Mesmo longe do Vasco, Diego Souza voltou a ser assunto em São Januário nos últimos dias. Por causa do atraso nos pagamentos pela transferência do meia para o Al-Ittihad, da Arábia Saudita, o Gigante da Colina foi à Fifa. Mais do que isso: o presidente Roberto Dinamite afirmou em entrevista ao "Lance" que já não descarta desfazer o acordo e trazer Diego de volta ao Vasco. Mas a ideia, ao que parece, não agrada ao jogador.
Em entrevista ao band.com.br, Diego declarou, por e-mail, que não pensa em um retorno e está com o foco voltado para o Al-Ittihad, onde chegou com status de grande contratação.
O dinheiro envolvendo o negócio não foi o único motivo de cizânia. O ex-vice-presidente de futebol José Hamilton Mandarino afirmou que Diego havia deixado o Vasco por vontade própria, versão negada pelo jogador, que disse ter se sentido pressionado a sair. O meia não quis tocar no assunto e deu a questão como página virada.
Mas Diego não se priva totalmente de falar sobre o Vasco. O meia considera um erro a saída de Cristovão Borges, tanto para o clube quanto para o treinador. No entanto, ainda vê chance de título brasileiro, mesmo sem o técnico e após perder quatro jogadores – ele próprio entre os negociados.
Enquanto o Vasco ferve em crise, Diego tenta triunfar no Al-Ittihad. O time disputa as quartas de final da Liga dos Campeões da Ásia, que dá uma vaga no Mundial de Clube. Se vencer, encara o Monterrey-MEX por um lugar na semi contra o Chelsea. Mas até o Japão o caminho longo. Antes ele quer se firmar no time e fazer seu nome, mesmo que seja pela metade. “’Diego Souza’ é muito complicado, então eles estão me chamando só de ‘Souza’”, explica.
Confira a entrevista na íntegra:
Na sua chegada, a torcida do Al-Ittihad lotou o aeroporto de Jeddah com cartazes e grafaram seu nome como ‘Deigo Suaza’. Eles já acertaram seu nome ou ganhou um apelido? E você, aprendendo a falar alguma coisa de árabe?
O nome Diego Souza é muito complicado, então eles estão me chamando só de Souza. Aprendi a falar algumas coisas básicas para ter um bom convívio com as pessoas, como ‘obrigado’, ‘tudo bem?’ e ‘como vai?’.
Como está sendo a adaptação? A família foi junto para a Arábia Saudita?
A adaptação está sendo muito boa. As pessoas são muito educadas e nos tratam com muito respeito. Fazemos só um treino por dia e sempre na parte da noite, quando o calor não é tão forte. Meu pai estava aqui comigo desde o início e recentemente voltou ao Brasil. Agora estou com minha esposa e filha.
O Al-Ittihad está perto de confirmar a vaga na semifinal da Liga dos Campeões da Ásia (venceu o jogo de ida contra o Guangzhou Evergrande-CHI por 4 a 2. Diego marcou um gol). Já se imagina jogando o Mundial? Já pensou na possibilidade de enfrentar o Chelsea em uma semifinal?
Jogar o campeonato Mundial é o sonho de todo atleta em qualquer lugar do mundo, mas não adianta pensar em Mundial sem antes conquistar a Liga dos Campeões da Ásia. Nosso objetivo é vencer os jogos que ainda restam para tentar o título e, consequentemente, a vaga no Mundial.
E como foi enfrentar o Guangzhou Evergrande e o encontro com o Conca?
Foi um grande jogo. É uma equipe muito forte, com excelentes jogadores. Sabíamos da necessidade de tomar muito cuidado com o Conca e principalmente o Muriqui (ex-Vasco e Atlético-MG). Ele é rápido e de ótima finalização, se tornou ídolo no futebol chinês. Felizmente conseguimos fazer um bom placar em casa.
Você acha que a mudança para o futebol árabe reduz suas chances de um lugar na seleção brasileira?
Não paro para pensar nisso. A seleção brasileira conta com jogadores muito qualificados. Se eu estiver jogando bem, marcando gols e ajudando o Al-Ittihad, posso ter chances na seleção como qualquer outro jogador brasileiro.
Tem acompanhado o futebol brasileiro e o Vasco? Quem você acha que é o favorito para o título do Brasileirão?
Estou sempre procurando ver os jogos do Vasco e acompanhando as notícias que saem do time. Tenho um carinho muito grande por todos do clube e também com a torcida vascaína, que sempre me tratou com muito respeito. Apesar de ter passado por uma fase não muito boa recentemente, acredito que o Vasco ainda tenha totais condições de buscar o título.
O Vasco perdeu quatro jogadores praticamente de uma só vez – você entre eles. Reconhece que o time sente sua falta e ainda não conseguiu um substituto para cumprir a mesma função?
Acredito que o Vasco tenha totais condições de jogar em alto nível com o atual elenco.
O que você achou da saída do Cristovão Borges?
Não acredito que tenha sido a melhor opção para o clube e para o próprio Cristovão. O Vasco vinha se mantendo entre os líderes da competição e disputando títulos graças ao bom trabalho realizado por ele. Agora desejo sorte ao Vasco com o novo comandante e sucesso no novo caminho do Cristovão.
Quando lembram da campanha do Corinthians na Libertadores, sempre citam como grande momento do goleiro Cássio a defesa que fez em um chute seu, no jogo do Pacaembu. Isso ainda te incomoda ou já apagou isso da memória? E o que você acha que a torcida do Vasco lembra mais?
O próprio Cássio já deu declarações afirmando que aquela defesa havia sido uma das mais difíceis e importantes da carreira dele. Tentei tirar o máximo do goleiro para marcar o gol, mas infelizmente o Cássio teve muita qualidade para fazer a defesa. Acredito que a torcida do Vasco não lembre de mim somente por esse lance. Fiz gols importantes e conquistei a Copa do Brasil com o clube.
Você emitiu uma nota dando sua versão sobre sua saída do Vasco recentemente. A que ponto os problemas extracampo te atrapalham e o que faz para manter o foco no seu futebol?
Isso já faz parte do passado.
Como recebeu a notícia de uma possível volta ao Vasco? Passa pela sua cabeça retornar ao clube?
O Vasco foi um clube que aprendi a gostar bastante, mas no momento tenho contrato com o Al-Ittihad e minha cabeça está totalmente focada em ajudar o clube a conquistar títulos.
Fonte: Band.com.br