Alecsandro: 'O meu negócio é botar a bola para dentro'

Sábado, 28/07/2012 - 08:02

Artilheiro da Copa do Brasil de 2010, do Campeonato Carioca e, atualmente, do Brasileirão. É com este status que Alecsandro reencontra neste sábado, às 18h30, no Estádio Beira-Rio (RS), o Internacional, clube pelo qual defendeu e saiu como um dos vilões pela eliminação no Mundial de Clubes de 2009.

Vivendo grande fase no Rio de Janeiro, o atacante deixou as vaias gaúchas para trás. Em São Januário, vem ganhando o carinho do torcedor e retribuindo com o que dele se espera em campo:

– Não sou um cara driblador, não sou um cara habilidoso. Tenho relativamente uma boa técnica, mas o meu negócio é botar a bola para dentro – diz, se auto-definindo goleador.

Porém, nem sempre a passagem de Alecsandro pelo Vasco foi um mar de rosas. No início, conviveu com a desconfiança dos cruz-maltinos, o que, para ele, tinha uma explicação:

– O Vasco teve atacantes como o Edmundo, que era driblador, o Romário, que é um cara muito técnico, o próprio Dinamite, que vinha de fora da área e fazia gols de falta. Então, o torcedor do Vasco acabou se acostumando com atacantes desse tipo.

Na opinião do camisa 9, depois de um tempo, os vascaínos passaram a aceitar seu estilo de jogo.

– Seria injusto do torcedor cobrar isso de mim. Cobrar de driblar, de fazer uma outra coisa que não seja próxima ali da área para fazer gol. Hoje o torcedor vem me entendendo, me cobrando por isso. Aí, sim, acho válido e assim eu aceito. A cobrança de fazer gols – comenta.

E se esta cobrança é aceita, os torcedores não vêm tendo motivos para críticas. Em 2012, já são 24 gols em 39 jogos, uma média de 0,67 por partida. Além da artilharia atual do Brasileirão, e das que conquistou em torneios passados, Alecsandro fez gols decisivos, como nas finais da Copa do Brasil e em cima dos três rivais do Vasco no Rio de Janeiro.

Sonhando com mais um título, Alecgol curte o momento de paz de um atacante que, apesar de sempre fazer gols por onde passou, convivia com uma ou outra contestação.

– É um momento feliz com a torcida que espero que possa durar. Talvez eu não seja tão carismático quanto outros jogadores, mas todos podem ficar sabendo que gosto muito do torcedor do Vasco.


Alecsandro espanta a maldição da camisa 9

Logo quando chegou ao Vasco, Alecsandro teve que superar um trauma que encontrou dentro do próprio clube: o carma da camisa 9 em São Januário.

Como a maioria dos ídolos na Colina brilhou com outras numerações, o atacante encontrou certa resistência quando pediu a que sempre se identificou.

– Lembro que quando cheguei, o pessoal ficou meio em dúvida se eu ia colocar a nove, porque muitos jogadores tinham dificuldade com ela – disse, depois citando exemplos de jogadores com outras camisas.

– O torcedor viu grandes jogadores como o Romário, que vestiu a 11, o Edmundo, que vestiu a 10, o Dinamite, com a 10... A 9 realmente é uma camisa que o torcedor do Vasco não gostava e, hoje, ainda bem, está passando a gostar. Isso é o que me deixa feliz – ressaltou.

Alecgol lembra que quando foi contratado, no início de 2011, encontrou uma situação totalmente adversa da que o time vive hoje.

– Saí de um time campeão da Libertadores (Inter) para vir para o Vasco, desacreditado por muitos e, em alguns momentos, nem sendo respeitado pelo tamanho que o Vasco tem. Hoje o Vasco voltou a ser o clube que nós conhecemos – destacou o artilheiro.

Bate-Bola com Alecsandro

Em entrevista exclusiva ao LANCE!

LANCE!: Como está se sentindo, atualmente, no Vasco?

Alecsandro: O momento realmente é muito bom. Estou muito feliz. É um clube que me recebeu de braços abertos.

LANCE!: Você vem fazendo no Vasco o que se espera: gols. Como encara este momento, onde é artilheiro do Campeonato Brasileiro?

Alecsandro: Me lembro de que quando o Rodrigo Caetano (ex-diretor-executivo do Vasco) me contratou, ele falou: “estou te levando porque sei que vou ter, pelo menos, 20 gols na temporada. Você é garantia de 20 gols no ano”. Isso me deixou extremamente feliz. Então, o que tenho de fazer é treinar e me concentrar para fazer os gols que o torcedor sempre esperou de mim.

LANCE!: Você já teve momentos marcantes com a torcida, como naquela homenagem ao Hugo, o menino deficiente visual. Ou quando foi aplaudido mesmo perdendo dois pênaltis. Isso ajudou na identidade?

Alecsandro: Nunca fui um jogador marqueteiro. Minhas comemorações são espontâneas. Não sou de puxar saco. Acho legal quando você tem aquele clima como no último pênalti que eu bati contra o Lanús (ARG), na Libertadores, que foi decisivo, lá fora, o torcedor estava lá e no momento eu subi no alambrado. É coisa que acontece.

LANCE!: Como se define como atacante?

Alecsandro: Sei lá. Artilheiro, finalizador, matador...

Atacante não sabe quantos gols tem

Apesar de balançar bastante as redes, Alecsandro surpreendeu ao revelar que não sabe quantos gols possui na carreira. De fato, nos sites especializados, há um confronto de informações, e o jogador já até chegou a pedir a ajuda da imprensa para fazer o levantamento.

Embora saiba que possui muitos, ele não arrisca uma previsão, mas, dando uma leve alfinetada nos concorrentes, prefere considerar somente os feitos como profissional.

– Se for falar só do período de profissional, hoje, com os recursos da mídia, você consegue fazer esse levantamento, mas se for pegar igual o pessoal aí, que está fazendo contagem até de amistoso, fica difícil.

Ainda que não tenha conseguido, até o momento, obter os dados, Alecgol já estabeleceu uma meta em sua carreira.

– Só com esses gols como profissional, já fico muito feliz. É um número expressivo, legal e espero que quando encerrar a minha carreira, possa chegar a uns 500 gols.

Pelo Vasco, já marcou 38 gols em 78 partidas. Ele costuma estipular, por ano, uma média de um gol a cada dois jogos.

Fonte: Lancenet