Está marcada para as 16h30m de quarta-feira a reunião entre o presidente do Tribunal de Justiça do Rio, desembargador Manoel Alberto Rebêlo dos Santos, e os dirigentes de clubes de futebol e representantes. O encontro busca discutir propostas de controle da violência nos estádios.
Um primeiro encontro aconteceu no dia 4 de setembro, quando foram discutidas medidas como cadastramento das torcidas organizadas, identificação dos torcedores, interceptação telefônica e na internet, suspensão, responsabilização dos clubes de futebol e dos seus dirigentes, além da ampliação da competência dos Juizados Especiais Criminais nos estádios, que passariam a atuar nos demais crimes e não só naqueles de menor potencial ofensivo.
“Nós temos que dar uma resposta digna à sociedade. Esses bandidos travestidos de torcedores têm que ser eliminados dos estádios. Ou nós agimos ou seremos cobrados pelo que virá. Seremos tragados pela violência de meia dúzia de bandidos que matam e agridem sem motivação alguma, apenas porque torcedores estão vestidos com a camisa de um time de que não gostam”, afirmou, em nota, o presidente do TJ.
Há um mês, o comandante do Grupamento Especial de Atendimento em Estádios (Gepe), tenente-coronel João Fiorentini, afirmou que muitos líderes de torcidas organizadas rivais remarcam, por telefone, os embates agendados pelas redes sociais ao serem descobertos pela polícia. O tenente-coronel disse na época que iria sugerir aos clubes de futebol o corte de ingresssos e benefícios de torcidas organizadas que se envolverem em brigas e agressões aos grupos rivais.
Após uma confusão envolvendo a torcida organizada Young Flu, quando 21 integrantes foram presos em flagrante por espancar e assaltar dois torcedores do Vasco da Gama na estação ferroviária do Engenho de Dentro, a chefe de Polícia Civil, delegada Martha Rocha, entrou com uma representação no Ministério Público pedindo a proibição da torcida nos estádios, a exemplo do que já havia acontecido com a Torcida Jovem Fla. A delegada anunciou na ocasião que todos os casos envolvendo briga de torcidas e crimes praticados por torcedores de futebol seriam tratados por um núcleo formado por sete delegacias da Polícia Civil.
A Divisão de Homicídios — que até então tinha a atribuição de investigar assassinatos apenas na capital — passa a trabalhar em todo o estado sempre que houver assassinato atribuído a torcedores, segundo a chefe de Polícia Civil.
— Não somos contra o direito do torcedor ir ao estádio assistir as partidas do seu clube, mas não podemos tolerar a prática de ações criminosas — disse.
Marta Rocha garantiu ainda que o núcleo vai ter ampla atuação, cuidando não só de torcedores, mas atuando também em grandes eventos. Marta anunciou ainda que a partir de agora qualquer homicídio que ocorrer dentro de estádios, com suspeita de envolvimento de torcidas organizadas, será investigado também pela Divisão de Homicídios.
Em agosto, uma briga generalizada entre torcedores de Flamengo e Vasco deixou um homem morto em Tomás Coelho, na Zona Norte. Durante a confusão, o vascaíno Diego Martins Leal foi baleado e não resistiu ao ferimento. Um rubro-negro se feriu, mas sem gravidade. Cerca de 50 torcedores que se envolveram no tumulto foram detidos e levados para a 44ª DP (Inhaúma), onde o caso foi registrado. A confusão no dia de clássico não ficou limitada à Zona Norte. Houve outro confronto na Taquara, próximo ao largo do Tanque, na Estrada do Cafundá. Nesse caso, policiais do 18º BPM (Jacarepaguá) foram ao local e prenderam sete torcedores, sendo três rubro-negros e quatro vascaínos. De acordo com a Polícia Militar, na confusão, seis pessoas ficaram feridas, sendo duas a tiros. Os disparos atingiram o abdômen de uma das vítimas e a coxa da outra.
Fonte: Globo Online