Confira os principais trechos da entrevista exclusiva que o ex-goleiro Carlos Germano concedeu a Rádio Mitos da Colina.
Carlos Germano fala sobre a iniciativa da Rádio Mitos da Colina. Radioweb voltada só para a torcida vascaína.
"Qualquer iniciativa que envolva sempre o nome do Vasco é importantíssimo porque você vai deixar não somente deixar os torcedores vascaínos informados, mas também poder mostrar a eles o dia a dia do Vasco, como as coisas funcionam, ídolos, ex-atletas do Vasco da Gama. O que estão fazendo, onde trabalham. Acho que o torcedor vascaíno deve saber e poder participar e poder fazer parte dessa nobre iniciativa da nova rádio que está prestes a fazer um ano de vida e Deus queira que, pelas boas intenções, fiquem por muitos anos. Eu acho que o torcedor do Vasco só tem a ganhar com isso, eu acho que é um presente."
Germano fala sobre os seus primeiros passos na carreira até chegar ao Vasco da Gama.
"Bom, é uma longa história, né? Eu sou capixaba. Moro numa cidade onde hoje tem cerca de 25.000 habitantes, uma cidade de colonia alemã e que fica há 40 Km de Vitória, que é a capital e minha história foi baseada um pouco em cima da sorte também. Você poder estar na hora certa, no momento certo, naquele local ali e parece que você está direcionado praquilo pois você está ali e de repente você é escolhido pra fazer um teste no Vasco da Gama. E por toda a família torcer pelo Vasco, isso ajdou mais ainda. Parece que caiu do céu mesmo. No Esperito Santo existe uma competição chamada de Copa Gazetinha que é filial da TV Globo. Então essa Copa Gazetinha acontece todo ano e são mais de 200 times participando. E aí são reunidos de 20 a 30 times a cada mês e acontecem eliminatórias entre municipios. E os times classificados ao final de cada fase, fazem uma outra disputa que dura uma semana e as finais acontecem em dezembro. Que justamente em dezembro são reunidas mais 20 equipes e de lá sai o campeão. E minha cidade não participava da Copa Gazetinha, tive que jogar por uma cidade vizinha. E até então, eu era jogador de linha, eu não jogava no gol. E aí me enfiaram no gol pra fazer um jogo amistoso e aí eu fui bem no gol e essa cidade vizinha que competia na Copa Gazetinha me convidou. Aí eu fui jogar por uma equipe chamada Viana. E deu certo porque a primeira participação nossa deu certo porque tinha um olheiro do Vasco acompanhando que era o seu falecido Nelson Teixeira. E ele me perguntou: "Vamos pro Vasco?" E aí eu não tinha nem o que dizer: vc vive numa cidade de inteiror, com a bola debaixo do braço, jogando futebol o dia inteiro sem ter nada mais pra fazer e recebe um convite pra fazer um teste no Vasco? Não pensei duas vezes. Peguei o telefone e falei que estava indo pro Rio. Mesmo que não fosse naquele momento, mas meus pais sempre me apoiaram. E em 1984 eu vim fazer meu teste, eu tinha 14 anos. E passei com 15 dias de teste. E como eu era muito comprido e sempre fui. Eu tinha 1,80 com 14 anos e eu fui escolhido mais por causa da altura porque não sabia nada não, foi mais pela altura mesmo. Aprendi tudo no Vasco que tinha uma excelente base. E assim começou minha história no clube. Vim do interior do Espírito Santo e ter a oportunidade de fazer um teste num clube grande como o Vasco."
O grande ídolo da torcida do Vasco fala quem era o seu grande ídolo.
