O Vasco não pagou a conta de água, renegociou a dívida de R$ 1,3 milhão com a Cedae, mas recebeu quase 10 vezes mais de dinheiro com as transações de Rômulo e Fagner apenas. A conta soa estranha e permite interpretações, como a da torcida que estendeu faixa questionando o destino de recursos depois que “vendeu o time inteiro” - como estava na inscrição do protesto vascaíno. Mas a diretoria alega que gastou tudo que entrou no caixa - cerca de R$ 9 milhões de Rômulo, mais R$ 2,5 milhões de Fagner - para pagar dívidas com investidores, quitar salários e até com a equipe jurídica que enfrenta mais de 80 processos na Justiça - alguns milionários, como do Vasco-Barra (R$ 11 milhões).
A situação caótica pela qual vive o clube é ainda maior porque o Vasco não viu a cor do dinheiro da venda de Diego Souza e nem de Allan. O primeiro, vendido por US$ 6 milhões ao All-Ittihad, empacou no Banco Central. Já do volante, o Vasco não recebeu da primeira negociação, em 2010. O clube tinha R$ 1 milhão para receber do Madureira - dono de outra metade dos direitos econômicos - na transação para um clube uruguaio. O Vasco entrou na Justiça este ano e o Tricolor Suburbano alegou dívida antiga das vendas de Leo Lima e Souza ao CSKA Sofia para não fazer o repasse.
Procurado pelo Jogo Extra, o presidente do Madureira, Elias Duba, disse que acredita num entendimento com o presidente Roberto Dinamite.
- O Roberto não reconheceu a dívida do Vasco com a gente e entrou na Justiça. Nos defendemos e ainda pedimos o pagamento da diferença - explica Duba. Na ação, disponível no site do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, o Madureira alega que tem crédito de R$ 45 mil mesmo se pagar R$ 1 milhão ao clube de São Januário.
Vascaínos reembolsados
O diretor geral do Vasco, Luiz Gomes, diz que a receita serviu para pagar a empresa Patty Center (Vasco-Barra) e outras dívidas.
- Pagamos mais de R$ 4 milhões só nisso (Vasco-Barra) e ainda zeramos o passivo com investidores, com cerca de R$ 5,1 milhão - explica, se referindo a 11 “vascaínos ilustres” que investiram em reforços em 2010 - entre eles, o ex-vice de futebol José Hamílton Mandarino e o presidente da Assembleia, Olavo Monteiro de Carvalho. Segundo Gomes, estava previsto no contrato esse retorno do investimento em caso de futura venda.
Enfiado numa crise financeira, o clube busca solução para receber recursos da venda de Diego e Allan. E já atrasa salário e direitos de imagem novamente. Com os recursos de Fagner e Rômulo, dois meses de direitos de imagem foram pagos (R$ 1,4 milhão para sete jogadores).
O clube ainda usou a verba para pagar a compra de Tenorio e do lateral Jonas.
- Ainda temos para receber quase R$ 5 milhões do Diego Souza e do Allan. Vai ajudar muito - diz Luiz Gomes.
Fonte: Extra Online