Reclamações de técnicos, cartolas, torcedores e da imprensa. É isso o que mais ouve o presidente da Comissão Nacional de Arbitragem CBF, Sergio Correa. O último clube a “gritar” contra os erros da arbitragem foi o Palmeiras. Antes, no entanto, tiveram postura semelhante Bahia, Fluminense e Internacional, entre outros.
Correa nega que haja um problema na arbitragem brasileira. “O que acontece na prática é que os clubes tentam transferir a responsabilidade das derrotas. É mais fácil para o dirigente”, defende em entrevista ao UOL Esporte. “Evoluímos muito nos últimos anos. Se fala muito dos juízes, bandeirinhas. Deixem a arbitragem em paz”, completa.
No cargo desde 2007, o dirigente culpa o que chama de “cultura de jogadores brasileiros de simular” pelo maior número de faltas em partidas do Brasil na comparação com a Europa. “O brasileiro cai muito. Tem muita simulação, tenta enganar o árbitro. Olha a fama que o brasileiro já tem. Veja o que o Neymar tá sofrendo na Inglaterra por causa disso”, afirma.
O atacante da seleção tem sido vaiado pelos torcedores ingleses nos Jogos Olímpicos por supostamente simular faltas.
Confira a entrevista de Sérgio Correa ao UOL Esporte:
Muito se fala em crise na arbitragem brasileira por causa de erros recorrentes. Você concorda com as críticas?
Sérgio Correa: Na prática, o que acontece é que os clubes tentam transferir responsabilidade. A gente já está acostumado. É mais fácil para o dirigente colocar a culpa na arbitragem. Quando o erro é grosseiro, nós afastamos de pronto. Investimos na arbitragem e ela melhorou muito nos últimos anos. Você pega a tabela e verifica o aproveitamento das equipes. Determinado time tem 20% de aproveitamento. Quer dizer que os outros 80% são culpa de arbitragem?
Mas se a arbitragem melhorou na sua opinião, por que a imagem é tão ruim? Não são só os dirigentes que criticam.
Sérgio Correa: Aqui só se reclama da arbitragem. Todo mundo se levanta, protesta contra o árbitro, mas não contra político que faz coisa errada. Você vê torcedor jogando bola na cabeça de bandeirinha e comemorando como gol. É uma palhaçada, tá virando sacanagem. Futebol não é tão importante assim. Semana após semana é a mesma ladainha.
No que a arbitragem melhorou no Brasil?
Sérgio Correa: Melhorou e muito. Tenho dados estatísticos que mostram isso, desde 2008. Os erros são por milímetros, não erros de metros como eram antes. Tem mais câmeras, televisionamento em todas as três séries principais dos Campeonatos Brasileiros (A, B e C). A visibilidade é bem maior. Ouço gente dizendo que piorou. Isso é saudosismo. Estamos investindo em treinamentos. Semana que vem começa um período de testes para os principais 30 árbitros e 30 auxiliares. Faremos avaliações físicas, teóricas com instrutores da Fifa para acompanhar tudo. Estamos fazendo a nossa parte para que possamos melhorar a arbitragem e, quando a reclamação procede, nós afastamos.
Não é arriscado a CBF aceitar vetos de clubes a árbitros?
Sérgio Correa: Quando há erro, nós afastamos antes da reclamação. A imprensa diz que o arbitro de Grêmio e Bahia, por exemplo, foi punido após críticas da mídia. Não é verdade. No domingo mesmo, depois do jogo, mandei um e-mail relatando os erros e já avaliamos as medidas que foram tomadas.
Nota da redação: Após os jogo entre Grêmio e Bahia, Cláudio Francisco Lima e Silva e os auxiliares Cleriston Barreto Rios e Ivaney Alves ficaram fora dos sorteios por 30 dias. O trio cometeu pelo menos dois erros capitais na derrota do Bahia para o Grêmio por 3 a 1.
Na sua opinião, por que há tantas expulsões no Brasil?
Sérgio Correa: Se fala que tem muita expulsão aqui, mais do que na Europa. Mas tem mais faltas aqui também. Sabe por quê? Porque o brasileiro cai muito. Tem muita simulação. Olha a fama que o brasileiro já tem. Veja o que o Neymar tá sofrendo na Inglaterra por causa disso. É cultural, todo mundo acha que é malandragem e isso atrapalha a vida do árbitro.
Fonte: UOL