Qual torcedor carioca não se lembra daquele senhor que arrancava aplausos ao fazer inúmeras embaixadas antes dos jogos no gramado do Maracanã? Pois é. Aos 85 anos, Jankel Schor sente saudades do tempo em que era ovacionado de pé e sonha estar presente na reabertura do estádio, que tem previsão de ser entregue em fevereiro de 2013. Além disso, o salário mínimo da aposentadoria não tem mais o adicional de R$ 70 por cada exibição.
- Sinto muita saudade. Me lembro como se fosse hoje quando o estádio fechou. Um diretor veio me dizer que meu trabalho se encerrava naquele momento. Foi triste, pois fiquei dez anos no Maracanã e ganhava R$ 70 por cada apresentação. Gastava R$ 30 com o táxi. Sobrava R$ 40. Mesmo assim, era feliz. Vou tentar um contato com o Eduardo Paes (prefeito do Rio de Janeiro e ex-presidente da Suderj), que me ajudou na época, para voltar na reabertura. Tenho uma história bonita - disse.
Nascido na Russia, Jankel chegou ao Brasil com apenas cinco anos de idade. Desde então, sonhava brilhar nos campos de futebol e chegou a jogar pela equipe do Confiança, do bairro do Andaraí, no Rio de Janeiro. Mas foi fazendo embaixadinhas que acabou ganhando fama no futebol carioca.
Ajuda do amigo Edmundo
Tudo começou através de um pedido do ex-jogador Edmundo, em 1998. Os dois se conheciam das partidas de futevôlei na praia de Copacabana, e Jankel aproveitou um evento do Vasco para se aproximar de Eurico Miranda. O ex-presidente o convocou no mesmo dia.
- Brincava de futevôlei em Copacabana. Um certo dia, teve uma festa do Vasco na praia. Pedi ao Edmundo, que já me conhecia, para me apresentar ao Eurico. Fui até ele e disse que gostaria de fazer uma exibição em São Januário. Me deu uma chance na mesma noite, pois o Vasco tinha um jogo. Me arrumei e fui para o estádio. Chegando lá, acabei sendo barrado por um diretor que não acreditou que eu estava a convite do Eurico. Quando já estava desistindo, passou um capitão da PM e me reconheceu da praia. O cara me salvou. Entrei e tudo começou. Fiquei dois anos no clube - disse ele, que chegou a viajar com a delegação vascaína para a disputa do título mundial contra o Real Madrid em Tóquio (derrota brasileira por 2 a 1).
- Pedi para viajar. O Eurico me levou, mas não consegui me apresentar no gramado. Os seguranças me tiraram. Os japoneses são exigentes.
Botafogo pode abrir as portas do Engenhão
Sem convites para voltar, Jankel espera uma oportunidade para se apresentar no Engenhão, que é administrado pelo Botafogo. Depois de bater bola com Deco em sua apresentação no Fluminense, o russo sonha encontrar agora o holandês Seedorf.
- Eu estava na abertura do Engenhão. Gostaria de voltar para lá. Eles me conhecem. Quem sabe não bato uma bola com o Seedorf? Fiz na apresentação do Deco. Seria maravilhoso poder voltar. Hoje, faço minhas embaixadas na praia do Leblon, mas não é a mesma coisa. Tenho 85 anos, estou próximo de fazer uma cirurgia para retirar um câncer de pele e um convite seria muito importante para a minha vida.
O departamento de marketing do Botafogo informou que planeja convidar Jankel para fazer algumas exibições ainda nesse Campeonato Brasileiro. Segundo o clube, ele é um símbolo do futebol carioca e precisa ser lembrado.
Fonte: GloboEsporte.com