“Estratégia, em grego strategia”. A frase ficou famosa graças ao filme Tropa de Elite, quando Capitão Nascimento dava uma aula a aspirantes a uma vaga no Bope. Porém, ela bem que poderia retratar uma conversa entre os técnicos Cristovão Borges e Abel Braga com seus respectivos elencos.
Com atividades visando a neutralizar os pontos fortes e furar o bloqueio adversário, os treinadores trabalharam incessantemente os comandados para que a missão desta rodada seja cumprida. Assim, o duelo entre Vasco e Fluminense, no próximo sábado, poderá transformar o campo do Engenhão em um tabuleiro de War.
No lado vascaíno, mistério quanto ao esquema. Na última quinta-feira, antes do treino, Cristovão Borges, com prancheta na mão e peças postas, conversou com os jogadores. Depois, chegou a testar o time com três atacantes, com Wilian Barbio, Tenório e Alecsandro. O primeiro ocupou uma posição intermediária entre o meio e o ataque, auxiliando os dois setores.
Nas Laranjeiras, o técnico Abel Braga começou a semana despistando os olhos do mundo da arma mais poderosa que tem nas mãos: a dupla de ataque Wellington Nem/Fred. Justamente os dois que brilharam na vitória sobre o Cruz-Maltino na decisão da Taça Guanabara, em fevereiro. Em trabalho que não contou com a presença da imprensa, terça-feira, o treinador observou atentamente a movimentação da dupla. Tudo para que o resultado de meses atrás se repita no sábado.
– Sei que aparecerão poucas oportunidades, mas nossa equipe está bem. Quem cria as jogadas vive boa fase. Vou procurar me movimentar muito para fazer gols contra o Dedé e contra o Vasco, que é o principal. O sistema defensivo do time é muito bom, muito forte e marca pesado – afirmou o atacante Fred.
Ao comentar sobre a partida, o zagueiro Dedé salientou a qualidade do setor defensivo do rival e pode ter dado uma dica sobre as mudanças que Cristovão pode colocar em prática para surpreender Abel Braga.
– Será um jogo de qualidade, onde terá, para mim, um dos melhores centroavantes, que é o Fred, com a defesa bem composta do Fluminense. Será um duelo de ataque contra defesa muito bom, mas acho que nosso time vai jogar de uma forma para tentar abrir essa defesa do Fluminense – afirmou o zagueiro.
Entre as estratégias e as armadilhas dos técnicos, os soldados de Vasco e Fluminense chegam ao terceiro duelo entre eles este ano com um objetivo comum: a conquista da vitória no Engenhão. Com o Campeonato Brasileiro na virada de turno, o sucesso na batalha de sábado pode ser decisivo para o resultado final da guerra pelo título nacional.
Reservas simulam Vasco
Durante o coletivo de quinta, na Escola de Educação Física do Exército (EsEFEx), na Urca, o técnico Abel Braga escalou o time reserva do Fluminense de forma parecida com a equipe do Vasco, com três volantes no meio de campo e pressionando a saída de bola dos titulares, que se complicaram em alguns momentos.
Na atividade, Abelão também promoveu o retorno do lateral-direito Bruno e do meia-atacante Wellington Nem aos titulares. A dupla – que está recuperada de estiramentos musculares – atuou nos primeiros 30 minutos da atividade.
Após isso, o treinador colocou Wallace e Rafael Sobis – que foram titulares durante a ausência de Bruno e Wellington Nem – nos 15 minutos finais do coletivo.
A tática serve para confundir a cabeça de Cristovão, mas talvez nem o próprio Abel tenha decidido o time.
Poderio aéreo preparado
Em meios às alternativas estudadas antes do clássico, Cristovão Borges focou parte dos trabalhos dos últimos dias no treinamento defensivo e ofensivo das jogadas de bola parada.
Na quinta, foram 30 minutos testando a defesa. Faltas da intermediária, lançamentos e escanteios. Tudo para tentar parar o time que fez grande partes de seus gols em jogadas pelo alto. Dos 29 gols do Flu no Brasileirão, nove foram feitos desta forma.
– Tem de ter atenção nesta bola parada. Nosso time está muito bem na parte defensiva. Tenho certeza de que eles estão prestando atenção no nosso time – avaliou Dedé.
E Abel Braga deve mesmo seguir o conselho de Dedé. Na quarta, mais 30 minutos de bolas levantadas na área, esquematizando a movimentação dos homens altos no time para surpreender a zaga adversária.
– Estou tentando (fazer gols). Os homens altos são muito visados. Estou em uma fase sem gols, mas confiante que essa fase acabará – antecipou o Mito.
Fonte: Lancenet