Um início de ano regular e recheado de críticas por defender poucos pênaltis e protagonizar algumas falhas. Bastou começar o Campeonato Brasileiro para o goleiro Fernando Prass dar a volta por cima no Vasco. Em oito rodadas, defendeu duas penalidades e foi fundamental em resultados do time. Segundo Carlos Germano, ídolo e preparador de goleiros do Cruzmaltino, a boa fase do camisa 1 tem uma meta de pontos estipulada pela dupla, o exemplo do veterano Marcos Assunção – campeão da Copa do Brasil pelo Palmeiras – e até a entrada em campo com um chiclete da sorte.
Desde 2009 na Colina histórica, Prass teve mais alegrias do que decepções. Fez parte da campanha que trouxe o Vasco de volta ao grupo de elite do futebol brasileiro e também conquistou a Copa do Brasil no ano passado. No entanto, busca se livrar dos questionamentos frequentes sobre as saídas de gol e desempenho nas penalidades – cinco defendidos em 40 cobrados. As oito primeiras rodadas da competição nacional começaram a modificar o panorama.
“Esse tipo de situação acontece quando o cara faz uma temporada anterior muito boa. O ano de 2011 foi excelente para o Vasco e para o Prass. Vivi muito isso em 97, 98 e 99. A cobrança sempre aumenta quando o goleiro se destaca. O torcedor não admite ver o jogador abaixo do que já apresentou. Por isso, a porrada ocorre e o cara precisa estar preparado para recebê-la. Jogar aqui não é fácil, a torcida é muito exigente e sei disso melhor do que ninguém", analisou Carlos Germano.
O ponto mais questionado era o baixo aproveitamento nas penalidades. "Pintaram questionamentos em relação aos pênaltis e a cobrança aumentou. O torcedor acreditou muito nisso. É lógico que seria excelente se ele pudesse defender todos os pênaltis marcados contra o Vasco, mas as coisas não funcionam dessa maneira. É preciso tempo. Ele está no caminho”, completou Germano.
Dono de inúmeros títulos com a camisa 1 do clube de São Januário, o preparador de goleiros é conselheiro e amigo de Prass. Os dois até já se enfrentaram antes de o primeiro abandonar a carreira.
Germano revelou pontos importantes para o retorno da boa fase do pupilo, que pode ser responsável direto pelo desempenho final da equipe no Campeonato Brasileiro. Segundo o preparador de goleiros, a meta particular de pontos é o principal fator motivacional no momento para Prass.
“Temos algumas metas. Uma delas é sobre a pontuação na competição. O Fernando Prass vai nos ajudar a somar na faixa de 16 a 20 pontos. Isso diretamente ligado ao desempenho dele em cima de atuações fundamentais nas 38 rodadas. Algumas já aconteceram, casos do jogo contra o Grêmio (2 a 1 para o Vasco) e o empate com o Figueirense (1 a 1). São partidas difíceis e que a intervenção do goleiro é direta para o resultado. É uma análise que o motiva cada vez mais”, revelou.
Também questionado em alguns momentos da carreira, Germano passou o exemplo de Marcos Assunção. Veterano, o jogador foi o principal destaque do Palmeiras na campanha do título da Copa do Brasil. Tudo para mostrar ao atual camisa 1 a sua importância no elenco, já que se trata de um atleta experiente e um dos líderes do grupo vascaíno.
“O grande exemplo é o Marcos Assunção lá no Palmeiras. O cara é altamente decisivo e ano passado queriam que fosse embora. Disseram que não servia mesmo sendo um dos artilheiros do time e líder em assistências. Esse ano levantou a Copa do Brasil sendo decisivo como acontece no futebol. Oscilar é uma coisa normal e o Prass é totalmente consciente disso. Ele, Juninho, Felipe e Diego Souza são as referências do Vasco. São jogadores capazes de se reinventar em cima das críticas. São eles que precisam de cobranças, pois têm caixa para isso”, comentou.
Comum no futebol, o lado folclórico não ficaria de fora da trajetória do goleiro em São Januário. Prática corriqueira de atletas nos mais variados esportes, mascar chiclete antes e até durante os jogos faz parte da atuação de Fernando Prass. Levando na brincadeira e adotando um tom sério na sequência, Carlos Germano abordou o ritual do pupilo.
“Ele tem que se achar sempre. O goleiro precisa entrar em campo mascando chiclete e garantindo que ninguém vai fazer gol nele no dia do jogo. Tem que ser assim mesmo, sem medo de nada. Vai ver o segredo está no chiclete (risos). Mas vejo que ele próprio se critica de forma muito coerente. O Prass é preocupado com horários e jogos. É normal para quem tem um compromisso com a torcida. Às vezes, o torcedor acha que está tudo bem, mas ele me diz que poderia ter defendido de outra maneira. Tem momentos que ninguém percebe, mas nós guardamos as conversas para tentar crescer”, encerrou.
Fonte: UOL