A espera foi longa. Mais de dois anos em destaque na categoria de juniores do Vasco e nada de subir para o profissional. Marlone, de 20 anos, não desistiu, ignorou as propostas que surgiram para sair e apostou na paciência. Alíás, a virtude é praticada pelo meia desde que nasceu. Separado da família, no Tocantins, ele só conheceu o irmão gêmeo quando tinha 12 anos de idade e já percorria os corredores de São Januário, após passar em uma peneira, nos primeiros passos de sua trajetória no clube para chegar aonde está.
Com esse histórico de vida, ele garante não ter pressa para conquistar um espaço no time de Cristóvão Borges. Nos últimos meses, Marlone conheceu um novo mestre, que o fez deixar o ídolo Kaká um pouco de lado. Depois de ouvir os ensinamentos de Juninho, o meia entende que não será a solução imediata para os problemas no Campeonato Brasileiro. Nesta sexta-feira, por exemplo, fará somente o primeiro treino com o grupo completo.
- Sempre tive a esperança de chegar. Vim trabalhando, recebendo a força de todos e deu certo. Não iria ficar eterno ali (juniores). Ia chegar a minha oportunidade. Vou ficar no meu cantinho fazendo o meu, pronto para corresponder. Ninguém falou que eu vou ser usado agora, que já vou ser solução. Então me espelho no Juninho, que falava comigo quando eu treinava com ele. É um cara que me pedia para ter calma, me orientou muito e me identifiquei com o profissionalismo, com o exemplo que ele dá e a história que fez - contou Marlone.
Além dele, o meia Jhon Cley e o atacante Romário são as promessas integradas ao elenco. Vão ocupar nos treinos a lacuna deixada pela falta de algumas peças ofensivas que foram negociadas pelo Vasco e não foram repostas. Atualmente, jogadores formados na base como Max, Renato Augusto, Diego Rosa e Jonathan participam das atividades, mas são pouco usados. O zagueiro Luan é o único caso à parte. Aos 19 anos, é nome frequente na Seleção sub-20 e tido como joia na Colina.
Técnico dos juniores, Galdino detalhou as qualidades dos ex-pupilos.
- Marlone é aquele jogador rápido, que bate forte na bola. Ele encorpou mais, porque tinha uma deficiência em marcação, mas conseguiu suprir isso. Jhon Cley joga em posição semelhante a do Marlone, é mais novo, tem potencial muito bom, chuta forte, idêntico ao Marlone. E, por último, Romário é um jogador de área, finalizador, jogador com características idênticas ao Alecsandro, com grande potencial de cabeceio. Estamos colocando as fichas nesses garotos, que vão dar muitas alegrias - disse, à Rádio Brasil.
O primeiro contato do jogador com a equipe de cima foi em 2009, quando o então técnico Dorival Júnior o convocou para enfrentar a seleção da Nicarágua, em amistoso. A boa atuação, aos 17 anos, foi um empurrão para receber a camisa 10 dos juniores posteriormente.
Doença e sonho com irmão
O espírito de superação de Marlone também teve outro obstáculo pela frente, entre 2011 e 2012: ele viu sua preparação ser atrasada por uma forte virose, cujos sintomas eram diarreia e muitas dores. Isso lhe tirou até peso e prejudicou seu desempenho quando pôde retornar.
No apartamento que divide com o irmão gêmeo Marlon, a quem trouxe de vez para o Rio e hoje defende o Olaria, o sonho é o mesmo: disputar uma partida do Carioca em família.
- Já jogamos na base, está empatado com duas vitórias para cada um, eu acho (risos). O que mais queremos é isso, seria um dia muito especial. Tomara que seja possível - espera.
Com os pés no chão, Marlone, que recusou proposta do Botafogo, sabe que ainda precisa batalhar muito para construir uma história de sucesso no futebol. Mas nada impede que a imaginação de quem alcançou o primeiro objetivo tenha asas. Primeiro, brilhando pelo Vasco e, depois, num grande clube europeu, para ter condições de reunir toda a família.
- Sempre tive desejo de ficar no Vasco. Teve essa proposta de verdade, mas nunca quis sair. Meu sonho é "virar" no Vasco e, se der, sonhar com Europa, né? A torcida sempre me tratou com carinho aqui. Quero fazer algo pelo clube que é um grande pai para mim.
Fonte: GloboEsporte.com