"Rapaz, eu cresci vendo o Roberto Dinamite jogar. Meu pai só falava no nome dele. Mas na época, o Flamengo também tinha um grande time em que o Zico jogava, tinha o Adílio. E esses eram os dois nomes mais falados na década de 80. O Zico pelo Flamengo e o Roberto pelo Vasco da Gama. E lá em casa só se falava em Roberto, porque todo mundo lá em casa era vascaíno e era um ídolo nosso, o maior ídolo por sinal. E por eu ter sido goleiro, eu poderia ter me inspirado em um goleiro, mas meu maior ídolo foi o Roberto. E o melhor é porque o Roberto não é só o meu ídolo dentro de campo, porque depois que eu comecei a jogar ao lado dele, que foi em 92 quando fomos campeões invictos. Aí você vê e tem a convicção de que fez a escolha certa como ídolo porque é um todo. Não foi a toa que ele foi capitão da equipe por muitos anos, pois você não vê só o jogador dentro de campo. Você vê o homem, o pai de família, o amor aos filhos e a esposa, a forma com que ele tratava todo mundo com muito respeito. Então qual o caminho de um garoto que quer crescer? É ver o ídolo dessa forma. Eu acho que o próprio pai quer que o filho siga não só o exemplo da família dentro de casa, mas também algum ídolo de alguma área como esporte, política ou outro setor que lhe dê boas referências. Então o Roberto foi a minha referência."
Carlos Germano responde sobre o que conta mais na preparação de um atleta nas categorias de base.
"São garotos em formação que eu acho que tem que ter uma referência em relação, ja que estão em um clube grande, tem que ter referência aos seus treinadores, seus preparadores, as pessoas que estão cuidando de toda essa parte, desde os fraldinhas até os juniores e ter uma boa relação com todos esses profissionais que são gabaritados e preparados e que entendam. Que sejam ex-atletas que tenham jogado e sabido aprender o futebol pra passar aos garotos. Eu acho que não só no futebol e não só no Vasco, tem que existir profissionais que estejam tomando conta desses garotos, mas que também sirvam de referência pra eles. Que tenham uma boa palavra e que tenham um bom caminho pra eles e assim eles vão se transformar no homem de amanhã em relação a formação de carater e tudo mais. Então tudo isso, graças a Deus, o esporte consegue trazer pra essa juventude, né? E em um clube grande, onde os meninos disputam entre si por uma vaga, é necessário ter um profissional desse porte para encaminha-los da melhor maeira possível dentro e fora de campo. Os meninos tem que ser adaptados a responsabilidades dentro do clube, assim como em um quartel, onde existem normas. Eu fui criado assim e tem que ser assim pra quando ele chegar na equipe de cima, ele não se espantar no que está acontecendo na vida dele. Ele precisa dessa base e é isso que eu procuro fazer com os goleiros novos. Eu sempre trago um desses meninos toda a semana pra treinar com o Prass e com os outros pois é através da observação e do treino que ele vai ganhar confianã pra oportunidade que pode ser dada a ele lá na frente."
Qual foi sua melhor partida e melhor defesa?
"Cara, é muito difícil porque foram 15 anos defendendo o Vasco e não dá pra selecionar uma defesa em meio a esse tempo todo. Mas uma partida acredito que tenha sido a do Brasileiro de 97 em que fomos campeões aqui no Rio, contra o Palmeiras em que o cara lá de cima olhou pra mim e deve ter me dado uma colher de chá pra eu ir muito bem nessa partida. O que acabou ocasionando no ano seguinte na nossa conquista da Libertadores. Agora defesa, é bem complicado."
O ex-goleiro cruzmaltino fala se 97 foi o auge da sua carreira.
"Eu acredito que sim, pois foi em 97 que eu ganhei a Bola de Prata da Revista Placar e apenas atuei em 14 partidas daquele Brasileiro e fui Campeão da Copa América. E além disso, no ano seguinte fui representar o Brasil na Copa do Mundo como jogador do Vasco e isso é uma conquista para um jogador de futebol e ainda mais representando o Vasco. E logo depois fui campeão da Libertadores. Então, acho que pra mim foi o meu melhor ano."
Germano fala o que o Vasco representa em sua vida e se ainda existe alguma pretenção de sua parte dentro do clube.
"Primeiro, gostaria de dizer que estou muito feliz aqui no clube e que pretendo ficar muitos anos ainda. A minha intenção é permanecer pra sempre aqui. Enquanto estiver em condições de ajudar ao clube, é permanecer ajudando. E sobre pretenção, não. Eu treino os goleiros, faço o que eu gosto, pretendo me aperfeiçoar cada vez mais nessa profissão e melhorar cada vez mais. E quem sabe futuramente ajudar o Roberto de outras formas quem sabe até chegando a presidência do clube, da mesma forma que foi o nosso Roberto. Mas tudo da maneira que ele vem propondo a fazer e que a gente possa dar segmento em cima disso tudo. A ideia é continuar aqui sempre."
Fonte: Supervasco