesportiva, o não cumprimento da regra - disse Medauar, que chegou a falar em “absurdo” assim que o relator do caso, Vitor Butruce, deu seu voto pela absolvição de Juan, mas com advertência ao clube.
O relator rebateu a queixa do procurador com dureza. Ele ainda lembrou que a denúncia tentou dizer que o atleta não fez exame ou tentou burlar o resultado.
- Não houve recusa em fazer o teste nem indício de adulterar o resultado. Qualquer pensamento oposto a isso beira o absurdo - disse Butruce, que citou o regulamento da Fifa sobre o caso para lembrar que o da CBF é omisso no assunto.
Curiosamente, antes do fim do julgamento, portanto dos votos dos auditores, o procurador disse que precisava pergar um avião e estava atrasado. Sentindo que a denúncia não teria coro, ele avisou antes de sair: “A gente não reclama de voto, a gente recorre”, disse Caio Medauar antes de ir embora.
Nessa sexta-feira, a partir das 14 horas, Juninho, do Vasco, e Ricardo Berna, do Fluminense, vão a julgamento no STJD.
Fonte: Extra Online