Fernando Horta fala sobre sonho de presidir o Vasco e política do clube

Domingo, 19/08/2012 - 12:36

CAMPEÃO DO CARNAVAL REVELA: PRESIDIR O VASCO É SONHO ANTIGO E SEI QUE VOU ENCONTRAR UMA SITUAÇÃO PIOR DO QUE NO BORÉO PORQUE, HOJE, EM SÃO JANUÁRIO, SÓ TEM BANDIDO E QUADRILHEIRO COM Q.I. MAIS ALTO.’’

José Fernando Horta: português, vascaíno e grande benemérito do clube do seu coração. Comerciante de sucesso, no ramo de vidraçaria, e o atual presidente campeão carioca do carnaval. ” Sem dúvida, a escola de samba ajudou, mas sou uma pessoa de sucesso em tudo que me meto. Levar a escola ao ponto que levei só sendo uma liderança. Outras escolas pequenas não conseguiram andar, o único que sobreviveu fui eu”. Começa, assim, nossa entrevista exclusiva, o presidente do Grêmio recreativo Escola de Samba Unidos da Tijuca, José Fernando Horta, campeão do carnaval em 2010, vice campeão em 2011, campeão, outra vez, em 2012, a caminho do bi campeonato consecutivo em 2013 homenageando a Alemanha no ano dedicado à este País, no Brasil. ” Já fui algumas vezes à Alemanha e sua representante, na RIO MAIS 20, está nos ajudando na captação de auxílio financeiro de empresas alemãs, mas, até agora, não concretizamos este patrocínio. A Unidos da Tijuca é a escola modelo do Rio, do Brasil, da LIESA e da Riotur. É a mais visitada da Cidade do Samba. É a mais requisitada e trabalha o ano inteiro. Hoje, ela é movida pelos recursos advindos deste trabalho anual. Nós fazemos tudo: eventos internos e externos. Temos, com carteira assinada, quarenta funcionários e outros artistas coreógrafos, independente do Paulo Barros que é o maior artista do mundo e só trata do carnaval, trabalham conosco. Somos mais do que a Beija Flor, até porque nós somos cariocas e a Beija Flor é de outro município. A Tijuca é completamente independente de qualquer tipo de domínio. A Tijuca não pertence ao Fernando Horta como a Beija Flor é do Anísio. Em 1992, me abalei, financeiramente, por causa da escola, mas, hoje, ela “navega” sozinha. De 2000 pra cá, a Tijuca é a escola de samba de maior sucesso e só não participou de um desfile das campeãs. Além daqueles que ganhamos, os títulos de 2004, 2005 e 2011 tinham que ser nossos também ( Nota da redação: quanto a 2011, concordamos plenamente com o presidente Fernando Horta ). Presidir o Vasco é uma vontade antiga; é um sonho antigo e sei que vou encontrar uma situação pior do que no Boréo porque, hoje, em São Januário, só tem bandido e quadrilheiro com Q.I. mais alto do que no morro. Dos nomes que existem, hoje, sou o mais forte. O Olavo Monteiro de Carvalho, que nunca quis ser presidente do Vasco, já está na casa dos oitenta e tem que ir para a Igreja de Nossa Senhora do Rosário rezar. Já passou a hora dele. Quero esclarecer que nunca fui aliado político do Eurico Miranda e, apenas, amigo dele. Nunca quis participar da administração do Vasco e tive todos os cargos colocados à minha disposição. Não concordava com a formação administrativa do Eurico e só aceitarei ser presidente do Vasco se não tiver qualquer compromisso para nomear quem quer que seja para qualquer cargo. Penso que o Eurico deveria ter sido aproveitado e, aí, o Vasco não teria ido para a segunda divisão. A vaidade dos dirigentes deveria, nesse caso, ter sido colocada de lado. Eurico deveria ter sido chamado para defender o Vasco nas entidades e, caso isto ocorresse, se limitar ao seu setor. Ele foi considerado como um dos melhores dirigentes de futebol.

A ADMINISTRAÇÃO “MAMÃE EU TÔ CHEGANDO”

“Mamãe eu tô chegando”: este deveria ser o nome da administração do Roberto. O Dinamite nunca administrou a casa dele próprio e os seus contratos, como é que poderia administrar o Vasco? Ele não administra N A D A. Tem gente administrando o Vasco de acordo com seus próprios interesses. O Mandarino e o Nelson Rocha não têm nenhum compromisso com o Vasco. Aliás, ninguém os conhece; não sabem quem eles são e por isso não são cobrados. Roberto nunca teve projeto como deputado, a não ser um que proíbe a venda de paçoquinha nos colégios. Aquelas paçoquinhas que eu e você comemos na infância nos intervalos das aulas. Ainda por cima, traiu os doceiros que apoiaram a candidatura dele e que vendem balas e doces na Central do Brasil. O Roberto arrumou uma “boca”, como deputado e, agora, outra como presidente do Vasco e usa esta presidência como “cabide de empregos”. A dívida que o Vasco tem, hoje, de quinhentos milhões de reais, eu pago num mandato, apenas. Só espero que ele (Roberto) não fique por muito mais tempo para não transformá-la em impagável. Assim começa Fernando Horta a tratar o tema da dívida que o Vasco possui, hoje. ” É uma questão de administração. Vou pagar esta dívida com sabedoria administrativa e fazendo o Vasco faturar mais. Vou “tapar as torneiras”. Essa é que é a mágica. Setenta por cento dessas dívidas são decorrentes de má administração. Eles pegam dinheiro emprestado e, ao invés de pagarem as dívidas, perdem o dinheiro que pegam. A maior parte é composta por dívidas trabalhistas que, atualmente, são o cancro dos clubes e das empresas. Jamais aceitarei situações como eles aceitaram; exemplo: a de terem colocado o Vasco num segundo plano, nas cotas de televisamento, recebendo 50% ( cinquenta por cento ) do que recebe o Flamengo. Concordo com o que o Eurico disse: querem europeizar o futebol brasileiro. Lá, cada País só tem dois clubes fortes, porém a Europa cabe toda dentro do Brasil. Esses diretores atuais do Vasco não mandam nada. Permitiram que o Vasco fosse tratado como quarta força do futebol. Acontece que, lá em cima ( Norte e Nordeste ), só existe a dupla Vasco – Flamengo.”

