Na onda das parcerias esportivas, ações de marketing e campanhas institucionais que invadem o futebol paraense, ao menos uma delas pode trazer ao Clube do Remo um grave problema com a justiça brasileira, e, além disso, a questão não envolve apenas jogador, como acontece normalmente no setor jurídico azulino, mas sim a agência responsável por fiscalizar e evitar propaganda enganosa, que teria por trás o interesse de dois dos grandes clubes do futebol nacional, Vasco da Gama e Corinthians.
O entrave começou quando uma iniciativa entre torcedores decidiu organizar um movimento que pudesse alavancar o futebol remista e, ao mesmo tempo, trazer de volta o torcedor, através de campanhas de doações, venda de produtos com o nome do clube, e, principalmente, a comercialização de um título, denominado de “República do Sangue Azul”, que tem caráter societário, com direito a venda de título, um documento fictício simulando um RG do torcedor e outras vantagens.
Para colocar em prática o projeto, a diretoria do Remo precisou concordar com os detentores da ideia e autorizar o seu início. Entretanto, ao aceitar a benesse, a própria presidência deixou claro que não está financiando nada, mas apenas permitindo a utilização da imagem do clube para a campanha, e mesmo sem saber, foi a decisão mais sensata a ser tomada, pois passados alguns dias chega à sede social uma cópia da ação movida pelo Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária), contendo reclamações do Corinthians e do Vasco da Gama, por se sentirem lesados com o uso indevido de campanhas publicitárias.
A princípio, o susto foi inevitável. Sem saber do que se tratava, os advogados do clube tomaram as devidas providências e foram atrás da explicação para tal medida severa. Ao saber do envolvimento dos organizadores no projeto “O Remo é meu”, o advogado e diretor jurídico, Ronaldo Passarinho elaborou a defesa com os argumentos acima, de que não há responsabilidade alguma do clube na promoção, administrada por um grupo de 10 torcedores e chefiada por André Anaisse.
SEM CULPA
A reportagem do caderno Bola procurou o advogado e vice-presidente do departamento jurídico do Remo, Ronaldo Passarinho, que foi categórico ao informar a inexistência de culpa do Clube do Remo. Segundo ele, o clube foi generoso em ceder a imagem à proposta do grupo de torcedores, mas não toma à frente e não tem responsabilidade pelo trabalho ou qualquer ligação de caráter intelectual, inclusive tem a garantia do autor do projeto em assumir a responsabilidade.
“O André Anaisse me telefonou dizendo que a responsabilidade é deles. A defesa do clube será baseada nisso, não temos oficialmente nada a ver. O Remo não corre risco algum, e não podemos impedir um movimento de torcedores, não podemos ser contra isso, mas a responsabilidade é deles. Eu até agradeci, porque acho que todos os esforços são bem vindos”, declara o diretor jurídico do Remo, que trabalha na defesa ao lado do advogado Thiago Coimbra.
Quem move a ação não é propriamente o Vasco ou o Corinthians, como se pensa, mas sim o Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária), responsável por evitar a veiculação de anúncios e campanhas de conteúdo enganoso, ofensivo, entre outros, incluindo o plágio, quesito no qual a campanha “O Remo é Meu” estaria enquadrada.
Sendo assim, a acusação parte dessa premissa, e o Vasco alegra que “O Remo é Meu” é uma cópia da campanha do time carioca, “O Vasco é Meu”, e as demais ações como RG e Certidão, incluídas no título da “República de Sangue Azul”, seriam propriedade intelectual do Corinthians. No entanto, o responsável pela campanha, André Anaisse, postou na página do Remo no Facebook, que está tomando todas as medidas para evitar problemas tanto ao clube quanto aos organizadores, e que ele e os demais encarregados pretendem continuar com a campanha em prol do Filho da Glória e do Triunfo assumindo todas as responsabilidades. A reportagem tentou localizar Anaisse, porém, até o fechamento da edição não foi possível estabelecer contato e os argumentos usados foram postados pelo próprio torcedor na página do programa, na rede social Facebook.
Fonte: Diário do Pará