No mundo das grandes competições internacionais de futebol, a situação chega a soar fantasiosa, inimaginável. Um treinador soltando uma risada, destas espontâneas, logo após dizer que seu time precisa vencer a próxima partida. Ele próprio, nitidamente duvidando da possibilidade, diante do abismo de forças que, no papel, se faz prever para o jogo desta quarta-feira, às 10h30m (de Brasília), no estádio St. James Park, em Newcastle. Foi assim, com desconcertante franqueza, que se comportou o técnico da Nova Zelândia. À frente de um time que tem metade de jogadores amadores, alguns com outros empregos, ele se vê diante da seleção favoritíssima à medalha de ouro.
O inglês Neil Emblen até tentou falar seriamente.
— Vai ser difícil. Nós temos que ganhar... — afirmou, não conseguindo conter a risada em seguida, como se tivesse acabado de contar uma piada.
Não é exatamente o que espera Mano Menezes, técnico do Brasil. Para ele, a Nova Zelândia seria “um meio termo entre Egito e Bielorrússia”. Ou seja, nem tão atirada ao ataque, nem tão retrancada.
Emblen foi logo lembrado de que o Brasil poupará titulares.
— Sim, muito estimulante para nós. Eles deixam de usar jogadores de 30 milhões e usam os de 15 milhões — disse, achando muita graça.
— Ninguém está esperando nada. Vamos ver como o jogo se apresenta — emendou o goleiro Michael O’Keefe. — Só não adianta ter medo.
País só tem um clube profissional
De fato, não soa como medo, mas como a exata noção das limitações e possibilidades do time. Na Nova Zelândia, há apenas um clube profissional, o Wellington Phoenix que, por falta de uma liga profissional no país, disputa o campeonato da Austrália. Ou seja, jovens jogadores enxergam apenas uma possibilidade de emprego.
A falta de jogadores até 23 anos o fez convocar oito amadores na lista de 18. Um é estudante de Direito e outros jogam em universidades ou times amadores da Nova Zelândia. Dos profissionais, apenas o goleiro O’Keefe joga no país, no Wellington. Há dois jogadores na Segunda Divisão inglesa, muitos na Austrália e três bem sucedidos. O atacante Chris Wood e o zagueiro Ryan Nielsen estão na Primeira Divisão da Inglaterra, enquanto o atacante Barbarouses chegou ao Panathinaikos, da Grécia.
Em 95ª lugar no ranking da Fifa, a Nova Zelândia tem a segunda pior posição entre os que disputam as Olimpíadas, à frente apenas dos Emirados Árabes. Para o Brasil, o jogo vale o primeiro lugar do grupo e a permanência em Newcastle, nas quartas de final, sábado. Basta empatar.
Brasil x Nova Zelândia
Local: Estádio St. James Park, Newcastle
Horário: 10h30m (horário de Brasília)
Brasil: Neto, Rafael, Thiago Silva, Juan e Alex Sandro; Sandro, Rômulo, Lucas e Ganso (Oscar); Neymar e Pato
Nova Zelândia: O’Keefe, Hogg, Smith, Nielsen e Thomas; Payne, McGlinchey, Rojas e Smeltz; Barbarouses e Wood
Juiz: Papa Gassama (Gâmbia)
Fonte: Globo Online