Uma equipe técnica do Ministério Público Estadual fez diligência ontem na casa que abrigou o garoto Wendel, que morreu em fevereiro quando estava em avaliação nas categorias de base do Vasco. O MP constatou o acolhimento irregular de jovens na residência da Rua Ferreira Araújo, na ladeira ao lado do estádio de São Januário. O próximo passo é entrar com ação contra a recepção de menores de idade no local.
O psicólogo Saulo Oliveira e a assistente social Marcia Nogueira chegaram na casa pouco depois de meio-dia, mas a dona da casa, Elisete, estava na outra residência que recebe meninos em teste para o Vasco e outros clubes. Do outro lado, funciona um restaurante self-service, onde ainda é possível ler “Pensão Gama” no toldo.
- A visita técnica apontou preocupação com a situação temerária com que os garotos ficam naquela casa. A dona do local não tinha nenhuma documentação dos garotos e não soube dizer nem mesmo quantos estão morando lá. Na hora, havia dois meninos de 17 anos lá e o MP não tem segurança de que eles estão frequentando escola - disse a promotora Clisanger Ferreira, da Promotoria da Infância e Juventude, que recebeu algumas informações preliminares do local e acompanha o caso ainda antes da morte de Wendel.
Segundo Clisanger, o MP não viu ligação do Vasco com o esquema, que chega a cobrar até R$ 500 por mês dos alojados. No Jogo Extra, de 11 de junho, na série Raiz do Futebol, porém, os responsáveis diziam ser indicados por funcionários do clube. O Vasco negou ter conhecimento e não se responsabilizou por atletas fora do Vasco.
O Ministério Público Estadual deve receber nos próximos dias um relatório completo da visita da equipe técnica para “entrar com medida judicial cabível”.
- O que acontece ali não parece ser um caso isolado - comentou a promotora, que pediu interdição do CT de Itaguaí (já liberado por liminar do Vasco) e ainda assinatura do Termo de Ajustamento de Conduta com o clube de São Januário.