O ex-presidente do Vasco Eurico Miranda, comentou na última terça-feira a denúncia oferecida pelo MPF (Ministério Público Federal) contra ele e contra o Vasco da Gama por suposto crime ambiental. Para ele, os procuradores federais “estão querendo aparecer” e “deveriam procurar o que fazer”.
A denúncia é em virtude da poluição causada em um terreno doado ao Vasco pela União para a construção do centro de treinamento cruzmaltino em Duque de Caxias (RJ). O local foi utilizado como depósito de resíduos e detritos, o que levou à destruição significativa da flora. Considerada área de preservação permanente, o terreno sofreu degradação do manguezal e floresta.
A investigação sobre o caso começou em 2007, quando a Polícia Federal instaurou inquérito para apurar possíveis crimes ambientais cometidos pelo Vasco em áreas de preservação permanente. O MPF constatou a degradação do espaço, e Eurico Miranda, presidente do clube à época, assinou um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) se comprometendo a não realizar obras na faixa de proteção do manguezal, além de reflorestar o que já havia sido degradado. O documento também estabeleceu que o Vasco deveria cuidar para que a área não fosse mais degradada.
Em entrevista ao UOL Esporte, Eurico Miranda admitiu que o TAC não foi cumprido, mas afirmou que deixou de ter a responsabilidade de cumpri-lo quando passou a propriedade do terreno à prefeitura de Duque de Caxias, que atterou a área de mangue e construiu um hospital no local. “O MPF está com falta do que fazer. Eu assinei o TAC e não fiz nada mesmo, porque a propriedade do terreno foi cedida para a prefeitura de Duque de Caxias. Eles (MPF) devem cobrar o poder público”, disse o ex-dirigente.
Eurico Miranda reclamou ainda por ter sido informado do caso através da imprensa. “Ainda nem fui notificado, e os jornalistas ficam me ligando. O MPF usa meu nome para aparecer. Antes mesmo de me informarem oficialmente, já soltam o caso na imprensa”.
Na verdade, o terreno em questão não foi cedido à prefeitura de Duque de Caxias. É que o Tribunal de Contas da União considerou nula a cessão gratuita do terreno pela União ao Vasco, e o controle da área foi passado ao poder municipal. Mesmo após a decisão, porém, as obras do centro de treinamento avançaram para a área de manguezal, sem qualquer licença ambiental, de acordo com o MPF. A prefeitura de Caxias assumiu a construção após celebrar convênio com o Vasco. Posteriormente, um decreto da prefeitura designou o local como aterro de resíduos da construção civil, sem nenhuma autorização da União, proprietária do terreno.
A partir daí, o Vasco e Eurico Miranda entenderam que não tinham mais que cumprir o TAC, entendimento diverso do que possui o Ministério Público Federal.
Fonte: UOL