Diretoria pediu verba extra para alojamentos da base em 2011

Quinta-feira, 16/08/2012 - 10:18

A interdição dos alojamentos das categorias de base em Sâo Januário causou irritação em membros da oposição do Vasco. A alegação é que a diretoria pediu em novembro de 2011 um suporte de R$ 4 milhões, além do que já era previsto em orçamento para o futebol amador (cerca de R$ 7 milhões). E mesmo assim as exigências do Ministério Público - que iniciara em agosto de 2010 a fiscalização - não foram atendidas.

Segundo um dos líderes da oposição vascaína, Leonardo Gonçalves, o entendimento do grupo é que o dinheiro não foi bem utilizado e que é necessário que a diretoria preste esclarecimentos sobre o emprego da verba de R$ 4 milhões, que seria destinada à manutenção do alojamento das divisões de base.

- Entendemos que o dinheiro não foi gasto em 2011 (e sim em 2012). E, se foi, foi muito mal gasto. Em abril, o Ministério Público interditou o CT de Itaguaí e agora interditou o alojamento de São Januário. Não conseguimos enxergar onde foram gastos os R$ 4 milhões aprovados pelos conselheiros. Como conselheiros, sócios e torcedores, exigimos que o presidente, o Nelson Rocha (vice de finanças) ou Frederico Lopes (vice de patrimônio) explique como foi usado esse dinheiro e porque, mesmo usando esse dinheiro, o Vasco não conseguiu se livrar das acusações do Ministério Público. Se esse investimento foi feito em 2011 e mesmo assim sofremos a interdição do MP, é de causar estranheza. O MP também não conseguiu ver, tanto que interditou São Januário e o CT de Itaguaí - afirmou Leonardo.

O presidente do Vasco, Roberto Dinamite, negou-se a falar sobre a utilização da verba. Afirmou que é um assunto interno e que o clube vai cumprir com as exigências do Ministério Público.

- É uma decisão interna, e vamos resolver esses compromissos. As coisas que estão pendentes hoje com relação à base serão ajeitadas. Temos várias iniciativas com relação a isso, como um novo refeitório para atletas e funcionários. E as demandas que são necessárias e foram solicitadas, nós cumprimos. Quando digo que cumprimos é porque temos uma demanda, estamos trabalhando, desenvolvendo o trabalho e essa parte com relação ao local (do CT). A escola também está passando por obras, então estamos dentro daquilo que foi solicitado, não só pelo Ministério Público, mas porque entendemos que se faz necessário. Temos um prazo para fazer e cumprir e vamos estar cumprindo - disse.

Ao ser questionado sobre os motivos de não ter conseguido atender os pedidos do MP antes da interdição, Dinamite não confirmou a aprovação do pedido de suplementação orçamentária e destacou as obras que estão sendo feitas pela diretoria do Vasco.

- Essa suplementação pode ter acontecido ou não. As exigências que estão sendo pedidas serão pedidas para outros clubes também, mas no Vasco tem uma repercussão diferente, o que causa estranheza. Estamos aqui para atender bem aos nossos atletas. Não tenho muito o que falar com relação a isso. Qualquer iniciativa da parte administrativa do clube tem que ser colocada dentro de uma suplementação orçamentária. Então o Vasco hoje tem um grande refeitório, está recuperando a escola dentro do que foi pedido e está fazendo uma associação nova para ter um centro de treinamento. Nós gastamos dentro de uma necessidade - garantiu Roberto Dinamite, pouco antes de mostrar irritação e dizer que não iria mais responder às perguntas.

O presidente do conselho fiscal do Vasco, Hélio Donin, explicou como funciona os pedidos de suplementação orçamentária e o papel do conselho na fiscalização dos gastos.

- Quando se faz uma suplementação de verba, é um conserto do orçamento, que previa abaixo ou acima do que estava exposto. Então, na efetivação do orçamento acontecem distorções e, para isso, tem essa suplementação e remanejamento de verba para ajustar tudo direitinho e ter um balanço fechado de acordo com esse orçamento. A gente vê mês a mês o que foi gasto, se a papelada está ok, se foi documento idôneo, de todas as despesas do Vasco. Vemos milhares de notas por mês e verificamos tudo. Se houve um gasto, passou por nós. Não vamos lá no local para ver se foi feita a obra ou o gasto, até porque é impossível o conselho fiscal ver todos os gastos do Vasco e verificar se foi isso realmente. Isso é a parte lá com o Nelson Rocha, que é o vice de finanças - declarou.

O vice de finanças Nelson Rocha foi procurado pela reportagem, mas afirmou que só o presidente e o departamento jurídico estavam autorizados a falar sobre a situação do clube com o Ministério Público.

Já o vice de patrimônio Frederico Lopes disse não poder falar sobre valores, já que não seria do seu departamento, mas comentou as obras de melhoria que estão sendo feitas no CT de Itaguaí e reclamou da falta de divulgação no trabalho realizado.

- Os alojamentos estão prontos em Itaguaí, temos uma estrutura toda pronta para se inaugurar. Já estamos fazendo investimentos no CT de Itaguaí há muito tempo, trocando a infraestrutura do local. Trocamos todos os ambientes de quarto, parte elétrica, colchões, lençóis, edredons, travesseiros, tudo novo. Departamento médico, musculação. Estamos concluindo agora a sala de preleção climatizada, com TV em led para passar vídeos, jogos, com TV a cabo, balizas novas. Fizemos uma estação de tratamento de esgoto, e o CT já está em vias de ser inaugurado. Também estamos reformando a escola toda, inauguramos o refeitório novo, compramos um ônibus para a base, e este trabalho está sendo pouco divulgado - afirmou.

Documento do Vasco de pedido de suplementação orçamentária


Fonte: GloboEsporte.com