Pernambucano, Juninho aprendeu logo cedo a ser um apaixonado por futebol graças à sua mãe e irmãs, torcedoras do Sport, e a seu pai, vascaíno. Ainda garoto, começou a brilhar nas quadras de Recife, chegou até a dividir tarefas de craque e técnico de um time de seu condomínio, mostrando traços de líder aos 11 anos. Deixou o futsal, optou pelos gramados, conquistou o Rio, a França e o Qatar. E, hoje, 12 anos depois, volta à terra natal com sentimento de que cumpriu bem todos os ensinamentos do início de sua vida, pessoal e profissional.
Em entrevista exclusiva ao LANCENET!, Juninho, que jamais deixou de ser Pernambucano, admitiu que estar na Ilha do Retiro será como uma volta ao passado.
– Não tem como não pensar na minha vida, em como tudo começou na minha carreira.
Você consegue puxar na memória como foi seu último jogo em Recife?
Se não me engano foi em 2000, pelo Brasileiro. Foi um empate. Na verdade, nunca tive muita sorte em Recife desde que saí de lá. Mas é sempre especial, volto para onde tudo começou.
Nunca venceu? Será que não é praga de torcedores do Sport?
Não, acho que não (risos).
Voltar a atuar em Recife, após tanto tempo, tem um gostinho especial?
É muito especial. Principalmente na Ilha do Retiro. No gramado da Ilha fui campeão júnior, disputei meu primeiro Brasileiro. Lembro também que, ainda na escolinha do Sport, entrávamos em campo por dez minutos no intervalo das partidas do profissional. Assisti a tantos jogos da arquibancada também. Minhas irmãs me levavam ao estádio. Mas também eu nunca deixei de vir a Recife. Quando estava na França ou no Qatar, minhas férias eram em Recife, onde tenho casa. Ficava com meus familiares ou com os da minha esposa.
Por falar nos familiares, suas irmãs e sua mãe são mesmo torcedoras fanáticas do Sport. Para quem acha que será a torcida?
Elas gostam mesmo. E entendem, discutem futebol. Pelo que conheço do fanatismo, elas vão torcer pelo Sport. Minha mãe acho que não, vai falar o coração de mãe. Minha irmã mais velha talvez fique dividida.
E qual foi a importância de seus pais naquele comecinho de carreira?
Minha formação familiar foi fundamental. Sempre tive limites. A vida não foi fácil, mas sempre teve muita dedicação para fazer investimento na escola, somos cinco filhos. Me ajudaram a nunca escolher o lado errado. Desde pequeno, tinha bons exemplos, nunca vi brigas, nunca vi meu pai beber. Tento passar isso tudo para as minhas filhas também.
Daquele Juninho que começou pelo Sport para o de hoje, o que mudou?
Me tornei mais completo. Terminei minha formação no Vasco. Fiquei um ano e meio no profissional do Sport, depois saí. Volto mais experiente, mais rodado. Não vou dizer que me sinto realizado, até porque ainda quero conquistar algo mais na carreira. Mas tenho a sensação de dever cumprido. Feliz em voltar a Recife nessa situação, jogando bem, podendo ajudar, me sentindo bem. Talvez não imaginasse que estaria voltando assim.
Você chegou a jogar futsal em Recife. Não pensou em seguir nas quadras?
O ambiente no futsal era melhor. No campo, sempre foi vida ou morte. Eu passava nos testes, aí me colocavam para dar dez voltas no gramado, com sol de uma hora da tarde, sem água. Isso para um menino de 13, 14 anos. Aí sempre voltava para o futsal, que era mais organizado. Mas nunca fui apaixonado por futsal. Não tinha o mesmo prazer. Eu via os caras jogando no campo e ficava sonhando em estar lá um dia. Não acreditavam que eu ia conseguir jogar no campo, pois era pequeno, demorei para entrar na puberdade.
E você jogou até com Manoel Tobias?
Ele já era um dos melhores do Brasil. Era dinâmico, objetivo, competidor. Sempre foi uma referência para mim. Ficava no banco da Votorantim, pouco tempo depois, ele saiu. Mas sempre acompanhei sua carreira, é um grande jogador.