DÍVIDAS DE ROMÁRIO E DE JOSÉ LUIZ SÃO REAIS

As dívidas de Romário e de José Luiz são reais; existem. A administração anterior passou por um desgaste com a Globo, que tentou “quebrar” o Vasco do Eurico. Foram dois anos sem receber nada. Sou um grande benemérito que tem de estar ao lado da verdade. As dívidas foram apresentadas em balanço e aprovadas pelo Conselho Deliberativo. É uma covardia da atual situação não reconhecer tais dívidas. O Romário, além de não receber salários, emprestou dinheiro, ao Vasco, em dólares. Eu também emprestei dinheiro, ao Vasco, mas recebi. Emprestei em confiança ao Eurico. Eu e outros.”

“NÃO ACREDITO EM IMPEDIMENTO DO ROBERTO”

Começou, desta forma, Horta a falar da possibilidade de impedimento do atual presidente. ” Existe uma ação com uma decisão da Juíza de primeira instância ( Yones Peres da 37º Vara Cível ), que já tem 4 ou 5 meses. A Justiça é rápida para algumas coisas e lenta para outras. O Vasco não tem os mesmos estatutos que o Flamengo. O Vasco é totalmente presidencialista e tem uma oposição que não incomoda a atual administração. No Flamengo, decisões da Patrícia têm que passar pelo Conselho. No Vasco,nem o Conselho de Beneméritos tem poder para brecar. Nós não passamos de “olheiros”.

“ANTES DE ESCOLHEREM O ROBERTO, VIERAM ME PROCURAR PARA SER PRESIDENTE”

Com esta frase, Fernando Horta começou a falar de mais um capítulo do panorama político que envolve, hoje, o Vasco. ” O Olavo e os que fizeram o movimento para tirar o Eurico, mais os médicos Clóvis Muñoz e Manoel Moutinho, quando viram que a situação para tirar o Eurico estava resolvida, vieram me procurar, na Unidos da Tijuca, para ser o presidente. Fui claro: não quero ser o presidente levado pelo MUV – Movimento Unido Vascaíno – por causa dos seus compromissos. Agora, podem estar certos de uma coisa: ENTRE O EURICO E O ROBERTO, O GOVERNADOR E O PREFEITO ESCOLHERAM O ROBERTO; AGORA, ENTRE O ROBERTO E EU, NÃO TENHAM DÚVIDAS DE QUE OS DOIS – GOVERNADOR E PREFEITO VÃO ME ESCOLHER PELO QUE FAÇO PELO RIO ATRAVÉS DO CARNAVAL. Portanto, as lideranças do MUV foram diversas vezes me procurar para que eu fosse o candidato à presidência, mas eu não iria trair meus princípios, ou seja: eu seria o candidato do MUV à presidência e, depois de eleito, sacaria o MUV da administração do Vasco. Isso eu não faria.

“O HÉRCULES NÃO SERVIRIA PARA TRABALHAR COMIGO PELO SEU EXCESSO DE ZELO.”

Foi com este conceito, sobre Hércules Correia, ex presidente do Conselho Fiscal, que Fernando Horta começou a analisar os homens do Vasco. “Em função disto, ele não tem condições de ser presidente do Vasco, um cargo que, muitas vezes, necessita de ousadia e de improvisação. O Peralta é o “papagaio de pirata”, o “Madame Satã” porque só gosta de estar do lado de quem está no poder. Não tem liderança, não tem personalidade política. Se tiver que tomar uma decisão agora, não toma. Ele é meu conterrâneo, jogamos buraco e bebemos juntos, mas jamais farei qualquer composição política com ele. O Peralta quer ser o presidente e eu o seu vice. Não aceito. Não vou compor com qualquer pessoa que já tenha tido negócios com o Vasco, como o Peralta teve. Ele mandava garotos da base direto para o exterior.”

SE FÔR NO VOTO DOS VASCAÍNOS, GANHO DE GOLEADA E SE FÔR PRESIDENTE DO VASCO, LARGO A PRESIDÊNCIA DA TIJUCA” – declara o futuro candidato à presidência do Vasco.





Fonte: Jornal Olho Vivo – Ano I – Nº 8 – pág. 8 e 9