Após mais de dois anos e meio, o Vasco voltou a alugar um centro de treinamento capaz de atender minimamente suas necessidades enquanto time profissional de futebol. A distância do antigo Vasco-Barra para o CFZ, chamado internamente de Vasco-Recreio, é pequena, mas as diferenças, nem tanto. A estrutura do clube fundado por Zico, que também já foi explorado pelo Fluminense, sofre com a má conservação em determinados locais, mesmo com a reforma recente. Ainda assim, os jogadores aprovam a transferência de parte dos treinos por conta da logística e, em especial, da preservação do campo de São Januário.
A maioria do elenco vive na Barra da Tijuca e costuma levar menos de 30 minutos para chegar a seu destino - ambos na Zona Oeste da cidade. Nesta quinta-feira, vão ser completados dez dias de trabalho na nova casa. No entanto, esta tarde marcará apenas a quarta atividade. Quando se trata de recreativo ou aprimoramento e recuperação física - antes ou depois das partidas, respectivamente - o estádio, mais equipado e mais perto dos aeroportos quando há viagem na sequência, é utilizado. Para dirigir até o bairro de São Cristóvão, na Zona Norte, o trajeto é feito, em média, em 50 minutos, sem longo engarrafamento.
O atacante Alecsandro lembra que parte da comissão técnica até fica prejudicada, mas, para ele e seus companheiros, não há o que reclamar. O camisa 9 ainda usou de ironia para citar que o cruzamento pelo pedágio da Linha Amarela é evitado quando o Vasco vai ao CFZ. De acordo com ele, fica pesado no bolso pagar o valor de R$ 4,70 a cada ida e a cada volta, principalmente quando o salário atrasa, algo frequente na gestão de Roberto Dinamite.
- A ida para o CFZ beneficia a todos, mas muito mais os jogadores. Atrapalha o pessoal da rouparia que mora perto de São Januário há muito anos. Para quem vai da Barra, é importante, menos desgastante. E ajuda o nosso campo. Eu que sempre questionei o Engenhão, tenho que admitir que São Januário estava em condição ruim nos últimos jogos e precisava desse cuidado. Ganhamos um CT "entre aspas" por esses próximos dois anos (o contrato é de 15 meses) que nos deixa mais tranquilos e próximos de casa - afirmou.
O goleiro Fernando Prass prefere enaltecer só a qualidade que se ganhará com a Colina preservada. Segundo ele, a diferença logística não é tão grande a ponto de saltar aos olhos.
- Facilita para os jogadores por conta do trânsito, mas dá o mesmo tempo às vezes, porque tem muito semáforo (no caminho para o Recreio), para muito. Bate-se nessa tecla do deslocamento, mas o importante mesmo é a qualidade de trabalho. Não dá para treinar e jogar no mesmo campo. Não vai ter boa condição nem para um, nem para outro. Será sempre ruim. Agora vai mudar e nos ajudará nesses jogos dentro de casa.
O gramado no CT é desnivelado, mas o Vasco acredita que, em até 45 dias, as condições estarão melhores, pois o replantio é recente. Há bons vestiários e salas para comissão técnica e departamento de futebol em um pequeno prédio atrás do campo principal. As arquibancadas laterais, que abrigam a imprensa, mostram sinais de deterioramento, porém. Funcionários informam que há previsão de pequenas melhorias até janeiro.
Já o possível constragimento por se tratar de um patrimônio do maior ídolo do arquirrival Flamengo não é notado, embora haja pessoas circulando com a camisa rubro-negra na área social. Até aqui, não houve provocações de qualquer tipo, e o clima é tranquilo. Geralmente há um grupo de pessoas assistindo às atividades, com crianças em busca de fotos e autógrafos.
- O Vasco vai se sentir em casa, mesmo com flamenguistas ou tricolores ao redor. Para 90% é bom porque mora perto daqui. É um ambiente legal, sem problemas - crê o volante Wendel.
Em pouco mais de uma dezena de vezes, centros militares, como o Ciaga e o Cefan, ambos na Avenida Brasil, na Penha, foram utilizados entre 2010 e 2012. Mas o acesso era difícil e a disponibilidade das áreas, mínima. Os jogadores sequer tomavam banho no terreno. No ônibus do Vasco, quase todos retornavam a São Januário após os treinamentos.
Fonte: GloboEsporte.com