Feminino: Entrevista com Keissyane, goleira dos times sub-17 e sub-20 do Vasco

Quarta-feira, 10/10/2012 - 03:30

O que leva uma pessoa a escolher a posição de goleiro no futebol? A pergunta foi feita por essa ser a posição mais ingrata do esporte mais popular do mundo. É o goleiro o primeiro que sobe ao campo para realizar os treinamentos, o único que não tem descanso e o único que não pode vacilar em nenhum momento da partida. O goleiro pode fazer um jogo maravilhoso, fazer 40 milagres, mas se errar uma vez...Se errar uma vez será considerado o responsável pelo insucesso de sua equipe.

No caso da nossa entrevistada de hoje, destaque das equipes sub-17 e sub-20 do Vasco, aconteceu por acaso. Inicialmente a jovem Keissyane tinha como objetivo se tornar profissional na posição de volante, mas o destino pregou uma peça e não permitiu que a jovem conseguisse realizar seu sonho:

- Jogava como volante, mas teve um treino a goleira se machucou e o professor perguntou quem poderia ficar no lugar dela. Como já estava meio cansada, resolvi ir (risos). Fui para um gol por conta de uma necessidade e acabei descobrindo um "dom". Pelo visto fui tão bem que nunca mais quiseram me tirar de lá. Depois desse dia nunca mais quiseram me tirar de lá e acabei me apaixonando pela posição (risos) - conta.

O responsável pela mudança de posição de Keissyane foi Walfrido, preparador de goleiros da equipe sub-20. Ao perceber o enorme talento da garota para a posição, o profissional não pensou duas vezes e a convocou para atuar debaixo das traves. Com orgulho, a jovem dá mais detalhes sobre esse momento:

- Ele me perguntou se eu gostaria de continuar no gol e me apresentou ao treinador de goleiros uma semana depois disso. Vi como era um treino de goleiro, gostei e passei a treinar como goleira. Fui me apaixonando pela posição e hoje em dia não me vejo fazendo outra coisa, a não ser agarrando - revela.

Apesar de Walfrido ter sido muito importante para a carreira de Keissyane, o grande responsável pelo atual sucesso é o pai da jovem. Isso porque foi ele que a incentivou e acreditou no seu talento desde o início. Infelizmente, Sr. Luiz Henrique faleceu antes de ver a filha campeã do Mundo com a equipe sub-17 do Vasco.A perda fez a garota pensar em largar o futebol, mas com o apoio de amigos, familiares e do Vasco, a jovem deu a volta por cima, superou o acontecido e decidiu seguir em busca de seu sonho:

- Só consegui superar por causa do futebol a perda do meu pai, que sempre me apoiou. Eu sempre pensava em desistir depois do acontecido, não queria saber de mais nada, mas pessoas envolvidas com o futebol, comissão e amigos meus, não deixaram eu desistir de um sonho. Eles me deram força para eu continuar - conta emocionada a jovem.

Todo esforço das pessoas próximas a Keissyane valeu a pena, pois hoje a jovem já é considerada uma das principais promessas do futebol feminino nacional na posição. Com garra e força de vontade, a carioca espera chegar a Seleção e continuar dando alegrias para a torcida vascaína. Alguém duvida que ela conseguirá?

Entrevista exclusiva com Keissyane Santos, goleira das equipes sub-17 e sub-20 do Vasco:

Conta um pouco sobre sua trajetória no Futebol Feminino.

"Comecei a jogar futebol com 13 anos de idade. O primeiro clube que joguei foi o Vasco. Comecei lá em 2009 e estou até hoje graças a Deus. Foi lá onde tudo começou, confesso que quando entrei eu não era goleira (risos). Jogava como volante, mas por foi para um gol em um treino por conta de uma necessidade e acabei descobrindo um "dom". Depois desse dia nunca mais quiseram me tirar de lá e acabei me apaixonando pela posição (risos). Hoje em dia o Walfrido até brinca dizendo que descobriu meu dom. Graças a Deus sempre tive o apoio de toda minha familia e amigos".

Como foi que você chegou ao Vasco? Conta um pouco sobre essa história e diz o clube representa para você hoje em dia.

"Eu sempre gostei de futebol. Apesar de ter feito outros esportes, o que mais me encantou foi o futebol mesmo. Sempre joguei em rua com meninos de minha idade e até mesmo com mais velhos. Meu pai não gostava muito de vê a "caçulinha" dele jogando no meio dos grandalhões (risos). Daí quando ele ficou sabendo que tinha Futebol Feminino no Vasco, ele resolveu me levar para fazer uma peneira. E graças a Deus fui bem feliz e passei. O Clube de Regatas Vasco da Gama representa muito em minha vida, pois abriu uma porta para a realização do meu sonho".

Então quer dizer que você começou como volante? Conta um pouco mais sobre essa sua passagem para o gol.

