O dia 16 de dezembro de 1989 não sai da cabeça dos vascaínos. Na ocasião, o Cruzmaltino venceu o São Paulo por 1 a 0, no Morumbi, e conquistou o bicampeonato brasileiro. Autor do gol do título, o ex-atacante Sorato está de volta ao clube que o revelou. O ídolo da torcida assumiu na última semana o cargo de técnico dos Juniores e deseja esquecer o feito marcante por um futuro promissor na nova função. Em entrevista ao UOL Esporte, Sorato contou curiosidades sobre os dois anos afastado do futebol e a espera pela oportunidade sonhada.
Na apresentação aos jogadores, o treinador ouviu elogios pelo gol histórico. Por onde anda e encontra um torcedor que viveu a época não passa despercebido. Porém, para Sorato as glórias como atleta precisam cair no esquecimento o quanto antes para que o trabalho flua com tranquilidade. O ex-camisa 9 deseja ser lembrado a partir de agora pela função de técnico.
“O gol de 89 marcou. Eram 15 anos sem o título brasileiro e ainda foi na casa do adversário. Mas ficou para trás. É outra situação agora. O importante é fazer um trabalho na nova etapa. O torcedor nunca vai esquecer, tem isso gravado, mas da minha parte é apagar o que passou. Foi importante e até me credenciou para estar aqui. Fui formado na base do Vasco, mas o passado já foi. O que interessa é de agora em diante”, afirmou.
Na correria do anúncio ao início do trabalho, Sorato nem sequer teve tempo para assinar o contrato com o Gigante da Colina. A agenda diária contém conversas com o companheiro Mauro Galvão, novo coordenador das categorias de base, e idas ao CT de Itaguaí. Os dias ganharam novamente o ambiente dos bastidores do futebol, algo que andava “afastado” desde que deixou o comando técnico do Tigres em 2010.
“Antes de parar de jogar fiz cursos para treinadores. Trabalhei no Tigres como auxiliar técnico e assumi a equipe em determinado período. Saí de lá e fiquei observando muitos treinamentos e jogos. Vi treinos do Dorival Júnior e até do Cristóvão Borges no próprio Vasco. Quem quer trabalhar no futebol tem que ter essa disposição”, disse, sem esconder o lado comentarista enquanto aguardava um novo convite para trabalhar.
“Tive uma experiência comentando o último Vasco e Corinthians pelo Brasileiro para uma rádio do Rio de Janeiro. Fiquei em standy by por quase dois anos, mas direcionei o tempo inteiro para a carreira de treinador. Entretanto, chega um momento que você pensa um monte de coisa. Quando não acontece pensa em parar mesmo com a esperança da oportunidade. Foi um período longo de espera. O importante agora é trabalhar bem e revelar novos garotos para o Vasco”, completou.
Sorato já trabalhou com Vanderlei Luxemburgo, Joel Santana, Nelsinho Baptista, Zagallo e tantos outros. Ele se define como um técnico tranquilo e adepto do diálogo com os seus jogadores. Pelos problemas recentes do Vasco com o Ministério Público, o ex-atacante sabe que a cobrança será intensa para a evolução das categorias de base. Com a inauguração oficial do CT de Itaguaí na próxima terça-feira, o treinador dos Juniores não esconde o otimismo com o futuro do futebol amador.
“Os garotos gostam de trabalhar, estão empenhados e comprometidos. Todos têm me ajudado. Sei que o trabalho não vai ser fácil. O fundamental é tentar qualificar os jogadores da melhor maneira possível. Rapidez na base é complicado, pois demanda tempo para a lapidação correta de um atleta. Acompanhei de fora os processos com o Ministério Público, mas tenho a certeza de que a situação é outra por tudo o que aconteceu. A chegada do Mauro Galvão também ajuda bastante. É uma pessoa séria e tem experiência. Existe muita coisa para ser feita, vamos sofrer cobranças, mas o futebol é assim”, encerrou.