Melhor em campo, com defesas milagrosas no último lance da vitória do Vasco sobre o Atlético-GO, este domingo, em São Januário, Fernando Prass quer agarrar mais quatro anos, pelo menos. No início desse ano, ele completou 135 jogos seguidos e ficou a 20 partidas de bater o recorde do ex-lateral Wladimir, do Corinthians. No cardápio da sua longevidade não há tanto rigor como no de um companheiro de time, três anos mais velho.
- Observo tudo que o Juninho faz. Um cara da idade dele jogar assim ainda é porque tem algo de diferente. Se não, todos outros ainda estavam nesse nível - diz o goleiro, que mudou alguns hábitos alimentares por influência do camisa 8. Mas manteve alguns vícios.
- Sempre evitei comer gorduras, mas parei de beber refrigerante. Mas não sou que nem o Juninho que fica o ano inteiro sem comer doces. Eu sou viciados em chocolate. Como três, quatro vezes por semana.
Outro hábito que Prass não abre mão é de tomar bebida alcóolica vez ou outra. Sem hipocrisia e sem exageros, ele não vê mal algum.
- Bebo mais vinho, mas também uma cerveja no fim de semana, quando tem folga domingo, no churrasco em casa. Com equilíbrio não há problemas. Não pode é entrar para dentro da garrafa - alerta.
Enquanto não define o que pretende fazer fora do futebol - embora tenha experiência no ramo gastronômico na família (o pai do goleiro tem restaurante há sete anos em Florianópolis), ele garante que não vai ser técnico. Dirigente é uma possibilidade que pensa com carinho. Acostumado a vida no Rio, Prass vai sair do aluguel nas próximas semanas. Ele comprou apartamento na Barra da Tijuca no mesmo prédio onde mora com a mulher e os dois gêmeos, seis andares acima do apartamento atual. Os filhos, que nasceram em Portugal, adoraram a aquisição.
- Eles adoram o Rio. Nasceram em Portugal, adoram esse calor daqui. Também gosto muito. A única coisa que não consigo aguentar nos cariocas é aquela coisa de horário. Se o programa é às 20h, tenho que marcar pelo menos meia hora antes - diverte-se o goleiro, que lembra com carinho de cada passagem na carreira.
Começo com Danrlei e Celso Roth no Grêmio
Gremista na infância, ele e o pai, sócios do clube, viram o time ser campeão da Copa do Brasil em 1989 - gols de Cuca e Assis, contra o Sport.
- Ia muito para o estádio, mas às vezes dormia. Por causa do frio, ficava brincando com a fogueira que a gente fazia na arquibancada.
Aos 11 anos, observado por olheiro do Grêmio, ele foi parar no tricolor gaúcho. Foi quarto reserva quando chegou aos profissionais, na época que Danrlei era absoluto.
- Tinha 19 anos, o Celso Roth era o técnico, me chamou e disse que era melhor mudar o cabelo, porque tinha cara de maluco."O Danrlei já tem fama de maluco. Mais um não precisa" - lembra Prass, que usa o mesmo moicano de Neymar desde os tempos de Portugal. Mas escuta algumas brincadeiras com o inusitado corte para um goleiro que tem um lema nada parecido com o “ousadia e alegria” do craque santista.
- Juninho outro dia me disse que daqui a pouco não vou mais conseguir fazer isso (o moicano). Verdade… Tento ajeitar de um lado, do outro, até para disfarçar a idade.