Os problemas com a comercialização de ingressos nos jogos do Vasco em São Januário são antigos. As reclamações dos torcedores vão desde o tumulto nas filas em partidas de maior relevância até o esgotamento da carga disponível de forma precoce. Nos últimos dias, a oposição do clube fez uma denúncia por meio da Internet na qual alegou que bilhetes para conselheiros, presidência e patrocinadores - considerados gratuidades – são repassados para as mãos de cambistas. Por sua vez, a diretoria cruzmaltina assegurou desconhecer a prática.
Segundo a Cruzada Vascaína, os ingressos são vendidos de forma ilegal na entrada principal da Colina histórica por um preço maior do que o original. Estima-se que cerca de 600 bilhetes são distribuídos entre conselheiros, cortesia presidencial e patrocinadores. Na partida do último sábado, quando o Vasco venceu o Figueirense por 3 a 1, as gratuidades passaram de 3 mil, incluindo idosos e crianças até 12 anos. A renda foi de R$ 168.510,00 para 5.062 pagantes.
O problema parece sem solução, já que segundo os denunciantes a ouvidoria do Gigante da Colina não costuma responder. Além disso, a pressão dos cambistas em cima dos torcedores para a compra de ingressos é constante. Até a venda de produtos piratas na porta da loja oficial do Vasco já foi denunciada. Conselheiro do clube e presidente da Cruzada Vascaína, Leonardo Gonçalves afirmou que a administração peca pela omissão em um momento no qual as receitas são fundamentais.
“Somos contra essa política. A relação fica contaminada a partir do momento em que se aceita ingressos. Confiamos no caráter dos conselheiros, mas isso gera um problema. O conselheiro que não sente a mesma dificuldade do torcedor e do sócio para comprar ingresso jamais vai brigar para melhorar determinadas questões. Na situação do Vasco qualquer receita é sagrada, já que falta dinheiro até para pagar a conta de água. Não podemos desperdiçar 40% ou 50% da renda de um jogo em gratuidades. O clube precisa dificultar a vida dos cambistas, pois é uma atividade ilegal. Isso acontece há muito tempo e não percebemos qualquer movimentação para combater a atividade. O Vasco peca pela omissão”, comentou.
Um dos denunciantes publicou na Internet a imagem do ingresso ao qual teve acesso na partida entre Vasco e Grêmio, pela 1ª rodada do Campeonato Brasileiro. No bilhete, a inscrição “Cortesia, venda proibida” atribuída à empresa Microsis, ligada diretamente ao vice-presidente geral Antônio Peralta. O dirigente foi procurado pela reportagem, mas não respondeu aos telefonemas.
Vice-presidente jurídico do Vasco e um dos membros mais ativos na administração após debandada recente na cúpula de Roberto Dinamite, Aníbal Rouxinol disse que a diretoria desconhece a prática favorável aos cambistas e defendeu o repasse de ingressos para conselheiros. Segundo ele, as denúncias são feitas regularmente em relação aos bilhetes falsos.
“Não temos conhecimento e acho muito estranha a venda de cortesias. Os conselheiros recebem dois ingressos. Isso para os conselheiros atuantes, que são no máximo uns 100. Esses membros estão diretamente contribuindo com o Vasco. Não são tantas cortesias como dizem. A sua empresa faz um baile e você não vai ganhar convite para levar sua mulher? Claro que vai. Continuamos a denunciar ingressos falsos e os problemas que detectamos. Se acontecessem todas essas situações o Vasco perderia receita, o que não é o caso”, encerrou.
Fonte: UOL