Vasco e Diego Souza sonhavam que a negociação para o Al Ittihad, da Arábia Saudita, seria benéfica financeiramente para as duas partes, mas começam a viver um pesadelo. O clube do Oriente Médio não pagou pela compra dos direitos econômicos, e o departamento jurídico cruz-maltino decidiu acionar a Fifa nesta terça-feira. A última cartada, após dois meses de negociações amigáveis, foi a ida do advogado do jogador à sede local. Mas ainda não se ouviu notícias. Por isso, não há muita esperança de que haja uma solução.
Dono da fatia de 33,3% do meia, o time carioca tem a receber cerca de R$ 6 milhões no total. O restante pertence à Traffic, que também buscou um acordo, sem sucesso, por intermédio de sua direção internacional. Como uma prova de que o caso não será mesmo simples, nem mesmo o ex-camisa 10 da Colina teria visto a cor do dinheiro. Salários e luvas estão atrasados. Enquanto isso, Diego Souza esquece o problema, marca gols e já até deixou sua equipe mais próxima de ir ao Mundial de Clubes organizado pela entidade máxima, em dezembro.
Em contrapartida, o Al Ittihad diz que a primeira parcela já foi financiada por uma empresa parceira, mas as regras da Fifa atestam que a transação precisa acontecer entre os clubes, e a grana (cerca de R$ 2,5 milhões) ficou retida no Banco Central até que se defina uma nova forma de acerto. A segunda parcela venceu em agosto e não saiu de nenhum dos cofres.
O Vasco notificou os árabes três vezes e já utiliza o termo calote. Levar a disputa para a Fifa, contudo, era o último recurso, pois o órgão que comanda o futebol prioriza impasses em que o jogador fica impedido de trabalhar, como o zagueiro Renato Silva, finalizado de forma relativamente rápida. Por se tratar de um caso financeiro, o parecer pode sair só em 2013. A diretoria prepara uma petição na qual destaca a necessidade do dinheiro para pagar salários, que já estão atrasados de novo e não há, hoje, previsão de recurso para honrar o compromisso.
A pressa é justificada pela crise financeira vivida pela gestão de Roberto Dinamite, que herdou dívidas trabalhistas (a principal é a do antigo Vasco-Barra, em aproximadamente R$ 11 milhões - R$ 4 milhões foram quitados) e acumulou outras, como a que envolvia vascaínos ilustres, que investiram na contratação de jogadores, em 2010. Entre eles estão o ex-vice de futebol, José Hamilton Mandarino, e o presidente da Assembleia Geral do clube, Olavo Monteiro de Carvalho. Os montantes das vendas de Fagner (R$ 2,5 milhões) e do volante Romulo (quase R$ 10 milhões) foram gastos nisso e também na aquisição de reforços para repor o elenco, como Jonas (R$ 1,5 milhões) e Auremir (R$ 500 mil).
A mais recente é a conta da companhia estadual que fornece água no Rio de Janeiro, que não foi quitada por quatro meses, gerou corte da distribuição por uma semana e fez o Vasco parcelamento de 36 vezes de cerca de R$ 40 mil, perfazendo mais de R$ 1,3 milhões.
Fonte: GloboEsporte.com