"Comecei sim (risos). Eu passei como volante, mas teve um treino a goleira se machucou e o professor perguntou quem poderia ficar no lugar dela. Como já estava meio cansada, resolvi ir (risos). Pelo visto fui tão bem que nunca mais quiseram me tirar de lá. O professor responsável por isso foi o Walfrido, que perguntou se eu gostaria de continuar no gol e me apresentou ao treinador de goleiros uma semana depois disso. Vi como era um treino de goleiro, gostei e passei a treinar como goleira. Fui me apaixonando pela posição e hoje em dia não me vejo fazendo outra coisa, a não ser agarrando".

Ao longo desse período quais foram as maiores dificuldades que você enfrentou?

"Teve uma que só consegui superar por causa do futebol, que foi a perda do meu pai que sempre me apoiou. Eu sempre pensava em desistir depois do acontecido, não queria saber de mais nada, mas pessoas envolvidas com o futebol, comissão e amigos meus, não deixaram eu desistir de um sonho. Eles me deram força para eu continuar. Fora essa dificuldade que foi a que doeu mais em mim, tiveram as lesões. Uma contusão lombar em 2010 e no começo desse ano uma lesão no ombro esquerdo. Essa última me deixou seis meses parada".

Quem mais te ajudou a superar essa perda? Podemos dizer que seu pai é o maior responsável por essa sua história no futebol?

"Com certeza! Ele fazia de tudo para fazer minhas vontades, ainda mais as relacionadas ao futebol. Ele particularmente não gostava de futebol, só de vê mesmo, nunca foi bom jogando, ele dizia. Apesar disso, sempre esteve do meu lado. Mesmos nas dificuldades, ele arrumava dinheiro para comprar uma chuteira nova pra mim e me dava dinheiro de passagem para ir treinar. Além disso, ele me dava muito apoio moral e isso conta mais que tudo. Amigos e familiares souberam me confortar no momento da perda e por isso sou muito grata a todo".

Como tem sido sua trajetória no Vasco até agora?

"Graças a Deus tem sido maravilhosa. Posso dizer que tenho bastante titulos com o Vasco. Em 2009, ano que comecei, participei do meu primeiro campeonato Estadual sub-16. Não ganhamos, mas já foi um começo maravilhoso. Em 2010 fui campeã da Copa Almirante e foi escolhida destaque por ter sido a goleira menos vazada. Tenho dois titulos de campeã da Liga de Nova Iguaçu, e tenho o de campeã Estadual do ano passado. O mais grandioso foi o Mundialito lá em Portugal que conquistei nesse ano. Estamos agora indo buscar no Bi do Estadual sub-17".

Como foi para você conquistar um Mundial com a camisa do Vasco? Lembrando que vocês foram as primeiras a conquistar um Mundial para o futebol feminino brasileiro.

"Foi Emocionante demais! Eu fico muito feliz por fazer parte de uma equipe tão boa e que foi a primeira a conquistar um título tão importante como esse. Me sinto lisonjeada por estar entre essas meninas, nesse grupo em geral".

Quando o jogo decisivo estava 0 a 0 você fez uma defesa espetacular com a mão trocada. Conta um pouco sobre esse lance.

"Deus ajuda quem trabalha! Levo essa frase comigo sempre e acredito que Deus me iluminou naquela hora para que eu pudesse fazer o que eu sei de melhor, que é agarrar. Devo tudo isso ao meu ex-preparador Charles. Acredito que sem ele não teria feito nem a metade do que eu fiz lá em Portugal. Gostaria de agradecer a comissão por ter acreditado em mim logo depois de uma contusão no ombro. Só retribui a força e o carinho que recebi de todos com mais vontade ainda. Graças a Deus fomos bem felizes".

Quais são seus objetivos daqui para frente? Seleção é um sonho para você?

"Meu objetivo é conquistar mais títulos com a camisa do Vasco. Sonha em chegar em uma seleção sim. Acredito que todos os atletas de diversos esportes almejam chegar à uma seleção de base e com um tempo a principal".

O que você espera do Estadual que começará em breve?

"Espero que possamos mostrar o nosso trabalho em grupo da melhor maneira possível. Temos que jogar com ousadia, alegria, determinação e responsabilidade. Fazendo isso ficaremos perto de ganhar esse título".

Você tem uma concorrente de luxo no atual elenco sub-17: Ana Beatriz. Como é sua convicência com ela, sua relação?

"Temos uma relação muito boa graças a Deus. Somos amigas dentro e fora de campo. É sempre uma respeitando a outra, procurando ajudar. Não temos nenhuma rivalidade por "estarmos" disputando uma vaga no gol, pelo contrário, sempre procuramos nos ajudar, ajudar a equipe em geral. Acho que é assim que funciona com ela e com as outras das categorias acima e abaixo de nós".

Que mensagem você deixaria para as pessoas que estão te conhecendo nesse momento?

"Que eu sou uma menina simples e que deseja realizar seus sonhos. Prometo que vou ajudar o Vasco da melhor maneira possível a conquistar muitos e muitos títulos. Espero que as pessoas possam apoiar o futebol feminino. Se fizeram isso, com certeza nós iremos retribuir da melhor maneira possível".






Fonte: Blog Futebol Feminino CRVG