Este foi um mês de demonstrações de euforia dos botafoguenses por Seedorf, um candidato a ídolo em potencial. Multidão para recepcioná-lo no aeroporto, estádio cheio para a estreia e milhares de novos sócios. Nessa quarta-feira, no entanto, o holandês presenciou uma idolatria já consolidada - a da torcida do Vasco por Juninho Pernambucano.
Aos 37 anos, o meia cruz-maltino fez contra o Botafogo o seu quarto jogo em uma semana e meia. Atuou os 90 minutos e, no 86º, foi decisivo: brigou por uma bola no chão e deu assistência para Alecsandro fazer o gol da vitória por 1 a 0. Foi reverenciado após o apito final e ouviu os gritos de "é o nosso rei" e a música que faz referência a ele.
Juninho e Seedorf fizeram um duelo próximo. Ocuparam quase a mesma faixa do campo, embora o holandês - escalado mais pela esquerda - apresentasse uma movimentação ofensiva mais intensa, de um lado a outro do campo. O vascaíno atuava do centro para o lado direito.
No entanto, ambos comandavam seus times, com a bola nos pés e na base da conversa, acertando o posicionamento dos companheiros. Com lançamentos precisos, ditavam o ritmo do jogo na busca pela vitória. O respeito entre eles era nítido. No fim do primeiro tempo, Seedorf ficou à espera de Juninho, que interpelou o árbitro Wagner Magalhães antes de deixar o gramado. Eles trocaram suas camisas, num ato simbólico de admiração mútua de dois representantes do bom futebol.
- Foi bom o reencontro com o Seedorf - disse Juninho, que o enfrentou pelo Vasco, na final do Mundial Interclubes de 1998, e pelo Lyon contra o Barcelona, na Liga dos Campeões. - Os dois estão conseguindo jogar, se movimentar. Ele está melhor do que na estreia, infelizmente para nós.
No segundo tempo, Seedorf passou a ser uma arma importante do Botafogo para melhorar a qualidade da saída de bola e na retomada de posse de bola para os contra-ataques. Juninho se mostrava aguerrido e corria para ajudar o time a se superar na marcação.
Aos 30 minutos, o técnico Oswaldo de Oliveira substituiu Seedorf, ainda em fase de adaptação, por Fellype Gabriel. Cristóvão sequer cogitou tirar Juninho, o que acabou sendo determinante para o resultado final e a conquista da liderança do Campeonato Brasileiro, pelo menos até o fim do jogo entre Atlético-MG e Santos, nesta quinta-feira.
- O primeiro jogo era especial, tinha uma carga diferente. Já estou melhor. Quero crescer a cada jogo - afirmou Seedorf, de 36 anos.
Quando o jogo caminhava para o empate por 0 a 0, Juninho teve participação decisiva na conquista da vitória. Ao receber lançamento de William Barbio, ganhou no corpo a jogada de Lucas, mas caiu no chão. Ainda assim, levou a melhor na dividida com Antônio Carlos ao prender a bola com os dois pés, mesmo caído, e conseguiu fazer o passe para Alecsandro fazer o gol. Festa para o Reizinho. Decepção para Seedorf.
Fonte: GloboEsporte.com