Fã reúne vasto acervo sobre Romário, que quer peças de volta e fala até em processo

Sexta-feira, 12/10/2012 - 07:32

As prateleiras do colecionador espanhol Dani Crespo têm um lugar especial para uma extensa lista de antigos objetos de Romário, usados ou recebidos pelo Baixinho defendendo Vasco (1985 a 1988) e PSV (1988 a 1993). Torcedor do Barcelona e fã incondicional do ex-camisa 10 do clube, ele fala com orgulho das peças que o craque deixou para trás após trocar o Barça pelo Flamengo em 1995. O problema é que, para o agora deputado federal, esses itens deveriam estar guardados em um depósito na Catalunha, sob os cuidados de um amigo. Ao saber pelo GLOBOESPORTE.COM da coleção de Dani, o tetracampeão ficou surpreso e garantiu que pretende ter os artigos de volta - algo que não está nos planos do espanhol. Para isso, pode até ir à Justiça.

A torcida de Dani pelo Barcelona não significa que sua coleção seja exclusiva de itens ligados ao time. Ainda assim, não há como negar que há um predomínio de “objetos catalães”, do húngaro László Kubala até o argentino Lionel Messi. A parte de Romário reserva dezenas de objetos, como medalhas, fotografias antigas, camisa do Vasco, troféus de artilheiro na época de Holanda e outros prêmios, exibidos em um site chamado "Kubala Cybermuseum". E ele garante que não se desfaz de nada.

- Não pretendo vender nada. O que eu gostaria mesmo era falar pessoalmente com o Romário, numa conversa de fã para ídolo - disse o colecionador espanhol, por telefone.

Romário também quer falar com Dani. Mas para recuperar seus objetos. A versão do espanhol é que os itens foram comprados de um outro colecionador há cerca de seis meses. Já o Baixinho ficou surpreso ao tomar conhecimento que as relíquias não estavam mais em posse de um amigo catalão chamado Daniel Grassi e que teriam parado nas mãos de outra pessoa. Segundo sua assessoria de imprensa, o deputado vai tentar entrar em contato com o fã-colecionador para tentar reavê-los. Caso contrário, uma ação na Justiça não está descartada.

"Romário suspeita de roubo, mas vai contactar amigavelmente o colecionador para que devolva os objetos. Caso ele se negue a devolver, Romário vai entrar com um processo para reaver seus objetos pessoais", informou a assessoria de imprensa de Romário, por e-mail.

Jornal diz que Dani tem medalha olímpica, mas colecionador nega

A coleção de Dani ganhou fama na Espanha no último dia 8 de julho, quando o jornal catalão “Mundo Deportivo” publicou uma matéria com a história. Na versão do diário, Dani Crespo teria mais de 1.000 objetos de Romário. Além dos artigos já citados anteriormente, o colecionador teria posse ainda de alguns itens da vida particular do tetracampeão, como álbuns de fotos do casamento com Mônica Santoro, além da cópia da certidão e do vestido usado pela noiva na ocasião. Haveria ainda a medalha de prata conquistada pelo Baixinho com a Seleção nos Jogos Olímpicos de Seul, em 1988, versão negada pelo espanhol.

- Não tenho a medalha de prata. Tenho outros objetos, mas não essa medalha - afirmou Dani.

De fato, Crespo tem posse de algumas medalhas ditas olímpicas. Trata-se, aparentemente, de uma confusão. Isso porque uma delas teria sido um presente do Vasco, seu clube na época, de honra ao mérito pela participação nos Jogos de 88. A outra foi uma homenagem pela participação no amistoso entre a Seleção olímpica e uma equipe formada por jogadores de Alagoas, como preparação para a disputa em Seul. Na ocasião, o Brasil venceu por 6 a 1, e o Baixinho, que marcou quatro vezes no confronto, foi premiado com a lembrança.

Segundo o jornal catalão, os objetos teriam ido parar nas mãos do colecionador por conta de uma falha do brasileiro, que não os teria armazenado com o devido cuidado quando se mudou. Ao ter notícia da versão contada pelo diário, Romário se mostrou surpreso e garantiu ao GLOBOESPORTE.COM, no dia 22 de agosto, que tudo estava sob os cuidados de Daniel Grass, que, apesar do nome parecido com o de Dani Crespo, é outra pessoa.

- É um amigo meu. A minha mudança ficou na casa dele e ele está tomando conta. Está em boas mãos - disse o deputado federal.

Fã contesta a versão do ídolo

Na primeira resposta ao GLOBOESPORTE.COM, em meados de setembro, Dani contradisse o Baixinho. Segundo o espanhol, que não quis revelar os valores do leilão, os artigos foram comprados de outro colecionador que os detinha há três ou quatro anos. Além disso, não planeja devolvê-los. Seu objetivo é apenas exibi-los no Brasil durante a Copa do Mundo de 2014 e, se possível, ter a chance de ter um contato mais próximo com o ídolo Romário.

- Romário jogou apenas um ano no Barça. Não consigo me recordar com muitos detalhes da passagem dele pelo Barcelona. Lembro que foi muito bom jogador e sou um fã do futebol dele - disse Dani (NR: o ex-atacante atuou no clube catalão do meio de 1993 ao final de 1994 e marcou 53 gols).

Além dos itens referentes ao Barcelona, maioria absoluta em sua prateleiras, Dani diz ter também artigos de clubes espanhóis, como o Sevilla, e outros estrangeiros, caso do inglês Manchester United. César Rodríguez, Samitier, Guardiola e Puyol são outros ídolos catalães com um espaço reservado..

A assessoria de Romário informou que o Baixinho viu as fotos dos seus objetos no site de Dani e depois entrou em contato com Daniel Grassi. O amigo, então, informou que não tinha conhecimento que os itens não estavam mais guardados no depósito e, assim como Baixinho, teria ficado surpreso com a informação. Grassi informou ainda ao brasileiro que tem todos os recibos pagos à empresa que deveria guardar as peças.

Segundo sua assessoria, Romário suspeita de roubo, mas planeja entrar em contato com Dani Crespo para que devolva os objetos. Em caso de uma resposta negativa, o tetracampeão ameaça até entrar com um processo para reaver os artigos.

Após a publicação da matéria, Dani Crespo entrou em contato com a reportagem do GLOBOESPORTE.COM para reforçar que comprou os artigos em um leilão. O colecionador garantiu ter em mãos a papelada que comprova a compra dos itens, que estariam no depósito "há três ou quatro anos". Para ele, pode ter ocorrido um erro por parte do amigo de Romário.

- Não conheço esse Daniel Grassi. Acredito que ele possa ter deixado de pagar o depósito - justificou, dizendo que esta poderia ser uma das razões para que os itens tenham ido a leilão.

Além de garantir que as relíquias, somadas, podem passar de 1.000 (muito por conta do número de fotos isoladas e documentos), o colecionador afirmou que aceita conversar com Romário para resolver o impasse, mas só aceitaria se desfazer dos bens caso houvesse uma contrapartida do tetracampeão.

- Sou colecionador. Se ele quiser recuperar o material, podemos buscar soluções ou uma troca. Eu comprei esse material - concluiu Dani.



Fonte: GloboEsporte.com