Cristóvão Borges deixou o comando do Vasco ciente de que o Cruzmaltino tem sido incapaz de evitar a queda de rendimento no Campeonato Brasileiro. Tendo assumido a equipe há quase um ano após o AVC sofrido por Ricardo Gomes, o ex-técnico aponta, contudo, um saldo positivo deixado por sua passagem. Ele acredita que sua saída, decidida por iniciativa própria, abrirá caminho para uma reformulação em São Januário. Em quarto lugar na tabela, com 39 pontos, o time chegou ao recorde na era dos pontos corridos de permanência no G-4, de 48 rodadas, mas venceu apenas uma das últimas oito partidas no Brasileirão.
- Percebi que é um momento em que o clube precisa de uma sacudida e que a minha saída pode contribuir mais do que a permanência. Tivemos um decréscimo de rendimento no final do primeiro turno, e não conseguimos mais os resultados. Em algumas oportunidades encontramos dificuldades e conseguimos solucioná-las. Em outras, não, e isso estava acontecendo - disse o técnico em entrevista exclusiva ao "SporTV News".
Cristóvão revelou ter obtido o apoio de Ricardo Gomes, o qual substituiu no comando do Vasco, em agosto de 2011, em sua decisão de pedir demissão.
- Liguei para o Ricardo Gomes, antes de anunciar meu desejo de deixar o Vasco, e ele me disse para eu pensar bem se era isso que queria fazer. Depois, disse para eu seguir minha intuição, foi isso que eu fiz - disse.
Tendo deixado o clube após 78 partidas, com 41 vitórias, 18 empates e 19 derrotas, Cristovão Borges vinha enfrentando muitos protestos da torcida. Apesar de admitir que estava pressionado pelos maus resultados, o treinador não considera a cobrança vinda das arquibancada como negativa. Ele avalia que esse comportamento é normal quando se trata de um time “grande”, como é o caso do Vasco.
- São apaixonados, querem os resultados e se isso não acontece é normal protestarem, sobretudo, em um time de ponta como o Vasco. Acredito que a torcida é sim bastante exigente, mas não só comigo. Muitas vezes os protestos aconteceram com vitórias também - afirmou.
Na visão de Cristóvão, a venda de jogadores importantes no meio do ano afetou a capacidade do Vasco de manter o bom rendimento obtido no primeiro turno do Brasileirão. Atletas como Diego Souza, Fágner, Allan e Rômulo, transferidos para o exterior, fizeram falta, afirma.
- Perdemos jogadores experientes e importantes para o grupo. No início, conseguimos repor essas perdas que foram juntas e significativas. No início até conseguimos bons resultados, mas sabíamos que em um momento isso seria sentido e foi o que acabou acontecendo. Estávamos passando por um momento difícil, conturbado, de pressão e precisávamos fazer alguma coisa e entendi que a minha saída poderia sacudir, mudar isso - disse.
Após um ano e meio de trabalho na Colina, o treinador revelou um sentimento de orgulho por tudo o que fez no Vasco, afirmou que sempre teve apoio do presidente Roberto Dinamite - assim como da diretoria - e disse que deve muito aos jogadores. Apesar da despedida dolorosa, ele já pensa em comandar um próximo clube.
- Toda o rompimento é triste, traumático. Com certeza quando acordar amanhã vou sentir um vazio. Mas acredito que essa minha experiência à frente do Vasco me credencia para treinar outra equipe. Não só tenho vontade, como tenho certeza de que vou comandar. Vou dar continuidade à minha carreira. Logo vou estar trabalhando em outro lugar com certeza.
O Vasco enfrenta o Palmeiras, nesta quarta-feira, em São Januário, pela 24ª rodada do Campeonato Brasileiro. O time entra em campo sob comando de Gaúcho, treinador dos juniores do clube.
Fonte: Sportv.com