“A Liga é a casa do Carlos. Ele sabe disso. Um dia ele vai voltar”. As palavras são de Santiago Jacomé, ex-jogador e atual gerente de futebol da LDU. Carlos, no caso, é Tenorio, ídolo do maior carrassco do tricolor, que pode começar a primeira partida como titular depois da grave lesão no tendão de Aquiles que o afastou de quase toda temporada no início do ano.
Nascido em Esmeraldas, Tenorio já tinha 20 anos quando subiu 3 mil metros e começou sua trajetória na LDU. Perto dos 20 anos, o garoto foi fazer um teste com amigos e já chamava a atenção pela força e velocidade. Nem tanto pela habilidade, como lembra o então treinador da LDU Julio Asad, que foi treinou Tenorio no time campeão equatoriano na Série B do Equador em 2001.
- Era uma joia a ser lapidada, como dizem. Tinha muita explosão, mas tivemos que ensinar e ele foi aprendendo aos pouquinhos - lembra o técnico argentino, ex-jogador do Vélez Sarsfield e que ainda trabalha no Equador, no Aucas.
O jeitão alegre do atacante vascaíno, chamado carinhosamente de Carlito por Julio, cativa os novos e é motivo de lembrança dos antigos companheiros. O zagueiro Ivan Hurtado, ex-capitão da seleção equatoriana e adversário, tanto no Equador pelo Barcelona quanto nos tempos de Catar, lembra da amizade que nasceu na seleção brasileira e se firmou quando jogaram fora do país.
- É um atacante muito duro de se enfrentar. Mas fora de campo é um grande companheiro. Somos vizinhos de bairro em Esmeraldas e nossas famílias se tornaram amigas no Catar. A gente estava sempre na casa um do outro, comendo uma carne, um frango - lembra Ivan, hoje com 38 anos e ainda em atividade.
No início deste ano, Tenorio chegou a ser apresentado como reforço pela LDU. Mas, como admite Santiago Jacomé, a falta de acerto financeiro acabou fazendo com que o jogador fosse para o Rio.
‘Ele cativa todo mundo’, diz Cristóvão
De longe, os ex-companheiros ficaram angustiados com a lesão que atrapalhou a vida de Tenorio no Vasco. Até agora, em oito meses no ano, foram apenas seis jogos e dois gols. O jogador foi um pedido direto do ex-técnico Ricardo Gomes, que sugeriu nomes no início do ano e já tentara levar o equatoriano para jogar com ele no futebol francês. Para o ex-companheiro de seleção Iván Hurtado, Tenorio chegou a comentar que “não poderia falhar” após tanto tempo sem atuar pelo Vasco.
- Assisti o lance da lesão dele. Todos lamentamos muito. Mas vi o gol que ele marcou também (contra o Sport) e tenho certeza que agora só vem coisas boas - disse Hurtado.
Para Cristóvão, o astral de Tenorio facilita na recuperação do jogador, que voltou antes do tempo.
- Ele é sensacional. Já o conhecíamos há algum tempo. O convívio com ele cativa todo mundo. Um cara altamente dedicado e que eleva o ânimo do grupo - diz o treinador do Vasco.
Julio Asad conviveu mais de perto com Tenorio no início dele na LDU. O jogador morava no alojamento do clube, quando uma doença contagiosa obrigou que alguns atletas fossem removidos por um tempo.
- Ele ia passar umas semanas lá em casa, mas meus dois filhos gostaram muito dele e pediram que vivesse conosco. É como se fosse um terceiro filho - conta Asad, que brinca com a gola o altodas camisas de Tenorio.
- Sempre foi muito vaidoso, mas não é marra, não. Sou orgulhoso dele, como jogador, como homem, como pai de família - afirma ele, que expressa toda a força de vontade do Demolidor.
- Quando ele sofre algum tipo de golpe, volta com toda força. Nunca se rendeu, nunca pensou que não podia e sempre buscou mais - lembra o técnico que o aprovou nos testes e o revelou.