Para o clássico de sábado entre Vasco e Fluminense, no Engenhão, a expectativa é de uma partida disputada. Porém, quando se trata do trabalho feito nas categorias de base, o Tricolor ganha de goleada. Nada menos do que 12 jogadores criados nas instalações de Xerém estão à disposição de Abel Braga. Pelo lado cruz-maltino, apenas sete, que são pouco aproveitados, entre eles o veterano Felipe. Porém, o Vasco já começa a se mexer para voltar a mostrar força na formação de talentos na base.
A diferença entre os clubes nas categorias de base aumentou com as reformulações feitas pelo Flu no fim dos anos 2000. O clube deu um trato diferenciado para as pratas da casa e aos poucos vem investindo em melhorias no CT de Xerém. De lá, saíram talentos negociados para fora do Brasil ou que estão se destacando no time atual.
Já o Vasco, nem de longe lembra a equipe que revelou craques como Romário, Edmundo e o próprio presidente, Roberto Dinamite. Após um período de turbulências, o clube voltou a olhar com mais carinho para suas divisões de base. Entretanto, precisou de um ‘empurrãozinho’ do Ministério Público, que interditou os alojamentos e exigiu melhorias. As reformas foram aceleradas. O Vasco garantiu que nas próximas semanas finalizará a reforma do CT de Itaguaí, que será utilizado pelos jovens e disse, em comunicado oficial, “se tratar do mais completo e sofisticado de treinamento das equipes de base do Rio de Janeiro”.
No Flu, Peter Siemsen, após ser eleito, em 2010, garantiu foco no investimento na base, que se encontrava abandonada. A promessa de campanha vem sendo cumprida .
O presente de ambos é distinto, mas o passado é repleto de glórias. O futuro promete ser grandioso. O Flu mostrou o caminho. E o Vasco segue a mesma trilha. Mas agora o foco está no clássico!
Principais feitos das categorias de base de Vasco e Fluminense nos últimos cinco anos
2008
No ano da queda do time profissional, o Vasco não foi bem na base e revelou apenas Alex Teixeira.
O Fluminense foi campeão carioca e do Torneio Otávio Pinto Guimarães no mesmo ano. Lançou Maicon e Alan.
2009
O Vasco faturou o hexacampeonato no Torneio Otávio Pinto Guimarães e também revelou o polivalente Allan.
Se por um lado o Flu não teve títulos nos juniores, por outro lançou Digão, João Paulo, Dalton e Dieguinho.
2010
Após muito tempo, o Vasco voltou a ser campeão carioca de juniores. Teve também a boa revelação do volante.
O Tricolor teve de se contentar com o vice do Estadual. Porém, surgiu Wellington Silva.
2011
Apesar do favoritismo, o Cruz-Maltino caiu na segunda fase da Copinha, foi mal no Carioca e não revelou alguém.
Além do segundo lugar no Brasileirão Sub-20, o Flu levou aos profissionais Elivélton, Matheus Carvalho e Wallace.
2012
A garotada do Vasco ficou apenas em sétimo lugar no Carioca de Juniores e caiu na primeira fase da Copinha.
O time de juniores do Flu foi campeão da Taça Rio e do Carioca de 2012. Também foi vice na Copa São Paulo.
Trabalho do Flu pode ser incentivo
O clássico de sábado pode ser também uma espécie de espelho . Enquanto o Fluminense tem investido em melhorias para a base no CT em Xerém e vem colhendo os frutos, o Vasco ainda batalha para ter um local de treinamento para as categorias inferiores.
O Cruz-Maltino passou, recentemente, por problemas com a Justiça, que chegou a interditar o local que vinha sendo utilizado pelos jovens, sob ameaça, inclusive, de encerrar as atividades da base do clube.
O clube foi alvo devido do MP porque as instalações utilizadas pelos jovens eram precárias. No início do ano, Wendel, de apenas 14 anos, morreu após um mal súbito em campo no CT de Itaguaí. Ele estava em período de testes.
No Vasco, auxiliar faz link entre base e profissional
O auxiliar técnico Gaúcho tem feito, nos últimos anos, a ponte entre as categorias de base e a comissão técnica do time profissional. Ele ressalta a necessidade que os grandes clubes têm em revelar jogadores e lembra que, muitas vezes, as soluções podem estar nessas categorias:
– Hoje é uma necessidade, como acontece em vários outros clubes. Clube como o Vasco tem de ser formador, pois quem passa pela base de um clube como o Vasco já chega ao profissional preparado. É um risco maior trazer um cara de fora, por exemplo, testar o cara.
Após a disputa da Taça BH de Juniores, o zagueiro Eduardo, os meias Marlone e John Clay e o atacante Romário deverão ser integrados ao elenco profissional. Eles chegaram a ter uma curta passagem no grupo de cima na última temporada.
Segundo Gaúcho, Cristovão Borges sempre procura saber a situação dos jovens jogadores cruz-maltinos. Jonh
– O Cristovão sempre consulta sobre os garotos. Temos uma molecada boa. Eles chegaram a treinar com o time no ano passado, mas tinha muita gente no grupo.
No Flu, investimento na compra de jovens na base
Desde o ano passado, o Fluminense começou a investir na contratação de jogadores juniores. Assim, o clube angariou os direitos de jovens como Samuel, Higor, Eduardo e Biro-Biro, todos com passagens pela base de outros clubes.
Essa mudança – promovida após a eleição do presidente Peter Siemsen – teve o pontapé inicial com a chegada do gerente de futebol Marcelo Teixeira, especialista na busca de novos talentos e que havia trabalhado no Manchester United (ING) observando o mercado sul-americano.
Na final da Copa São Paulo de Juniores deste ano, perdida para o Corinthians por 2 a 1, o Tricolor entrou em campo com nada menos do que sete jogadores que não tiveram toda a sua formação em Xerém.
A chegada de garotos também produz uma grande economia aos combalidos cofres do Flu. Apenas as saídas de atletas com altos salários fará o clube reduzir, em média, cerca de R$ 6 milhões em despesas até o fim de 2012. Esse dinheiro pode ser investido em mais jovens, que futuramente serão revendidos a um preço maior.
Fonte: Lancenet