Entrevistamos Fábio Emílio, o mais novo talento da tradicional família Emílio que atira no Rio de Janeiro há muitas décadas. Nesta entrevista, ele nos fala de seu momento atual, de seus planos para Rio 2016 e traça um panorama do momento do Tiro com Arco no Rio de Janeiro.
ER: Fábio, como você entrou no esporte? Foi influência do seu pai, o também arqueiro Renato Emílio?
FE: Comecei no esporte vendo meu pai e meu avô atirando no quintal de casa.
ER: Com quantos anos você começou no Tiro com Arco e com quantos anos começou a competir?
FE: Aos oito anos foi quando comecei a brincar com o arco e aos 12 anos foi meu primeiro campeonato importante - o Campeonato Brasileiro infantil.
ER: Quais os principais títulos de sua carreira? E qual deles foi o que mais te marcou e por quê?
FE: Os principais títulos para mim, sem dúvida foram os de níveis internacionais, pois a disputa era bem maior: terceiro colocado individual no Pan-Americano de arco e flecha, na Venezuela 2008; segundo individual e campeão por equipe nos Jogos Sul-Americanos de 2006, pois eu era novo na época; dentre outras.
ER: O que faltou para você se classificar para Londres 2012?
FE: Para as olimpíadas de Londres, a seletiva foi diferente, tendo uma só competição, e apesar de ser um dos principais atletas cogitados para ir, não atirei bem. Demorei muito tempo para “entrar” na competição. Talvez teria que ter aquecido um pouco mais antes de competir, pois demorou para cair a ficha que estava em uma seletiva. Normalmente, em outros países existem mais de uma seletiva para essas competições.
ER: É correto afirmar que seu objetivo maior agora é Rio 2016? O que você fará de diferente se classificar para os Jogos do Rio?
FE: O projeto maior seria Rio 2016, mas antes vêm outras competições importantes, onde ajuda muito na sua auto-estima e crença para chegar bem em 2016. Principalmente de um ano para cá que me dedico exclusivamente por meu esporte, dependemos de competições importantes como, copa do mundo, pan-americanos e outras para levantar seu nível.
ER: Você trocou recentemente o Vasco da Gama pelo time do Centauro Evokar. Por quê?
FE: Apesar de toda minha família ser vascaína, nós já fizemos muito pelo Vasco no esporte, mas parece que o Vasco vem com dificuldade nos esportes amadores. Daí eu e meu pai pensamos em criar um clube nosso, onde podemos nos dedicar só a ele, e divulgarmos mais nosso nome. A Evokar já existia com projetos na área de Vôlei de Praia, se não me engano, e uma aluna “atleta” do meu pai, fazia parte desse projeto Evokar. Então, recebemos um apoio para criar essa equipe.
ER: Qual a estrutura que o Centauro Evokar te disponibiliza?
FE: Como o Centauro Evokar é um clube novo, onde temos atletas de alto nível, o pessoal se dedica bastante para crescermos juntos. Os alunos acreditam bastante no técnico “Renato Emilio” (ex-atleta olímpico e ex-técnico da equipe do Brasil). Como todos os esportes amadores têm muitas dificuldades, ainda não conseguimos um campo fixo para treinarmos. mas então a Evokar fica no apoio e marketing da equipe.
ER: Onde você treina agora?
FE: Hoje, eu moro em Campinas (SP) com a equipe brasileira e treino na Espcex, Escola preparatória de cadetes do exercito.
ER: Você representava um clube, o Vasco, que não tinha estrutura para treinos e competições de Tiro com Arco. Não era estranho isso, treinar em um clube e competir por outro?
FE: Eu sempre fui atleta do Vasco e competia pelo Vasco. Nós não tínhamos campo para treinar como sempre foi na minha vida de arqueiro. Normalmente treinávamos em casa e às vezes arrumávamos campos provisórios.
ER: Com sua saída e também a de seu pai, o Vasco da Gama não tem mais Tiro com Arco. Você fica triste com isso?
FE: Fico bastante, pois víamos que na época que meu avô era técnico do Vasco, há uns 40 anos atrás, ele tinha cerca de 200 atletas e hoje nenhum, como outros clubes cariocas.
ER: Como você vê o Tiro com Arco no estado do Rio de Janeiro?
FE: Hoje em dia, parece que está melhorando. Pois, quando se olha em uma linha de tiros e existem mais atletas, significa que está crescendo. O que me preocupa é a falta de divulgação do esporte. Poderíamos ter bem mais atletas....
ER: Até os anos 70, os clubes de massa (Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco da Gama) não apenas competiam neste esporte, como também ofereciam escolinhas para formar novos atletas. Faz falta ao Tiro com Arco do Rio não ter estes clubes?
FE: Com certeza! Parece que só vemos outros estados crescendo. Às vezes me pergunto o porquê é tão difícil para um esporte como este crescer. Já foi muito grande. E em outros países o arco e flecha é muito popular, além de ser um esporte muito bonito também. Sabemos que falta marketing e dinheiro para o esporte crescer.
ER: Se um clube fosse hoje investir no Tiro com Arco olímpico, construindo um estande e comprando arcos, flechas e equipamentos para professores e alunos, você tem idéia de quanto custaria?
FE: Não tem como dar o custo de cabeça, mas isso é um cálculo simples. Não precisamos de materiais tops de linha. Temos coisas nacionais boas e baratas para começar, dentre outras coisas.
ER: Gostaria de deixar um recado final para a torcida brasileira?
FE: Que todos que puderem assistir ou experimentar o esporte vão gostar! E que acompanhem o esporte e os atletas brasileiros de tiro com arco que estão defendendo bem o nosso País. E que em 2016 viremos a estar entre os melhores! Um forte abraço a todos.