Filha de Barbosa quer erguer estátua e reformar túmulo do ex-goleiro

Sábado, 29/09/2012 - 12:12

Ninguém mais do que o ex-goleiro Barbosa carregou o peso do dia 16 de julho de 50. Naquela data, com o Maracanã transbordando de gente, o camisa 1 brasileiro foi apontado como responsável pelo título do Uruguai na final da Copa. Agora, 62 anos depois do atacante Ghiggia sepultar o sonho do primeiro título brasileiro, a mesma trave que amaldiçoou Barbosa será o instrumento para a perpetuação de sua memória.

Para reformar o túmulo do pai e erguer uma estátua em praça pública, na cidade de Praia Grande, São Paulo, Tereza Borba, filha 'do coração' do goleiro, quer vender ou leiloar o pedaço da trave que marcou a História. Há 15 dias, ela foi presenteada pelo historiador mineiro Fernando Magalhães, que detinha uma tora de 30 centímetros da baliza original.

As traves usadas na final de 1950 foram doadas à Prefeitura de Muzambinho por Uzias Oliveira, então conselheiro da ADEG, responsável pela administração dos estádios do antigo Estado da Guanabara. Após uma restauração, o carpinteiro responsável pelo trabalho, amigo do pai de Fernando Magalhães, deu a peça ao historiador, que entregou uma metade à herdeira do ex-goleiro.

– Não faço de ideia de quanto pode valer essa peça de museu. Talvez uns R$ 50 mil ou R$ 100 mil. Mas venderei caso alguém faça uma boa proposta. Quero deixar o túmulo do meu pai lindo e erguer uma estátua. O mármore quebrou, a foto apagou e quero que ele seja lembrado pelo que foi: o melhor goleiro da História – disse Tereza ao LANCENET!

Uma baliza reformada está na Casa de Cultura de Muzambinho, e a outra parte da que foi 'fatiada' pertence a um fazendeiro local. Em um país famoso por não preservar a memória, surge uma chance de reconciliação com o passado. Mesmo que isto custe caro.

FILHA QUER HOMENAGEM

A filha do ex-goleiro reclamou da falta de consideração por parte das autoridades do Maracanã para com seu pai. Tereza contou ao LANCENET! que ficou sentida com a ausência do goleiro na Calçada da Fama do Maracanã, espaço que eterniza as pegadas e mãos dos grandes nomes que fizeram História no estádio carioca.

– Enquanto estiver viva, tentarei preservar a memória do meu pai. Os jovens precisam conhecer e reverenciar sua trajetória de vida, não só o tempo em que defendeu o Vasco e a Seleção Brasileira – disse Tereza Borba ao LANCENET!.

A vida do goleiro está intimamente ligada ao palco da final da Copa de 50. Após pendurar as luvas, Barbosa trabalhou no estádio até sua aposentadoria. O goleiro chegou a dar aulas no Parque Aquático Julio Delamare, parte do complexo esportivo do Maracanã. Ele também se aposentou como servidor do estádio.

MEMÓRIA

Tereza contou que praticamente todo o acervo do ex-goleiro foi doado ao Vasco, clube mais identificado com Barbosa. Dentre as peças de maior destaque, Tereza mencionou a faixa do título sul-americano de 1948.

Com a palavra

Fernando Magalhães, historiador e doador de pedaço da trave à filha do ex-goleiro Barbosa

'Entendo que a trave também é do Barbosa'

Sempre ouvi que as traves da final da Copa de 50 estavam em Muzambinho, interior de Minas Gerais, mas sempre achei que era folclore. Chequei com os envolvidos no episódio do transporte da trave do Maracanã até aqui e vi que era tudo verdade mesmo. Não faço ideia de como mensurar o valor de uma coisa como essas, é como se fosse o taco de baseball de alguma final histórica. Serrei uma parte e dei à filha do Barbosa por entender que aquilo era dele.

Histórias da trave

Tragédia
A original (parte em posse da filha de Barbosa) foi usada na Copa do de 50 e ficou marcada pelo gol do uruguaio Ghiggia que tirou do Brasil o título.

Transporte
A Fifa proibiu traves de madeira. As balizas foram levadas para o Estádio Municipal de Muzambinho (MG).

Relíquia
Após restauro, parte ficou em uma marcenaria. Historiador herdou e deu parte à família de Barbosa.

Herança
Filha de Barbosa quer colocar peça a leilão para arrecadar fundos que custearão estátua e reforma do túmulo do ex-goleiro.

Fonte: Lancenet