Médicos explicam quando presença da ambulância no campo é importante

Quinta-feira, 18/10/2012 - 18:41

A impossibilidade de a ambulância entrar no gramado da Vila Belmiro para atender o zagueiro Rafael Marques, do Atlético-MG, por conta da ausência de uma rampa de acesso, na última quarta-feira, em jogo válido pela 31ª rodada do Brasileirão, poderia ter tido um desfecho fatal caso o problema do atleta fosse cardíaco. Foi o que disse o médico do Corinthians ao ser questionado a respeito do episódio ocorrido na partida entre Santos e Galo, na última quarta-feira.

- Isso é um questionamento muito grande. A ambulância não precisa entrar no gramado se tiver condições de transportar o jogador com uma maca rígida e um carrinho. A ambulância tem importância maior quando se tem algum problema cardíaco, que precise de um disfibrilador. Para remoção de traumas, não tem muita necessidade se tiver outras opções - declarou Julio Stancat.

O Artigo 16 do Estatuto do Torcedor diz que os clubes precisam disponibilizar uma ambulância para cada dez mil torcedores presentes à partida, além de um médico e dois enfermeiros-padrão para cada dez mil torcedores. No entanto, ele não especifica em qual parte do estádio a ambulância precisa estar.

O LANCENET! ouviu, além do profissional corintiano, os médicos de Botafogo e Flamengo, que minimizaram a relevância da presença de ambulância em casos como o de Rafael Marques, por trauma craniano.

- É claro que a ambulância facilita, mas o procedimento tem que ser feito no hospital, não existe solução no campo - disse o médico do Botafogo, Luiz Fernando Medeiros, que isentou os estádios.

- É certa maldade exigir que todos sejam modernos. A Vila Belmiro é um estádio de sei lá quantos anos (foi inaugurada em 1916), bem antigo, é injusto criticar. O Engenhão foi criado em 2007, tem uma concepção diferente, é mais moderno. É como um edifício em Copacabana que não tem garagem, porque é antigo e na época não tinha carro - comparou o doutor.

O médico do Flamengo, Marcio Tanure, reforçou a afirmação do colega, mas alertou que a ambulância ajuda a facilitar o atendimento.

- A gente sabe que tem alguns estádios que são um pouco mais antigos e não se adaptaram para isso, mas é importante ter uma ambulância para agilizar o processo - afirmou.

Na madrugada desta quinta-feira, o Santos realizou uma vistoria na Vila Belmiro e garantiu que o problema do acesso da ambulância ao gramado será solucionado antes da partida contra o Náutico, no dia 25 de outubro, que é o próximo jogo marcado para o estádio.

MÉDICOS RELEMBRAM CASOS EM QUE AMBULÂNCIA PRECISOU ENTRAR AO GRAMADO

O médico do Timão lembrou de dois casos: um em uma partida do time da categoria de base e outro da equipe profissional.

- Há algum tempo, o goleiro Leandro sofreu um trauma na coluna cervical. Foi em uma partida contra o Atlético Sorocaba, no estádio deles (Estádio Walter Ribeiro, em Sorocaba), mas, felizmente, tinha ambulância e foi tudo tranquilo - disse Julio Stancati.

- O mais recente foi o Alex na partida contra o Santos, pelo Campeonato Paulista do ano passado, no Pacaembu. A ambulância entrou rápido em campo e também deu tudo certo - completou o doutor, que elogiou o acesso do Pacaembu, estádio onde o Corinthians manda seus jogos.

No Rio de Janeiro, os médicos do Botafogo e Flamengo lembraram o episódio envolvendo o então técnico do Vasco, Ricardo Gomes, que sofreu um AVC durante o clássico contra o Fla, no Engenhão. Nesta ocasião, a ambulância entrou rapidamente em campo e levou o treinador para o hospital.

- No Engenhão, a gente tem uma ambulância dentro do gramado, mas eu nunca precisei usar. Mas todo mundo acompanhou o caso do Ricardo Gomes e viu que o atendimento foi rápido - afirmou o médico do Flamengo, que também recordou outra ocasião.

- A gente já teve um caso bem parecido com o de ontem (quarta-feira), este ano inclusive, mas lá a ambulância já estava dentro do gramado. Em um jogo contra o Macaé, lá em Macaé, o goleiro Felipe teve um traumatismo craniano, perdeu a consciência e saiu imobilizado de ambulância para o hospital - lembrou Marcio Tanure.

Já o médico do Fogão diz que nunca passou por situação tão delicada.

- Tive alguns jogadores que precisaram sair de ambulância, como o Felipe Gabriel, em uma partida do Campeonato Carioca, em São Januário. Mas não foi nada urgente - disse Luiz Fernando Medeiros.

Fonte: Lancenet